sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Ferido

Andar por ruas que não quero

Ter o resultado que não espero

Um sonho abortado na maternidade

Perder o amor para a eternidade

Procurar pelo que não tem sentido...

Ferido! Ferido! Ferido!...


Ir por sob a chuva que não posso

Encher-me de ternura até dar um troço

O meu carro vai indo pela contramão

Eu sinto tanto e não tenho coração

Eu sou o anjo que foi corrompido...

Ferido! Ferido! Ferido!...


Não deixo meus passos pela areia

Me transformo em fera na lua cheia

Perdi a minha fé e continuo à rezar

Dar um passeio sobre as ondas do mar

Não sou o vencedor, apenas o vencido...

Ferido! Ferido! Ferido!...


Cortei minhas carnes, mas não sangro

Dispensei a valsa, agora quero um tango

Quero a embriaguez de quem nada tem

Acabo confundindo o mal com o bem

A vida é uma selva, eu estou perdido...

Ferido! Ferido! Ferido!...


Grito enquanto muitos ficam calados

Eis mais um privilégio dos desesperados

Gritar até não poder mais e ficar rouco

Entre ali na fila, é apenas mais um louco

Não é só de prazer que se tem o gemido...

Ferido! Ferido! Ferido!...


Vou parando estes tristes versos por aqui

Não sei mais em que floresta eu me perdi

Igualmente tristes me são a morte e a vida

Eu tenho a dor, mas não dói mais a ferida

Talvez seja mais uma dádiva ser esquecido...

Ferido! Ferido! Ferido!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...