domingo, 31 de agosto de 2014

Las Piedras

Coelhos e ratos são bem parecidos
E há sussurros e há também gemidos
Uma vela acesa bem no escuro
Pode decifrar todo o seu futuro
E pode não ser aquilo que você queria
São os faróis cansados do meio dia
São tatuagens em desenhos cabalísticos
E ainda vários sintomas característicos
Amantes e amores são similares
E fogos queimados estalam nos ares
E há histórias e contos contados
Já foram filmados os bem-amados
Estou no auge da minha besteira
E quero ser moda de qualquer maneira
Eu grito e choro e lamento e esbravejo
Minha sorte de periquito de realejo
O bandido pode fazer suas boas ações
Estamos saindo da sintonia das estações
O rock tocou em acordes mais exatos
Os dramas de família são mais baratos
Convidei os leões para jantar lá em casa
A fogueira se apagou restou uma brasa
Conto nos dedos minhas preocupações
Haverão apenas mais alguns dos verões
Um mistura exata de skate e de filosofia
Eu despertei bem mais do que esse dia
A poeira entra pelas portas e pelas janelas
Grandes o suficiente para brincar com elas
Não sei tocar nenhum destes instrumentos
Mas alquimizo com destreza os elementos
Eram dias eram dias nos falou o menino
E à cada um será dado em mãos seu destino
O copo tremeu cheio nas mãos do velho
Está sendo reescrito o mais moderno evangelho
Pombos e corvos ambos sabem voar
É proibido aprendermos o verbo amar
Rimas pobres nos serão sempre suficientes
Eu tenho fórmulas mágicas entre meus dentes
O caminho que temos as pedras são abundantes
E nunca fomos tão felizes quanto antes...

sábado, 30 de agosto de 2014

Muitos Caminhos

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O caminho que vai dar no mar. Consequências de tudo o que pode acontecer. E lá estão barcos e velas incontáveis. E amores em cada porto em que se chegar. E desilusões e enterros de solidões. Bebamos até a exaustão e todos os lampiões se apagarem com o novo dia. O rio riu e mandou lembranças. E as ilhas sonolentas ainda tecem suas fantasias. Piratas e corsários do rei. Histórias que muito agradam. E marcações possíveis. O sangue interminável de muitos dias atrás.
O caminho que vai dar em outras terras. Estradas e pés doloridos. E cores se fundindo numa só. O céu é vermelho de agorinha há pouco. E um fundo musical lembra aflições. E grandes feitos nunca escritos e poucos testemunhados. Eu me enlouqueci em estranhos labirintos que eram corredores de escola. Foi minha a estranha gargalhada que ecoou no meio da noite. A poeira que invade fechadas casas fui eu que mandei. 
O caminho que vai dar nos ares. Estes leves dragões que planavam pelo ar. E sonhos noturnos de vôos sem medo algum. As escadas são brinquedos. E recordar aquilo que nunca vi é o respirar de hoje. Somos muitos e vivemos sós. Mas nosso peito cheio está. Mil tiros do mocinho povoam a cena. E o coração dispara só de pensar.
O caminho que vai dar nas cidades. Uma tela só basta. E sem artista que a pinte. Só mesmo marionetes em complicados caracóis. Muita fumaça e poucos risos. Muita lágrima e ternuras perigosas. Pensar é perigoso. E reflexões lógicas ferem. E a verdade é queimadura sem pomada e nem curativo. Há puro prazer em novos lances mal medidos. 
O caminho que vai dar nas guerras. Pobres cães e pobres meninos. Os escombros são lições esquecidas no caderno do ano passado. E os porões estão cheios de notas promissórias. Eu bebo vários cafés de pura ansiedade. Vários níveis e vários tons de uma compreensível crueldade de uma natureza errada. Acendam novas fogueiras com bons sinais. Que os gitanos toquem seus afinados violões e mudem os códigos. Os alquimistas saíram em passeata. E acabou a caça às bruxas.
O caminho que vai dar na morte. Inevitáveis questões de alguns segundos. Pura coincidência. E puro engano também. Um jogo de futebol com placar imprevisível. As estepes baianas correspondem aos números ímpares de todos os números primos de um múltiplo de quatro. E um jogo de xadrez é pura poesia. Dentes expostos e longas mãos e olhos para o nada. Assim é.
O caminho que vai dar em mim. Certamente é muito longo. E eu contei os dias sem os ver. Esqueço tudo que devia lembrar. E me lembro de coisas que ferem se as procuro. E eu as procuro sempre. Dói a ferida e colocamos os dedos. Eu quero muitas carpideiras e flores já quase mortas. E cigarros acesos dos dois lados. Os lábios só servem para cerrados estarem. Pode ser noite mas eu ainda enxergo tudo...

