A graça que não temos. O troco que veio. Eis o dia. E cada sentido despertado em cada uma das coisas que existem. Está tudo aí. Como um enfeite novo e sem sentido. Eis o homem. E seus complexos complexos até demais. Um só solo de guitarra basta. E todas as desilusões apresentadas num palco vazio com um só espectador lá na plateia. Não fale. Mantenha o silêncio necessário para que o tempo passe. Não modifiquei nenhuma palavra. Mas dei um novo sentido para cada uma delas. Acendi todas as fogueiras possíveis. A noite é minha. E todas as putas e travecos que andam como mariposas donas da escuridão. Os faróis passam pelas estradas. E as estradas são sócias da morte que nunca aparecerá. Outro dia e outras fotos. Sairá no jornal ou não. Sons espanhóis trazem saudade e muita. Acabou toda a graça. Acabou o sangue nas veias. E o pulsar teimoso e ainda bom. Sejamos todos bem vindos sem hostilidades e animosidades. Com bailados e tochas tremulando. Minhas jóias rebrilham e são ouro só. Eu sou o rei dos ciganos. E rei de mim mesmo se assim o puder. Eu perdoei setenta vezes sete vezes mil vezes. E ainda quero mais. Minhas tatoos já dizem tudo. Cada uma é companheira de interminável solidão. Cada fato é um rito sagrado ou mais profano possível. Eu que eu profano os meus túmulos. Já morri inúmeras vezes. Em várias carnes. Com vários ataúdes de cores solenes. Em vários menus sou o prato do dia. Rachaduras e infiltrações nada dizem. Há beleza nas rugas também. E todo pulsar é válido. Mesmo que invalidado pela lógica concreta. E pela armadura que os famosos fazem. Não queremos mais conversa. É viver e acabou. É isto. A pedra que eu ponho entre os dedos só conhece as minhas mãos. E rolou em muitas terras. E as muitas terras eram muito lindas. Faça o que quiser mas nunca me deixe só. A solidão é como um vinho. Tem sabor mas embriaga. Eu já ando tonto o suficiente para não ser mais feliz. Mas teimo em parecer com tal cidadão de vez em quando. Chove no deserto e coisas ainda mais inverossímeis acabam acontecendo. Mais admirável ainda é sobreviver no meio de batalhas rotineiras. Tudo é um grande teatro. Onde está a plateia? Ainda coloco acentos em palavras que não mudam jamais...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
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