segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 94


Se me perguntarem 

porque ando,

eu não sei...

Se me perguntarem

porque insisto,

também não...

Os pés já estão feridos

com feridas absolutas,

dessas que não fecham...

O suor escorre da testa,

entra nos olhos

e queima junto às lágrimas...

Se me perguntarem

porque ando,

eu não sei,

pode ser por 

simples força do impulso...


...............................................................................................................


O medo da morte ficou lá atrás,

numa curva qualquer

velando o cadáver dalgum sonho...

A tristeza de ficar velho foi embora,

junto com a vaidade

que já pediu as contas há muito tempo...

O desengano de não ter amor,

não consegue me ferir mais

me viciei com certos espinhos...


...............................................................................................................


O tiro se desviou e não foi por sorte,

foi apenas maldade do tempo

que quis me castigar mais e mais...

A doença queria me aniquilar de vez,

mas o destino chegou e disse:

- Agora não! Deixa sofrer ainda!

A minha memória tentou me aliviar,

fazendo que eu esquecesse velhas histórias

e agora me pergunto: Quem sou eu?...


...............................................................................................................


Um tic-tac diferente enche o ar

sufocante ser que nos sufoca

Eu engulo pedras

como qualquer condenado

E me satisfaço agora

com menos nada do que antes

Certeiras miras nos espaços

como noites que nem vi passar

Onde estão os pirilampos?

Esconderam-se em estrela qualquer

Lantejoulas não brilham mais

no vermelho da minha fantasia

Um tic-tac diferente enche o ar

é um marca-passo acabando a bateria...


...............................................................................................................


A carne não é culpada pela tristeza

os espinhos simplesmente estavam lá

A incerteza é nossa única certeza

e nós podemos apenas chorar...


Os versos é tudo aquilo que nos resta

o vento leva as folhas pra lá e pra cá

Toda vida acaba num final de festa

e nós podemos apenas chorar...


...............................................................................................................


Eu vejo a vida como uma serpente

que rasteja na areia quente

esperando um pé para picar...

Eu vejo a ilusão como um veneno

aguardando num frasco pequeno

a hora de nos matar...

Eu vejo o amor como uma fera

que na tocaia no espera

vai nos engolir sem mastigar...


...............................................................................................................


Espirais de fumo

sobem tranquilas

até chegarem ao céu

eu não quero mais nada

espero em silêncio

porque o grito morreu

antes de sair da boca

Bando de nuvens

passeiam até cansarem

e se jogarem 

em abismos líquidos

alguns dias sim

alguns dias não

tristes ou alegres...


...............................................................................................................


Minha única certeza

é a incerteza

Meu amor

recebe ódio de volta

Essa é a vida

é tudo que temos

Meu choro 

é riso de alguns

Bondade?

Isso não é coisa nossa...


...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...