Vozes Velozes

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Foi tudo tão de repente
Que eu pensei que era gente
E era um fenômeno natural
Era apenas um vendaval

Um vendaval vindo varrendo

Tudo o que vinha vendo
E todas as coisas do meu quintal
E trazendo todo o sal

Foi tudo tão diferente

Que eu pensei que era a mente
E era um pesadelo mal
Era apenas um temporal

Um temporal vinha crescendo

A luz do dia ia morrendo
Trazia o canto do bacurau
E sofrer era o mais normal

Foi tudo tão dormente

Que eu pensei que era lente
E foi aumentando geral
Era apenas um carnaval

Um carnaval que vinha vindo

E meu Deus era tão lindo
E a minha felicidade era aval
De que tudo corria normal...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Poema Aos Malditos

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Aos malditos é que eu escrevo
É para eles meus sinceros versos
Os meus melhores momentos devo
Mesmo sob meus olhos mais perversos

Aos que já não possuem mais nada

Aos que fizeram da noite o seu dia
Dedico à eles o meu choro na calçada
A tristeza e a rudez de minha poesia

Aos viciados que enchem sua cara

Aos que tropeçam indo direto no chão
Para todos os que a vida nem repara
E mesmo assim não pára o coração

Às putas que queriam ter o seu lar

Aos desenganados que queriam sua cura
Os que desconhecem o gosto do verbo amar
E os que possuem a alma mais obscura

Aos que riem por qualquer um motivo

Aos que não sabem chorar pelo dinheiro
É o louco pela vida e por estar agora vivo
Faz do contentamento o seu companheiro

Aos que quebram regras e superam barreiras

Aos que nunca mais irão um dia desistir
Os que desprezam as falsas e boas maneiras
De uma velha sociedade que está à cair

Aos que fazem seus versos desconhecidos

Aos que os versos que poderiam ser mostrados
Contra todos os seus sistemas agora falidos
E finalmente aos que são só mal amados

Aos que são malditos... Aos que são malditos...

O Nome da Eternidade

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A eternidade tem nome. É o mesmo nome que repeti chorando virado para parede em dias de tristeza e dor. Eu te amei...
A eternidade tem nome. Eram os brinquedos que ficavam dentro daquela caixa de papelão esperando alegrias tristes. Por que foram embora? 
A eternidade tem nome. Foram as chuvas intermináveis que douravam de barro as ruas em que o velho auto passava me levando para a escola. E eu tenho saudades...
A eternidade tem nome. Seu nome é repetido várias vezes e é o baticum descompassado do eu-menino com medo do escuro e dos noturnos canto do bacurau na pequena casa. E eu ainda tenho medo...
A eternidade tem nome. É a lista de chamada com muitos nomes que não esqueci ou que talvez tenha esquecido mas que um dia passarão como na tela de um cinema diante meus olhos. Onde estão vocês? Mandem notícias...
A eternidade tem nome. Foi o beijo que eu nunca te dei. Foi o corpo que nunca afaguei. Foram os cabelos que meus dedos nunca afagaram. Foi tudo de bom que eu guardei sem ter ninguém para dar. Eis aqui o maldito poeta que faz versos feios de desencanto...
A eternidade tem nome. São os três coqueiros. É o pé de laranja-lima morto. São os cães. E os gatos. E os periquitos. E o velho em lágrimas escondidas. Tudo foi tão bom...
A eternidade tem nome. São as janelas fechadas e as luzes apagadas na febre do pequeno doente. A febre alta que trazia coisas e o velho livro relido tantas vezes. Foi tudo tão dolorido...
A eternidade tem nome. É a bola de gude mirada errada e o pião que nunca rodopiou no chão e a pipa que não foi pro alto e a bicicleta que nunca rodou ligeira. Eu nunca fui quase nada...
A eternidade tem nome. Sou eu mesmo! Sou eu mesmo!!!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Febre Alta

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Estou sentindo uma febre alta...
Deve ser aquela tua falta...

