Se me perguntarem
porque ando,
eu não sei...
Se me perguntarem
porque insisto,
também não...
Os pés já estão feridos
com feridas absolutas,
dessas que não fecham...
O suor escorre da testa,
entra nos olhos
e queima junto às lágrimas...
Se me perguntarem
porque ando,
eu não sei,
pode ser por
simples força do impulso...
...............................................................................................................
O medo da morte ficou lá atrás,
numa curva qualquer
velando o cadáver dalgum sonho...
A tristeza de ficar velho foi embora,
junto com a vaidade
que já pediu as contas há muito tempo...
O desengano de não ter amor,
não consegue me ferir mais
me viciei com certos espinhos...
...............................................................................................................
O tiro se desviou e não foi por sorte,
foi apenas maldade do tempo
que quis me castigar mais e mais...
A doença queria me aniquilar de vez,
mas o destino chegou e disse:
- Agora não! Deixa sofrer ainda!
A minha memória tentou me aliviar,
fazendo que eu esquecesse velhas histórias
e agora me pergunto: Quem sou eu?...
...............................................................................................................
Um tic-tac diferente enche o ar
sufocante ser que nos sufoca
Eu engulo pedras
como qualquer condenado
E me satisfaço agora
com menos nada do que antes
Certeiras miras nos espaços
como noites que nem vi passar
Onde estão os pirilampos?
Esconderam-se em estrela qualquer
Lantejoulas não brilham mais
no vermelho da minha fantasia
Um tic-tac diferente enche o ar
é um marca-passo acabando a bateria...
...............................................................................................................
A carne não é culpada pela tristeza
os espinhos simplesmente estavam lá
A incerteza é nossa única certeza
e nós podemos apenas chorar...
Os versos é tudo aquilo que nos resta
o vento leva as folhas pra lá e pra cá
Toda vida acaba num final de festa
e nós podemos apenas chorar...
...............................................................................................................
Eu vejo a vida como uma serpente
que rasteja na areia quente
esperando um pé para picar...
Eu vejo a ilusão como um veneno
aguardando num frasco pequeno
a hora de nos matar...
Eu vejo o amor como uma fera
que na tocaia no espera
vai nos engolir sem mastigar...
...............................................................................................................
Espirais de fumo
sobem tranquilas
até chegarem ao céu
eu não quero mais nada
espero em silêncio
porque o grito morreu
antes de sair da boca
Bando de nuvens
passeiam até cansarem
e se jogarem
em abismos líquidos
alguns dias sim
alguns dias não
tristes ou alegres...
...............................................................................................................
Minha única certeza
é a incerteza
Meu amor
recebe ódio de volta
Essa é a vida
é tudo que temos
Meu choro
é riso de alguns
Bondade?
Isso não é coisa nossa...
...............................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário