quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 96

Enigmas sem esfinge
olhos mais que fechados
Uma mosca executa uma sinfonia
num ar igualmente morto
Quantas lágrimas ainda chorarei?
Esqueci a alegria por aí
e alguém deve tê-la encontrado...
Por favor, me devolva!
É a única que tenho,
me falta como comprar outra...

...............................................................................................................

- Tá, eu prometo!
- eu-menino falou com a cara
mais cínica do mundo...
Passados tantos anos,
não consigo por mais que tente
deixar de engolir todos os sóis que aparecem
como um girassol
que não pára de crescer...

...............................................................................................................

Morte-alma
não-morte-corpo
Viver morrendo por aí
eu já vi o bem-te-vi
Andei por terras
com e sem guerras
Águas no alto e no chão
com e sem coração
Chorar virou arte
um pedaço não é parte
Morte-alma
não morte-corpo
Tudo no mesmo lugar...

...............................................................................................................

A irrealidade das telas
das mentiras que contam
sem saber qual a cor do pano
muitos que já foram
que o digam
Tudo com seu preço
é tão barato comprar gentes
Escrever caminhos
que sigam aos abismos
prefiram virar para a parede
e dormir...

...............................................................................................................

Não é pássaro
é um drone
Não é uma estrela
é um LED
Não é tempestade
são vários lasers
Não é choro
é apenas ensaio
de uma peça mal-ensaiada

...............................................................................................................

Estou cansado
de esperar a chuva que não vem
o pequeno jardim ressequido
olha tristemente para mim...

Estou descrente
de qualquer fé existente
enquanto insisto em pedir
algo que não virá...

Por isso
vamos debochar sempre
enquanto pudermos
nem jantar eu quis...

...............................................................................................................

Um arco de corda tesa
e o disparo preparado
Um amor impossível
pela soma dos fatores
Uma indecisão periga
no beira do abismo
Matar-se sem morrer
é muito e muito fácil
Deixemos que tudo seja
como não deveria ser

...............................................................................................................

Palavras que conheço
palavras que desconheço
umas demais 
outras demenos
invento o que necessário for
Gostos que provei
gostos que não provei
uns muito bons
outros nem tanto
tudo parecido com as marés
Deixem-me por aí
andando com minha sombra...

...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...