Deitado entre as cobertas

O suor na testa me escorre
Me sentindo como quem morre
Em meio a areias desertas...

Estou sentindo uma febre alta...

Meu coração dispara e salta...

Preso entre um meio que sono

Sonho com terras mais distantes
E o suor cai em gotas irritantes
E um calor malvado é meu dono...

Estou sentindo uma febre alta...

Mas é doce como uma flauta...

Eu não sei mais o que há de vir

Nem sei o minuto que é contado
Apenas posso virar para o lado
E tentar aos poucos ir dormir...

Eu estou sentindo uma febre alta...

Deve ser aquela tua falta...

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Psicodelia Número 1

Entre flores de Marte em jardins de Júpiter tive um sonho... Era a bateria de uma escola de samba carpideriando um mundo livre que não temos...  Os velhos esquemas ainda funcionam e muito bem... São cartas marcadas numa grande manga de camisa... Olha que vem lá é eu com a camisa de cores da paz... É quase uma masturbação a vida e a morte do sol... E ver como as pessoas passam pela nossa vida feito um balé mal feito... Eu quero a alegria de doze cores numa caixa de papel... E a agonia bonita dos decalques em livros e afins... A moda do transfer já passou... Mas como tudo que passa eternamente é... Eu esqueci o nome de muitos brinquedos e ainda gosto deles... Os palhaços rodam de cabeça para baixo... Sua roupa é azul e só os vi de lado... O som é bem bonito se não fosse tão feio... A moda sempre é feia... E os mortos sempre felizes... Cada pérola é uma eternidade que nasce na concha... Cavem bem fundo minha sepultura senão saio de lá... Baticum bumbum... As conversas das comadres nas cozinhas em frente a uma caneca de café são mais que um tratado... Vive a simplicidade que é bem mais difícil de se entender... Fumaça de papel queimado e mato seco... Eu bebo laranjadas aguadas e coleciono gatos pretos... E vi minha  mãe tecendo intermináveis artes... Como se fossem noites e dias... Um instante Maestro... A abelha zumbiu em acordes de desenhos... E estéreis sementes brotaram do chão... É dia da colheita do milho e dos pesadelos do milharal... Velhos filmes de terror americanos na tela moderna de meu abuso... Eu quero e quero e quero mais balangandãs em belos pescoços... E minha culpa abusiva de tantos beijos... Noturnamente em pedaços esparsos daquilo que eu era e nunca mais fui... Sou tiros em todas as direções e em todos os gêneros... Línguas dentes e muita saliva... Santa putaria... Conceitos divertidos se transformando em confeitos... Uma letra muda a porra toda... São histórias e estórias num mesmo caderno... Sabão para as roupas brancas do varal e muita tristeza sob o sol... 

(Extraído da obra "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

EntrePalavras

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Eu grito
Eu fito
Eu cito
Eu mito

São grandes palavras em bocas pequenas
Mas às vezes o vice-versa conversa
Vamos soltar os leões em suas arenas
Já vai começar a encenação da peça

Eu ato

Eu gato
Eu rato
Eu mato

São grandes palavras por entre os dentes

Como um grande segredo mal contado
Nós somos pares ou somos parentes
De um enigma que já foi solucionado

Eu danço

Eu manso
Eu canso
Eu alcanço

São grandes palavras presas num olhar

Nunca mais quero vê-las nunca mais
Eu falei de terras de céus e de mar
Faltou o fim e faltou a minha paz

Eu quero

Eu espero
Eu esmero
Eu acelero

São grandes palavras ímpares e pares

Uma calma distração pela manhã
São novos balões cortando os ares
Chamando coisas como um imã

