Eu danço na solidão
sem chão de giz algum,
resta-me a poeira suja
como só os mortos conhecem...
Entre corredores antigos
onde o seu silêncio
é como um tiro certeiro
que fere, mas não mata...
Em ruas desertas
como um cachorro sem dono
cata restos de comida
e acaba não encontrando...
Pássaro noturno talvez
imerso na minha escuridão
sem precisar de mais outra
que me esconda de meus erros...
Danço naquela praça vadia
que os meninos foram embora
porque a chuva de lágrimas
fez todos eles correrem...
Eu danço nessa solidão
com o barulho das máquinas
e com o frenesi dos carros
vamos todos enferrujar (!)...
Será um maracatu ou um frevo?
Estarei dançando uma catira?
Ou apenas uma velha ilusão
Que dói mais que um tango?
Eu danço na solidão
Não como quem vai morrer
Mas como quem já morreu...
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