quinta-feira, 9 de março de 2023

Alguns Poemetos Sem Nome N° 229

Misturo todas as palavras

Como quem mistur'as folhas caídas

Vórtices de sonhos caídos no chão

pois não...?

Uso minhas mãos paralisadas

Para todos os fragmentos

Pequenos pingentes in'existentes

pois não...?

Grito pelas manhãs caladas

Acordando cães sonolentos

Do último sono que ainda falta

pois não...?


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Falsas palmas ecoando...

Sorrisos estratégicos...

De um povo desencontrado...

A noite se aproxima...

Corpo cairá no chão...

O ator errou sua fala...

Eis seu novo mérito...

Tudo agora é apenas banal...


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Não vim de lugar algum...

Estrela nenhuma conhece minha origem...

Nuvem alguma presenciou meu nascimento...

Nenhum suspiro apaixonado me deu vida...

Não fui efeito de algum sonho desperto...

Não pulei de um verso e caí no chão...

Nem todas as ruas da cidade me conhecem...

Não provei todas as bocas existentes...

Não naveguei em todas as águas...

E irei apenas em uma direção...

Não vim de lugar algum...


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A tela já não é mais minha

Talvez nunca tenha sido

Apenas estava enganado...

Nenhuma cor contida lá

Foi por mim conhecida

Apenas estava enganado...

As palmas não serão para mim

As vaias é que logo virão

Apenas estava enganado...

Eu pensei até que existia

E que os sonhos eram meus

Apenas estava enganado...


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Rebentô caiu no chão

Quebrô num tem conserto

Que nem o aperto

Aqui no coração...


Chegô agora atrasado

Ou chegô muito cedo?

Tenho tanto amadrugado

Com muito medo...


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Vento vem, 

vento sem nome,

sem documento,

só lenço acenando turvos dias

quase inteiros,

vento miúdo tamanho de todos,

boneco e bonecos de Olinda,

vento recado,

sem esperança ou com,

vento meu sem dono,

vento vem...


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Asas pesadas de chumbo e vidro,

Ícaro feito às avessas 

sem sol que o mate...

O sol se aposentou,

ele cairá lá de cima

pelos projéteis que riscam os céus...

Asas sintéticas que não sabem voar,

drone malvado sem nuvens

sem sol e sem sal também...


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