Eu tento

Eu vento
Eu enfrento
Eu aguento

Entre tantas palavras...

domingo, 24 de agosto de 2014

Apenas Versos

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Apenas versos os que eu guardei
Os que eu guardei em algum canto
Como se fosse um acalanto
De tudo aquilo que ainda sofrerei

Apenas versos os mais queridos

Aqueles que aceleraram meu coração
Os que falam de cada uma estação
E dos sentimentos mais doídos

Apenas versos os que eu tenho

Estes serão sempre os meus tesouros
E me levarão aos tempos vindouros
E lembrarão de onde eu venho

Apenas versos apenas versos...

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A Tristeza É Onde

A tristeza é onde? A tristeza é um caminhar vadio por entre calçadas noturnas onde um vento frio faz lembrar de velhos sonhos...
A tristeza é onde? É um rosto jovem envelhecido pelo tempo em que as esperança dançava por entre as flores de um jardim agora esquecido...
A tristeza é onde? É as cinzas de antigas fogueiras que testemunharam um riso franco de antigos namoros agora desfeitos...
E onde ela está agora? Num peito cheio de velhas emoções já carcomidas por uma realidade malvada que teima em não ir embora...
Eu andei por muitos caminhos e a poeira entranhou pela alma como quem morre em cada dia sem saber o porquê. 
Não me veja com maus olhos. Eu sou apenas um menino malvado que desconhecia suas maldades porque nasceu e viveu sem pedir isso...
Eu amei muitos amores calado olhando a idiotice dos seres e a fugacidade das coisas mais caras e mais raras que alguém podia querer...
Levantemos um brinde solenemente para as velhas piadas de final previsível e com a fantasia velha de um carnaval sem brincadeira alguma...
Eis a chave e só falta a porta. Eis o riso e só falta o verdadeiro motivo. Só falta o gosto pois há a língua. E os olhos procuram uma luz qualquer dentro de sua própria cegueira.
Pecados temos e muitos mas somos pecadores inocentes. Não inventamos tais injustas regras e nem tampouco as peças destes quebra-cabeças sempre incompletos.
Os insetos volteiam a lâmpadas. Borboletas e pirilampos já não existem mais...
A tristeza é onde? Está em cada bar e em cada embriagado de planos bons que já nasceram mortos na normalidade de um dia a dia sem problemas...
A tristeza é onde? Onde estamos e o vento já começa à soprar...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Teoria do Difícil

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sim sou eu em meio aos signos de bolsos vazios e sonhos que pesam na cabeça amores não correspondidos e caminhos de pedras onde a esperança não chega vamos abrir mil caixas para o nada e tentarmos ser felizes sabendo de antemão que nada dá são pedras milhares de pedras senhor em velhos sapatos não escolhidos e de vários buracos que só sabem incomodar sou eu senhores o culpado sem culpa de anos e anos intermináveis com a tristeza fazendo fita e a alegria de língua de fora fazendo caretas dignas de uma convulsão sou eu o minuto final em tantos contos que nem conto mais na relação de coisas boas ou más porque elas se misturam mais do que um bom rabo-de-galo sou eu sou eu o único na fila que não esperou vez e companheiro de sóis e da poeira andei feito louco em tuas ruas sem saber onde ir ou sequer onde chegar tudo é diferente em busca de alguma coisa e as alegrias podem ser doces ou amargas conforme a disponibilidade do freguês sou eu o primeiro tiro da guerra e a última bandeira de paz a fome de tantos dias e o barulho da bomba os passos lá me cima do telhado como assombrações de aluguel é março é maio é agosto são três coqueiros que não sei se ainda vivos ou não é um pé de laranja-lima que não foi o da novela é tudo muito preto-e-branco e ainda assim mesmo colorido como velhas estampas de se colar na geladeira norte e sul se igualam pois nunca se sabe onde se vai e mesmo se se soubesse a mente atrapalha a mente esta maravilhosa máquina de tortura que às vezes dói e às vezes queima numa doce febre de inimagináveis figuras que um dia tivemos o prazer de ver o pequeno gato negro dorme sereno no tapete de velho que jaz no chão como jazem as todas coisas sem sinais de aborrecimento ou desespero somente de tédio um tédio como o meu em brancas nuvens eu desaprendi todas as boas coisas e só sei ser eu mesmo de vez em quando mentir é necessário mesmo que dê errado ou seja pra si mesmo se enganar se há alegria e o contentamento é um estranho que nos visita de vez em quando talvez na hora mais imprópria sou um triste mas nem sempre aprecio a tristeza ninguém se acostuma com a dor fora do prazer nenhum cego abomina a luz e torcemos pra que a areia da ampulheta não caia tão depressa assim eu esqueci os primeiros versos que fiz mas eles ainda me cortam como lâminas afiadas na mão de um jovem carrasco eu quero fugir mas não há lugar no mundo onde eu já não esteja quero boas notícias e só isso...

