segunda-feira, 27 de julho de 2015

Me Pague O Que Você Me Deve

Me pague o que você me deve...
As noites que privado de meu sono caminhei milhas e milhas no escuro do quarto sem saber onde iria porque lá fora o medo me esperava pior do que a própria morte...
Me pague o que você me deve...
Todos os sustos naqueles corredores estreitos e abandonados porque eu era apenas mais um menino destes que choram o tempo todo sem conhecer o que é alegria ou ainda alheia compaixão pela culpa que nunca teve...
Me pague o que você me deve...
Tanta coisa que você me negou e me fez tanta falta e seria tão simples de você me dar: o beijo na testa ou nas faces e um sorriso cheio de cumplicidade e ternura como aqueles que não tive e nunca mais terei...
Me pague o que você me deve...
Os desvios que você colocou no meu caminho e que fizeram pegar atalhos que me fizeram ir até o nada e quando eu quis voltar também fui dificultado pelas promessas mais vãs que alguém poderia ter tido...
Me pague o que você me deve...
Aquelas minhas canções que ficaram sem letra desde quando só meu peito podia cantá-las no mais solene silêncio e eram como uma flauta mágica que só os magos poderiam ouvir e eu acabei me tornando mais um deles...
Me pague o que você me deve...
Foram tantos dias de luta contra aquela febre que me consumia quase aos poucos e se não matou foi por pura maldade para me deixar ficar neste mundo mesquinho onde todos os dias são novas tristezas vindo à galope...
Me pague o que você me deve...
Aquelas fotografias já se desbotaram e aquelas figurinhas já se rasgaram e aquelas novidades já envelheceram e tudo que havia de bom nesse mundo já perdeu toda a graça...
Me pague o que você me deve...
Me pague logo Vida porque não fui eu que lhe escolhi e tem vezes que eu nem lhe quero mais...

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