terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Quase Concreto

 

Quase concreto

Abstrato só

Quase objeto

Minha mente um nó

 

A menina se vendendo por cocaína

A miséria morando na próxima esquina

 

Quase abjeto

Tenha pena e dó

Quase secreto

Sou apenas só

 

O garoto vendendo bala no sinal

O louco fora de época pulando carnaval...

 

Quase indiscreto

Como todo mundo é

Guardei o afeto

Destruí minha fé

 

O velho abandonado na calçada

A cidade grande não tem pena de nada...

 

Quase quieto

Morto sempre em pé

Curvo quase reto

Esperei muito até

 

Todas as paredes vão desabando

Enquanto meus olhos vão se fechando...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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