sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 37

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Eu sou um cara comum como muitos outros que andam por aí pelo mundo. Visto meu luto em cores claras para disfarçar o abismo que criei e nele mergulho com os pesos da minha tristeza e do meu tédio. Não entendo nada. A força do impulso leva meus passos assim como as folhas soltas obedecem ao vento. Complicados dias estes. Onde nada se escolhe, mas se pensa assim. Onde tudo se quer, mas nada sacia e acabamos consumidos por isso. Onde a apatia produz um desespero no lugar da esperança. Eu sou um cara comum como muitos que andam por aí...

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Só deixei uma luz acesa em toda a casa - no corredor. Eu não queria símbolo algum, mas eles costumam dominar todas as cenas. Símbolos são necessários tanto em fantasias quanto em realidades. Nos corredores tudo passa, nada fica. Assim também é a nossa vida, tanto chegou e nada ficou. É mentira dizer que existe permanência em algo. Nós mesmos já partimos inúmeras vezes e nem o percebemos. O menino, o jovem, o adulto e o velho só existem como figuras de linguagem. Cada dia existe algum desconhecido em nós. No corredor quem mora aqui ou vem aqui, por ele passa. Para nada ou para tudo. Assim é a nossa vida, um simples e sincero corredor...

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De que posso te falar? De terras distantes? Lá nunca lá estive... Fiquei vagando pelas ruas sujas de nossa triste cidade. Mas creia-me, nelas vi mais coisas que se possa imaginar. Vi batalhas mais extraordinários que nos livros de história ou nos games mais famosos. Não eram batalhas por reinos inteiros, nem por lindas donzelas de olhar sonhador e lânguido. Também não eram para destronar tiranos malvados e insanos. Estas já existiram muitas, o mercado anda saturado delas. Eram guerras pelo básico, pelo óbvio e pelo normal. Vi gente sem teto, sem pão, sem trabalho, sem carinho, sem expectativa, e, principalmente sem sonhos... De que posso te falar? De terras distantes? Lá nunca estive... Meu choro é daqui mesmo...

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Venha alegria! Venha ao meu encontro, eu te pago um café, me escute. Temos que pôr muitas coisas em dia, muitas mesmo. Desculpe se não te fiz esse convite antes, eu andei cego uns dias atrás achando que poderia me livrar da tristeza. Ela vem junto comigo e, afinal de contas, não posso reclamar muito disto. Ela é uma companheira como qualquer outra, tem seu lado ruim, mas também tem seu lado bom. A presença das duas me tem feito alguém mais forte, ou pelo menos, menos fraco. Consigo olhar com mais clareza as cores do dia, sejam elas bonitas ou não. Consigo me sufocar menos com tudo aquilo que me preocupei e não serve para nada. Tenho dado mais valor ao tempo, não esse tempo em que se luta para conseguir o que vai ser jogado quase que imediatamente fora, mas o tempo real, para arregaçar as mangas e conseguir aquilo que preciso de verdade. Rir mais (juntos, certamente) ou chorar um pouco mais (a tristeza irá colaborar com isso). Prestar mais atenção em tudo que vale a pena e que desprezei quase sempre. Na inocência das crianças, na pureza dos bichos, na esperança teimosa dos velhos, tudo enfim, que não pode cair dos bolsos e nem ser alvo dos ladrões. Venha alegria! Não se acanhe... O tímido aqui sou eu...

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Eu ia deixar pra lá, morrer mais um sonho, como outros já morreram. Eu ia me confessar derrotado antes da briga, mesmo desconhecendo a força do meu oponente. Ia esquecer o meu amor, achando que a chance seria do meu rival. Mas veio a loucura e gritou ao meu ouvido: 
- Tente! Só há duas respostas para todas as perguntas...
Queria parar de andar, não contar mais passos, esquecer que andei sob sóis e chuvas, deixar de lado minha insistência, enterrar os dias nas covas rasas dos indigentes sem nenhum epitáfio. Ser apenas mais um burguês, falso e tolo e comum. Mas veio a esperança em gestos largos e exagerados para mim:
- Insista! Vida e morte são apenas as opções que temos...
Quis ser apenas mais um número apático e impessoal entre muitos, viver calmamente em branco. Ter tudo aquilo que foi determinado e que na verdade eu não escolhi. Mas veio o próprio destino, apontou o dedo na minha cara e rude exclamou:
- Volte aqui! Aproveite cada minuto...
E mesmo cansado teimei...

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Quer ler um bom livro de anedotas? Leia livros de história. Neles estão contidas as tolices que os homens executaram e não deu em nada. As cavernas estão vazias e as fogueiras não existem mais para assar a caça. Lá estão as pirâmides que permaneceram, mas que não mais servem de descanso para seus cadáveres. Roma há muito tempo jaz em suas ruínas e os jogos nas arenas deram férias para as feras. Os exércitos não marcham mais deixando seus rastros de sangue. Átila, César, Napoleão, Hitler, são agora figuras nas páginas folheadas ou esquecidas. Toda tecnologia agora é obsoleta e toda novidade envelheceu. A única novidade é que não há mais novidades. Quer rir bastante? Leia as regras dos burgueses e seus paradoxos...

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Dormem tranquilos e nus poetas em espirais de um desencontro malvado e tão bonito. Confundo eu mesmo minh'alma se necessário for vez por outra. Filho de diversas coisas nem eu mesmo basta para minha imaginação. Tempestuosos desejos servem-me de cobertor, mas mesmo assim faz bastante frio. Numa noite destas, quase agora, embriaguei-me com o amor e a ressaca de tal bebedeira me aflige mais que muitas tempestades iminentes que as telas anunciam. Algumas olheiras são tão bonitas, mas o resto do rosto colabora para tal. O punhal que empunhei acabou por ferir-me. Era o que eu queria e não terei jamais. Quem ama geralmente escolhe deitar e dormir no meio dos muitos espinhos das rosas.

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