Andar por ruas que não quero
Ter o resultado que não espero
Um sonho abortado na maternidade
Perder o amor para a eternidade
Procurar pelo que não tem sentido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
Ir por sob a chuva que não posso
Encher-me de ternura até dar um troço
O meu carro vai indo pela contramão
Eu sinto tanto e não tenho coração
Eu sou o anjo que foi corrompido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
Não deixo meus passos pela areia
Me transformo em fera na lua cheia
Perdi a minha fé e continuo à rezar
Dar um passeio sobre as ondas do mar
Não sou o vencedor, apenas o vencido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
Cortei minhas carnes, mas não sangro
Dispensei a valsa, agora quero um tango
Quero a embriaguez de quem nada tem
Acabo confundindo o mal com o bem
A vida é uma selva, eu estou perdido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
Grito enquanto muitos ficam calados
Eis mais um privilégio dos desesperados
Gritar até não poder mais e ficar rouco
Entre ali na fila, é apenas mais um louco
Não é só de prazer que se tem o gemido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
Vou parando estes tristes versos por aqui
Não sei mais em que floresta eu me perdi
Igualmente tristes me são a morte e a vida
Eu tenho a dor, mas não dói mais a ferida
Talvez seja mais uma dádiva ser esquecido...
Ferido! Ferido! Ferido!...
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