sábado, 16 de agosto de 2014

Era Pra Não Esquecer das Flores

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Eu ainda sou dum tempo que os olhos sorriam
E haviam muitas novidades num coração inocente
Parou! Tudo está parado em pleno ar como pintura
Ou como uma bela foto em tons mais amarelados
O frio não me impede de caminhar pelo jardim
E nem saber coisas que mais ninguém pode saber
Fui eu que dancei em volta das noturnas fogueiras
E respirei todo ar possível que espreitava em volta
Fui eu que formulei mil enigmas para me divertir
E achei todos os atalhos que vão parar no céu
Eu decifrei o enigma de mais de mil esfinges
E juntei as pedras de cada uma destas pirâmides
São minhas as palavras mais rudes de amor
E os beijos que não dei seriam os mais ardentes
Aonde quer que eu estará lá a aventura
E o medo das noites em que o bacurau cantava
Eu ainda sou dum tempo de telas preto-e-branco
E das histórias no rádio que nos enchiam de medo
E de cores que talvez hoje nem mais existam
Temos diante de nossos olhos inocências eletrônicas
E descobertas fantásticas que cabem nas mãos
Como era veloz nossa mais fraca velocidade
E o engano do poder não causava tanta mágoa
De vez em quando se põe uma venda nos olhos
Como era veloz nossa mais fraca velocidade
E o engano do poder não causava tanta mágoa
De vez em quando se põe uma venda nos olhos
E nos lembramos mais uma vez das flores...

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Todo Nosso, Toda Nossa

Todo nosso todo nosso medo
Que nasce desde cedo
E um dia todo vestindo luto
Eu sou o bendito fruto
De uma sociedade agora decaída
É a vida é a vida é a vida!

Todo nosso todo nosso discurso
É como um amigo urso
Que sai distribuindo abraços
Rastreando nossos passos
Temos uma felicidade fingida
É a vida é a vida é a vida!

Toda nossa toda nossa alegria
Que já foi embora um dia
Foi procurar qualquer razão
Hoje é dia de liquidação
Ainda está aberta qualquer ferida
É a vida é a vida é a vida!

Toda nossa toda nossa ciência
Foi um tiro na consciência
Foi apenas um instante perdido
Só há morto não há ferido
E toda causa está perdida
É a vida é a vida é a vida!

Todo nosso todo nosso carnaval
É apenas uma histeria geral
Todo mundo dançando e cantando
Enquanto aquele rio vai levando
Para um grande beco sem saída
É a vida é a vida é a vida!

Toda nossa toda nossa trapaça
Vamos engolindo essa cachaça
Um grande trago sem se acabar
Depois da morte o que mais virá
Talvez uma outra vida se passará
De felicidade antes não tida
É a vida é a vida é a vida!!!!!

