quinta-feira, 9 de março de 2023

Eu Danço


Eu danço na solidão

sem chão de giz algum,

resta-me a poeira suja

como só os mortos conhecem...

Entre corredores antigos

onde o seu silêncio

é como um tiro certeiro

que fere, mas não mata...

Em ruas desertas

como um cachorro sem dono

cata restos de comida

e acaba não encontrando...

Pássaro noturno talvez

imerso na minha escuridão

sem precisar de mais outra

que me esconda de meus erros...

Danço naquela praça vadia

que os meninos foram embora

porque a chuva de lágrimas

fez todos eles correrem...

Eu danço nessa solidão

com o barulho das máquinas

e com o frenesi dos carros

vamos todos enferrujar (!)...

Será um maracatu ou um frevo?

Estarei dançando uma catira?

Ou apenas uma velha ilusão

Que dói mais que um tango?

Eu danço na solidão

Não como quem vai morrer

Mas como quem já morreu...

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