As aves no céu, um coração mudo,
As mãos de espinho, os pés de veludo...
As lágrimas escorrendo pelas faces,
A corrida desesperada pela escuridão,
Não adiantaram esses meus disfarces,
Já alcançou-me a solidão...
Quase silêncio, zumbido de inseto,
A carne exposta, meu amor mais secreto,
O próprio destino é o meu desafeto...
O brinquedo novo já foi quebrado,
O tiro quase que acertou no alvo,
Não houve crime, mas eu fui culpado,
O salvo-conduto não me deixa salvo...
Quase silêncio, velando o morto,
O barco nunca chegará ao porto,
O meu azul acabou torto...
O meu riso agora é desnecessário,
Estou rindo sem ter algum porquê,
Não há nada de novo no diário,
Nem segredos para esconder...
Quase silêncio, quase mudo,
Todo espinho fere, é agudo,
Deixem-me calado, acabou tudo...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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