quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Um Poema Quase Silencioso

 
Quase silêncio, quase tudo,

As aves no céu, um coração mudo,

As mãos de espinho, os pés de veludo...


As lágrimas escorrendo pelas faces,

A corrida desesperada pela escuridão,

Não adiantaram esses meus disfarces,

Já alcançou-me a solidão...


Quase silêncio, zumbido de inseto,

A carne exposta, meu amor mais secreto,

O próprio destino é o meu desafeto...


O brinquedo novo já foi quebrado,

O tiro quase que acertou no alvo,

Não houve crime, mas eu fui culpado,

O salvo-conduto não me deixa salvo...


Quase silêncio, velando o morto,

O barco nunca chegará ao porto,

O meu azul acabou torto...


O meu riso agora é desnecessário,

Estou rindo sem ter algum porquê,

Não há nada de novo no diário,

Nem segredos para esconder...


Quase silêncio, quase mudo,

Todo espinho fere, é agudo,

Deixem-me calado, acabou tudo...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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