Todos os Gatos

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Eram todos num vaivém interminável de belas voltas assim. Dias e dias incontáveis de vários frios e muita chuva. Alguns sóis também. E a felicidade bebida em cada copo depois arrependido de variados sabores. Ninguém o sabe somente o só. Ninguém o diz somente quem perdeu sua voz. Mil vezes mil vezes. E batalhões de esqueletos executando em altos risos a nova dança da morte. Eu mesmo fiquei triste e tive todos os motivos que se possa saber. Um leque de sentimentos foi tudo o que restou. As máscaras envelheceram mas são as mesmas. É o que nos esconde da maldade de um tempo bom. E um duplo prazer de eterna e etérea contradição. Por favor sem discursos nem débeis homenagens. Tudo veio por si até agora. Nada foi ao acaso ou então todas as coisas. É sempre a mesma história. E no final tudo vai bem. Só não sei em que maré. Eu acendi duas velas e pedi pra ser feliz. Há muito que eu andava de cabeça baixa e as mãos nos bolsos. Mas tinha que ser assim mesmo. Fazia parte de um grande enigma em que saboreio palavra por palavra. Nem sei quantas vezes. Faz muito tempo que sou um forasteiro daqui mesmo e tudo cai muito bem. Eu não conto mais os anéis mas conto os dedos. E minhas preciosidades mudaram de cor. As árvores ainda possuem folhas apesar de serem poucas. E o brilho já diminuiu lá no palco. Existem luzes ao longe mas ninguém mais vê. Eram de um passado tão querido como flores em um tranquilo jardim de figuras. Traços desenhados em páginas em branco. E tudo muito simples como fórmulas mágicas. É noite de apresentação. Sessões de cinema em dias de qualquer tempo como sempre foi. O bom rapaz sente o gozo apesar de inexistir maldade. Deve ser assim é assim em passos longos de muita saudade e cansaço. Enganam-se os que acham que eu perdi a partida. Empate é o prato do dia. Não há vencedores nem vencidos. Os crânios estão todos expostos e os encolhedores de cabeças fazem serão. São beijos safados os que eu dei. Não há inocência em minhas páginas e nem em meu sono. Eu durmo com apenas um olho e sei tudo. Sei onde começa o fio e onde ele vai terminar. São dores o que eu sinto e sinto muito. Não sei quantos dias demoram este sarau mas decorei todos os versos. Sei construir frases e derrubar castelos de pedra não de cartas. Os castelos de cartas são mais sólidos e duram muito mais séculos. Prestem bem atenção. Nunca durmam com os olhos fechados. Em cima do muro é que estão as verdadeiras certezas. E no branco do papel surgem todos os versos. O céu é o limite daquilo que não há. E o sonho a única certeza do que existe. É perfume de barbearia. Uísque de pobre. Sessão de cinema na promoção. Roupas com desconto grande. A primeira dose foi a surpresa. Mas a segunda caiu bem melhor. Os cigarros viram cinzas um atrás do outro. Eu não sei gramática como deveria saber mas assim mesmo está bom. Eu não sei rezar mas bato papo com Deus toda vez que me entristeço. Eu são sei voar mas as nuvens estão mais perto do que eu mesmo imagino. Não foram sentenciadas nossas sentenças mas cada agosto vem aí. Eu nunca soube colocar nomes mas sempre soube amar. Eu nunca vi milagres mas as aparições foram muitas e o medo corria ligeiro em minhas veias. Sem enfeites e sem fantasias só aquela antiga de todas os carnavais. Que sorriso bonito e malvado. Anda por onde anda. No meio das estrelas se assim o quiser. Eu confundo todas as coisas e conto todas as histórias. Sou assim mesmo. Uma cara de malvado e um coração mais malvado ainda. Um demônio simpático que sabe chorar muitas vezes. E que bate palmas acaloradamente quando tocam os ciganos. Os violinos e pandeiros em volta das fogueiras. É oito ou oitenta. É a cigana bonita que eu queria na minha cama. Seja minha minha princesa perdoando meus pecados conscientes. Me beija eu gosto muito de ti. Apesar das minhas sujeiras e de tudo o que fiz ao oposto. Nunca mais eu mesmo me perdoarei mas é assim. Eu sou juiz de mim mesmo e me enamoro do mais feio dos mortais. Eu sou o meu carrasco e deixo a vida por um fio. Canto a canção que escurece o ar. A peste ronda todas as portas. E come em todas mesas. Escurece o pão e turva a água. Não há nada que nos salve. Essa é a sentença máxima. Os gatos miam. Todos os gatos... 

