terça-feira, 8 de outubro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 33

História O viajante da vida - História escrita por lirioazulmar ...
Há invenções que faltam no mercado:
Precisamos urgentemente de jardins instantâneos
para poder curar os olhos que estão tristes;
Precisamos também de sóis infintos
que apaguem as madrugadas de certas almas aflitas;
Precisamos de espelhos mais pacientes
que nos mostrem as vantagens do tempo que passa;
Precisamos de pílulas de calma
para quem sofrer da impossibilidade do amor;
Precisamos de apagadores de ilusões
que não tirem o encanto dos nossos sonhos;
Precisamos de mais loucura esclarecida
que desenferruje a velha roda da história;
Precisamos de um novo veneno que mate a caretice
e que ponha para correr o politicamente chato;
Precisamos de dias maiores, alegrias mais intensas,
de fogueiras que não se apaguem nunca mais;
Precisamos de uma humanidade mais humana,
menos máquina do que a que anda na moda;
Precisamos de algo que nos console mais 
e que nos exija bem menos do que somos agora;
Precisamos de novas doses de esperanças
que nos façam esquecer compromissos vãos;
e finalmente, precisamos que seja inventado
um jeito maior de amarmos mais à nós mesmos...

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num deserto plantei minha esperança
e as flores que brotaram
sobreviveram bebendo o meu sangue

sinto o excesso de ar que assim sufoca
dezenas de veículos
fazem uma sinfonia mais que infernal

perdi a noção do que é noite e o que é dia
e assim vou cambaleando
não indo mais ao meu próprio encontro

onde andará aquela graça que eu achava
escutando histórias inocentes
que minha mãe contava em infindáveis dias?

a única salvação para minh'alma ferida 
é esse pequeno manacá
que há de crescer até quando não poder mais...

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tão signos
entranhados nas carnes
feito ferpas
nos cantos das unhas
a tristeza
é minha dona sem reservas
nos espaços
armo solenes armadilhas
vou arisco
como um vento vai à galope
é estranho
guardar amor com desamor
vento quente
vai invadindo minhas narinas
eu não tenho
mais um motivo pra estar aqui
quando vim
parece que tinha há muito partido

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quando a escuridão atacou-me
só pude chorar até não mais
quando a brutalidade chegou
eu já tinha ido quase embora
canto flores com meus olhos
em todos os tão frios verões
e em rimas tão dispensáveis
me lamento do que nunca veio
não me firo, é a solidão que fere
cada detalhe é que presta atenção
dou parabéns ao meu espelho
por ter me aturado tanto tempo

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pássaros indefinidos
escassas palavras
cenas mais pobres
cada vez menos mais
faça-me o favor
não me maltrate
a morte é temporal
e os ânimos descansam
em versos curtos
ou longos às vezes
nenhuma ação é total
deixar de te amar
é apenas uma mera
questão de pura sorte

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não quero descansar no teu colo
definitivamente não quero
eu sou o mar que mesmo parado
ainda assim se movimenta
na tola discrepância de eternos
e emblemáticos paradigmas
um dia hei de morrer eu bem sei
mas até lá vou fazendo sem querer
os mais breves ensaios à respeito

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minha pele
carrega os símbolos
de um sofrimento
sem gosto
por amargo demais
não há mais detalhes
muito menos enfeites
eu fui direto ao assunto
querer ou não querer
não é uma simples questão
eu cambaleio
e cambaleio muito
e ainda cambaleio demais
na aceitação dos lutos
(talvez muitos ou não)
que nem vi
silenciosamente chegarem

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