terça-feira, 26 de agosto de 2014

Psicodelia Número 1

Entre flores de Marte em jardins de Júpiter tive um sonho... Era a bateria de uma escola de samba carpideriando um mundo livre que não temos...  Os velhos esquemas ainda funcionam e muito bem... São cartas marcadas numa grande manga de camisa... Olha que vem lá é eu com a camisa de cores da paz... É quase uma masturbação a vida e a morte do sol... E ver como as pessoas passam pela nossa vida feito um balé mal feito... Eu quero a alegria de doze cores numa caixa de papel... E a agonia bonita dos decalques em livros e afins... A moda do transfer já passou... Mas como tudo que passa eternamente é... Eu esqueci o nome de muitos brinquedos e ainda gosto deles... Os palhaços rodam de cabeça para baixo... Sua roupa é azul e só os vi de lado... O som é bem bonito se não fosse tão feio... A moda sempre é feia... E os mortos sempre felizes... Cada pérola é uma eternidade que nasce na concha... Cavem bem fundo minha sepultura senão saio de lá... Baticum bumbum... As conversas das comadres nas cozinhas em frente a uma caneca de café são mais que um tratado... Vive a simplicidade que é bem mais difícil de se entender... Fumaça de papel queimado e mato seco... Eu bebo laranjadas aguadas e coleciono gatos pretos... E vi minha  mãe tecendo intermináveis artes... Como se fossem noites e dias... Um instante Maestro... A abelha zumbiu em acordes de desenhos... E estéreis sementes brotaram do chão... É dia da colheita do milho e dos pesadelos do milharal... Velhos filmes de terror americanos na tela moderna de meu abuso... Eu quero e quero e quero mais balangandãs em belos pescoços... E minha culpa abusiva de tantos beijos... Noturnamente em pedaços esparsos daquilo que eu era e nunca mais fui... Sou tiros em todas as direções e em todos os gêneros... Línguas dentes e muita saliva... Santa putaria... Conceitos divertidos se transformando em confeitos... Uma letra muda a porra toda... São histórias e estórias num mesmo caderno... Sabão para as roupas brancas do varal e muita tristeza sob o sol... 

(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Insalubre (Miniconto)

Insalubre era a casa dela (se é que podia ser chamada de sua ou ser chamada de casa). Qualquer favela tem coisa bem melhor. Sem porta, sem j...