Eram todos num vaivém
interminável de belas voltas assim. Dias e dias incontáveis de vários frios e
muita chuva. Alguns sóis também. E a felicidade bebida em cada copo depois
arrependido de variados sabores. Ninguém o sabe somente o só. Ninguém o diz
somente quem perdeu sua voz. Mil vezes mil vezes. E batalhões de esqueletos
executando em altos risos a nova dança da morte. Eu mesmo fiquei triste e tive
todos os motivos que se possa saber. Um leque de sentimentos foi tudo o que restou.
As máscaras envelheceram mas são as mesmas. É o que nos esconde da maldade de
um tempo bom. E um duplo prazer de eterna e etérea contradição. Por favor sem
discursos nem débeis homenagens. Tudo veio por si até agora. Nada foi ao acaso
ou então todas as coisas. É sempre a mesma história. E no final tudo vai bem.
Só não sei em que maré. Eu acendi duas velas e pedi pra ser feliz. Há muito que
eu andava de cabeça baixa e as mãos nos bolsos. Mas tinha que ser assim mesmo.
Fazia parte de um grande enigma em que saboreio palavra por palavra. Nem sei
quantas vezes. Faz muito tempo que sou um forasteiro daqui mesmo e tudo cai
muito bem. Eu não conto mais os anéis mas conto os dedos. E minhas
preciosidades mudaram de cor. As árvores ainda possuem folhas apesar de serem
poucas. E o brilho já diminuiu lá no palco. Existem luzes ao longe mas ninguém
mais vê. Eram de um passado tão querido como flores em um tranquilo jardim de
figuras. Traços desenhados em páginas em branco. E tudo muito simples como
fórmulas mágicas. É noite de apresentação. Sessões de cinema em dias de
qualquer tempo como sempre foi. O bom rapaz sente o gozo apesar de inexistir
maldade. Deve ser assim é assim em passos longos de muita saudade e cansaço. Enganam-se
os que acham que eu perdi a partida. Empate é o prato do dia. Não há vencedores
nem vencidos. Os crânios estão todos expostos e os encolhedores de cabeças
fazem serão. São beijos safados os que eu dei. Não há inocência em minhas
páginas e nem em meu sono. Eu durmo com apenas um olho e sei tudo. Sei onde
começa o fio e onde ele vai terminar. São dores o que eu sinto e sinto muito. Não
sei quantos dias demoram este sarau mas decorei todos os versos. Sei construir
frases e derrubar castelos de pedra não de cartas. Os castelos de cartas são
mais sólidos e duram muito mais séculos. Prestem bem atenção. Nunca durmam com
os olhos fechados. Em cima do muro é que estão as verdadeiras certezas. E no
branco do papel surgem todos os versos. O céu é o limite daquilo que não há. E
o sonho a única certeza do que existe. É perfume de barbearia. Uísque de pobre.
Sessão de cinema na promoção. Roupas com desconto grande. A primeira dose foi a
surpresa. Mas a segunda caiu bem melhor. Os cigarros viram cinzas um atrás do
outro. Eu não sei gramática como deveria saber mas assim mesmo está bom. Eu não
sei rezar mas bato papo com Deus toda vez que me entristeço. Eu são sei voar
mas as nuvens estão mais perto do que eu mesmo imagino. Não foram sentenciadas
nossas sentenças mas cada agosto vem aí. Eu nunca soube colocar nomes mas
sempre soube amar. Eu nunca vi milagres mas as aparições foram muitas e o medo
corria ligeiro em minhas veias. Sem enfeites e sem fantasias só aquela antiga
de todas os carnavais. Que sorriso bonito e malvado. Anda por onde anda. No
meio das estrelas se assim o quiser. Eu confundo todas as coisas e conto todas
as histórias. Sou assim mesmo. Uma cara de malvado e um coração mais malvado
ainda. Um demônio simpático que sabe chorar muitas vezes. E que bate palmas
acaloradamente quando tocam os ciganos. Os violinos e pandeiros em volta das
fogueiras. É oito ou oitenta. É a cigana bonita que eu queria na minha cama.
Seja minha minha princesa perdoando meus pecados conscientes. Me beija eu gosto
muito de ti. Apesar das minhas sujeiras e de tudo o que fiz ao oposto. Nunca mais
eu mesmo me perdoarei mas é assim. Eu sou juiz de mim mesmo e me enamoro do
mais feio dos mortais. Eu sou o meu carrasco e deixo a vida por um fio. Canto a
canção que escurece o ar. A peste ronda todas as portas. E come em todas mesas.
Escurece o pão e turva a água. Não há nada que nos salve. Essa é a sentença
máxima. Os gatos miam. Todos os gatos...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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