faço
desfaço
disfarço
o cansaço
os pés doem e alma dói bem mais
os desenganos são apenas espinho
eu desabo como fazem os temporais
eu sempre andei muito e sozinho
planejo
almejo
mal vejo
o desejo
a decepção manipula seus dados
os dados correm entre os seus dedos
nós humanos estamos todos marcados
para engolirmos estes nossos medos
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quando a dor entrar
feito seta em teu peito
não se desespere
tudo passa
o que é bom e o que é mal
quando a desilusão
esbarrar pelo caminho
não se desespere
ela acaba
o que incomoda ou agrada
vivemos num constante
e malcriado dualismo
que vive nos afligindo...
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um cheiro forte nas narinas
invade todo o ar em volta
o que faremos nós?
é o cheiro da morte
que impregna o que vivo é
um gosto de sal nos olhos
acaba quase nos queimando
o que faremos nós?
é o gosto da tristeza
que termina com a festa...
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quando o amor chegar
não resista
mas se for a paixão
corra dela
o amor gosta das nuvens
a paixão gosta de abismos
o amor te ferirá
sem querer
mas a paixão
gosta de malvados jogos
nada nessa vida
acerta na mosca
seus objetivos
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um zumbido em meus ouvidos
uma figura escondida na retina
tudo misturado e confundido
uma ocasião foge aos berros
um desespero se acalma
tudo misturado e confundido
um silêncio de velhas estátuas
um cálculo de todos os epitáfios
tudo misturado e confundido
Se posso pedir algo alguma coisa
me deem rosas muitas rosas mesmo
para mentir pela última vez
dizendo que houve perfume e beleza...
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na hora certa
não haverá hora
assim deve ser
aquilo que é
perfeito e será
na hora certa
não haverá som
alguns silêncios
são solenes
e isso nos basta
na hora certa
não haverá nada
e seguirei mudo
descobrindo enfim
que isso foi sempre...
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tudo aparentemente vai certo
mesmo quando errado está
faz parte dessa dança louca
que chamamos vida...
todas as probabilidades são gastas
nas mais absurdas arquiteturas
faz parte dessa pergunta
que não será nunca respondida...
todo sonho salva de alguma forma
porque sem ele não temos sentido
faz parte do nosso desespero
acabar mesmo continuando...
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