segunda-feira, 6 de julho de 2015

Nada


É como uma praia que secou
É como o amor que se acabou
O tempo que foi saindo correndo
São imagens que não estão se vendo
O encontro do sagrado com o profano
O nada - o que temos de mais humano

É como um beijo que não se deu

É como a ideia brilhante que morreu
A chance perdida por apenas um segundo
Perder a sua alma como se perde o mundo
A dança entre a tempestade e a calmaria
O nada - este é o nosso prato do dia

É como um passo que se tropeça

É como a desistência que se começa
Quantos passos eu poderia novamente dar?
Conte aí quantas gotas poderemos ter no mar
O azeite e a água agora também se misturam
O nada - é isso que nossos desejos procuram

É o nada e é o nada e é o nada

Coma e fique de boca calada
É a bicicleta caída a perna ralada
É medo de amanhã e choro pela calçada
Cuidado que a barra é pesada
A nossa favela já foi atacada
É o nada e é o nada e é o nada!

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