sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 97



O vento zunia baixinho lá fora
Fazendo uma madrugada medrosa
Onde estrelas se escondem
E bichos da noite se recolhem...
Até as almas já dormem...
O amanhã nunca se saberá...
As estrelas davam-se por tímidas
Escondendo seus rostos nas nuvens
Como os que fecham os olhos
Para nunca mais encarar o espelho...
A paisagem existente é triste...
Assim como a tristeza é...
Só eu vago em minha insônia
Como um fantasma de um passado...

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Sinto muito
não olhar mais para o alto
é que a impossibilidade
de ir até as nuvens
acaba me irritando
saber que contar o tempo 
é um exercício inútil
acaba me entristecendo
e há muito que não é bom
nem ficarmos comentando
o óbvio dispensa
quaisquer cerimônias

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Não é bom
esquecer que lembrou de esquecer
ou ainda
lembrar que esqueceu de lembrar
Nem todas as palavras certas
moram em bocas
ou descansam em mentes
Tudo muda a forma
nada mais que isso
o vive-versa anda e muito
tenha certeza
A modernidade não é um sonho
apenas um pesadelo bonito
tenha certeza disso...

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Eu canto 
sem encanto
Os sonhos repetidos
agora saem 
de bocas caladas
Um funeral por vez
por favor
A porta se fechou
e a janela já estava
isso incomoda
Mas verdades
foram assim feitas...

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Uma estrela arrancada com as mãos
da mais distante das galáxias
Uma razão para querer continuar
mesmo com os pés muito machucados
Uma loucura quase beirando à sanidade
mesmo que o amor não prove nada
Eu sou aquele que não tem época nenhuma
e perdido estou nestas dobras de tempo

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O maior dos pulos
ou o maior dos sonos -
agora tanto faz...
Se não há mais poesia
eu faço com os loucos -
discursos sem nexo...
O menor dos gestos
ou quase nenhuma cor -
todo pedido é inútil...
Um soco sem direção
acertando a fantasia -
eis a minha escuridão...
Não sou como tantos aí
que inventam dores -
eu as transcrevo até o fim...

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Barulho de goteira
irritâmcia contumaz
Amanheci com olheira
crivado de tanto-faz
Foi na noite passada
eu contava segundos
Eu faltava escada
pra ir à outros mundos
O frio esfriou a alma
feito ferida insistente
Não sei se é trauma
de corpo ou de mente
O sol aparece no dia
Por que apareceu?
Já não há alegria
essa na noite morreu
Barulho de goteira...

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O impossível está aí
com seus passos miúdos
e sua velocidade acentuada
Vem acompanhado da surpresa
visitar o insólito e o absurdo
que estão morando juntos

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a primeira vez que foi a última
a última vez que foi a primeira
minha mente claudicando
em pulos mais excepcionais
meu amor que é desamor
falo sério sempre brincando
em rimas de improbabilidade
coloquei meu chapéu nas nuvens
para ter o ensejo de buscá-lo
parado em constante movimento
danço tango com a mais nova 
de todas as carpideiras 
que vieram em meu funeral
não há réquiens suficientes
e no meu bolso bandidas ilusões

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