um vento bate em minh'alma
mas agora desconheço donde vem
será que de dias antigos
onde minha solidão não havia?
um tempo se esvai aos poucos
como águas de chuva em calçadas
será que uma só vez apenas
amores impossíveis ressuscitarão?
águas profundas e tão escuras
onde meus pecados se escondem
será que conseguirei evitar o desastre
de morrer finalmente respirando?
............................................................................................................
amiga me tire logo
desse jogo confuso
de emoções baratas
amiga me ajude
a ser eu mais uma vez
antes desse tempo mau
me esconda sempre
sob as tuas grandes asas
da solidão que oprime
eu não consigo mais
nem ao menos olhar
como fazia antes
deixe que navegue
como sempre quis
e não me sinto mais
apenas um sozinho
............................................................................................................
o vento e o sono
companheiros velozes
da minha ida definitiva
o sopro e a dúvida
os únicos pertences
para minha bagagem
a mágoa e a lembrança
aquilo que ganhei
de presente dos dias
o choro e o silêncio
aquilo que não queria
uma estranha festa
tudo se confunde
em minha alma
diluída aos poucos
............................................................................................................
há silêncio na cidade...
nos domingos morreu o afã
e veio à tona
qualquer forma de divertimento
seja bom ou seja mau...
há silêncio na cidade...
cada alma com seu domingo
onde transitam sonhos
e ainda qualquer maldade possível
expressa em medo...
há silêncio na cidade...
mesmo parecendo o oposto
porque assim é
quase sempre a contradição chega
feito assim um rio
e sempre vai na mesma direção...
há silêncio na cidade...
há silêncio em mim...
............................................................................................................
me enrolo em edredons macios
e espero que o sono chegue
incontenti
disfarço o que a vida me deu
troco tristeza por alegria
improvável
o vento sopra e eu sinto frio
não quero um minuto à mais
impossível
a minha fome ultrapassa barreiras
e anda por cima das águas
impertinente
faço toda a questão
de não fazer questão de nada...
............................................................................................................
o paciente abriu a boca
para o médico examinar
a puta abriu as pernas
para cumprir sua sina
o poeta abriu sua alma
para poder se libertar
toque todos os solos
possíveis ou impossíveis
eu ainda quero dançar
............................................................................................................
luz e trevas me perseguem
certamente
em tudo que sinto e faço
nada mais quero
nada mais posso
e se alguma coisa restou
assim o desconheço
imitei todos os gestos
de minha ilusão
e nem mesmo sei
onde fui enfim parar
............................................................................................................
Nenhum comentário:
Postar um comentário