quinta-feira, 23 de julho de 2015

Insaneana Brasileira Número 77 - Arroz de Festa


A graça que não temos. O troco que veio. Eis o dia. E cada sentido despertado em cada uma das coisas que existem. Está tudo aí. Como um enfeite novo e sem sentido. Eis o homem. E seus complexos complexos até demais. Um só solo de guitarra basta. E todas as desilusões apresentadas num palco vazio com um só espectador lá na plateia. Não fale. Mantenha o silêncio necessário para que o tempo passe. Não modifiquei nenhuma palavra. Mas dei um novo sentido para cada uma delas. Acendi todas as fogueiras possíveis. A noite é minha. E todas as putas e travecos que andam como mariposas donas da escuridão. Os faróis passam pelas estradas. E as estradas são sócias da morte que nunca aparecerá. Outro dia e outras fotos. Sairá no jornal ou não. Sons espanhóis trazem saudade e muita. Acabou toda a graça. Acabou o sangue nas veias. E o pulsar teimoso e ainda bom. Sejamos todos bem vindos sem hostilidades e animosidades. Com bailados e tochas tremulando. Minhas jóias rebrilham e são ouro só. Eu sou o rei dos ciganos. E rei de mim mesmo se assim o puder. Eu perdoei setenta vezes sete vezes mil vezes. E ainda quero mais. Minhas tatoos já dizem tudo. Cada uma é companheira de interminável solidão. Cada fato é um rito sagrado ou mais profano possível. Eu que eu profano os meus túmulos. Já morri inúmeras vezes. Em várias carnes. Com vários ataúdes de cores solenes. Em vários menus sou o prato do dia. Rachaduras e infiltrações nada dizem. Há beleza nas rugas também. E todo pulsar é válido. Mesmo que invalidado pela lógica concreta. E pela armadura que os famosos fazem. Não queremos mais conversa. É viver e acabou. É isto. A pedra que eu ponho entre os dedos só conhece as minhas mãos. E rolou em muitas terras. E as muitas terras eram muito lindas. Faça o que quiser mas nunca me deixe só. A solidão é como um vinho. Tem sabor mas embriaga. Eu já ando tonto o suficiente para não ser mais feliz. Mas teimo em parecer com tal cidadão de vez em quando. Chove no deserto e coisas ainda mais inverossímeis acabam acontecendo. Mais admirável ainda é sobreviver no meio de batalhas rotineiras. Tudo é um grande teatro. Onde está a plateia? Ainda coloco acentos em palavras que não mudam jamais...

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