segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 95

 


Cicatrizes enganam...

Carregam consigo a memória de choros

que nem mesmo o tempo destrói

ainda que ele seja o responsável...

Saudade mata...

Mesmo que a morte não apareça

e assim continuemos andando

achando que estamos vivos...

Os sonhos gargalham...

São fantasmas que atormentam

e gargalham em nossos ouvidos

até que cheguemos na loucura...

Cicatrizes enganam...


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Eu sou o paciente

que a sobreviva maltratou

antes acabasse quase tudo

Parem o canto dos passarinhos

congelem o dia por inteiro

eu quero um silêncio absoluto

Se é que ele pode existir...


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Façam de conta que é ontem

que o dia nem mesmo nasceu

Façam de conta que é festa

mesmo que o silêncio nos engula

Façam de conta que o esquecido

foi apenas um erro de percurso

Façam de conta que é amor

o desejo que nasceu quase agora

Façam de conta que eu escrevi

um poema e esqueci onde foi...


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Eu escolhi morrer quase agora

sem sintoma algum

sem mal algum

porque você nem veio

por isso não partiu

Eu escolhi morrer quase ontem

sem medo algum

sem tristeza alguma

isso dói bem menos

que qualquer impossibilidade...


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Eu não sou nada

e por isso mesmo

acabo sendo alguma coisa...

Eu não vivi alegrias

e por isso mesmo

sei o valor que elas têm...

Eu não sonhei

e por isso mesmo

uma vertigem me acerta...

Eu não pulei do abismo

e por isso mesmo

sei calcular as distâncias...

Eu não fui amado

e por isso mesmo

conheço de perto o desamor...

Eu não sou nada

e por isso mesmo

acabo sendo alguma coisa...


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Os domingos morrem

as segundas festejam

É tudo uma caçada

mesmo que invisível

Os domingos agonizaram

as segundas riram

Há crueldade em tudo

como a forma mais natural

Os domingos desconheciam

as segundas e seus ardis

O tempo é uma sucessão

de inúmeros abismos

Os domingos vieram

as segundas fizeram tocaia

Só se esquecem 

que as terças também virão...


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A chuva caiu!

Bem feito pra ela!

As nuvens bonitas

viraram água...

Andarão por terras

ou ficarão paradas

mas nada falarão...

Antes conversavam

sobre o que viam

aqui em baixo...

Brincavam juntas

de fazer desenho...

Agora são apenas

um choro apenas

de vida ou morte...


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Nada mata mais que a vida

nada mais deixa insone que o sonho

O caminho tem todas as cores

mas a que queremos faltou

A pressa é apenas mais um medo

o medo do relógio que dispara


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