Nova Poesia

Eu fiz eu farei e eu faria
Versos meio que abobados
Sem rimas sem meios lados
Mas com jeito com picardia

E vivemos na nova guerra fria
Com a vigilância de novo estado
O que é certo e que deu errado
É viver como quem tem apatia

E não há loucura só há mania
Vamos colocar os cadeados
Os velhos erros são ressuscitados
Todo ano há uma nova folia

E chove muito é uma chuva fria
Estamos todos tão enregelados
Tão esquecidos tão mal amados
Dentro da mais noite mais vadia

É a cabeça cheia é a alma vazia
Não morri mas fiquei entediado
Por não saber qual será o lado
Em que virá a nossa nova fantasia

É a nova história é o jogo a tirania
Já foi viciado todo e qualquer dado
É o tiro que ainda não foi atirado
É o final de toda e qualquer nova poesia...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Primeiro Ato


Eu coloquei a cabeça no teu ombro
Foi um assombro...
E olhei nos olhos que não me viam
E eles sorriam...
É como a primeira luz que a gente vê
Como é bom doer...
E fazer o mais magistral gesto
Depois é o resto...
A vida é uma grande festa
É o que resta...
Façamos então aquele carnaval
Antes do temporal...
É pulo e é festa e é dança
Sempre criança...
Um menino sempre travesso
Sem endereço...
Um poeta bêbado noturno andando
Sempre chorando...

Eu coloquei a cabeça no teu colo

Nem me consolo...
E olhei nos olhos que não me sabiam
Nem abriam...
É como a primeira dor que se sente
Se está doente...
E fazer o mais sincero gesto
Feito protesto...
A vida é um grande enterro
Foi só um erro...
Façamos então um novo festival
Cada um com seu mal...
É silêncio e é luto e é frio
O mesmo vazio...
Um menino sempre peralta
Com febre alta...
Um poeta bêbado dono do dia
Sem alegria...

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ContraMão

São tão poucas as alegrias. Mas são tantos anos vividos. Em cada um um pedaço de solidão. Incontáveis passos pra lá e pra cá numa espera doente que persiste. É o relógio na sala brincando com as horas. São as quenturas de uma mesma febre teimosa que dura há séculos sem nunca acabar. Eu me arrependo senhores. De tudo aquilo que não fiz. Das chances que deixei perder. Eu me confesso de todos os pecados que existiram pelo mundo. Eu sou o mau que só quer o bem. E quem colhe flores pelo meio do caminho. Não pulei cercas. Nem peguei flores em alheios jardins. Eu estou só como o doente largado em seu leito para a morte. Eu sou o mago que perdeu seus poderes sob o sol. Mas guardo um grande trunfo sob as mangas da camisa. Eu tenho versos à granel. E posso usá-los quando eles o quererem. Não que eu fale coisas bonitas. Porque coisas bonitas geralmente sorriem. E os sorrisos sejam eles grandes ou pequenos são mudos. A satisfação sincera sai pelos olhos. Seu caminho é lá. Não tenhamos medo da noite. Façamos novas fogueiras que além de iluminarem afastam o triste frio. Cada um com suas cores. E juntemos todas elas pra uma grande obra. Eu bebi todos os tragos. E se a mente se entorpeceu não tive culpa. Era engraçado tanta coisa que nem me lembro mais. Olhem pra trás. E lá está o mesmo menino assustado de sempre. O brilho do vidro faísca e entorpece as dores. Foi há muito tempo. Lá e cá. Quando nem sabia contar os dedos. E os doces na calçada eram o céu. Muitas calçadas muitas mesmo. E imprevisões seguras sobre os passos que se sucederiam. Aqui e ali. Não me reconheço mais. Mesmo sabendo a solução de todos os enigmas. Logo saberei a hora e isso entristece apenas um pouco. Cada um tem seu sono bem profundo. Mas tudo continua no mesmo lugar quando nossa vista escurece. Permitam-me encenar a peça enquanto ainda existem cortinas. Permitam-me um último riso debochado como sempre dei. Era um riso de rio de coisas que acabam acontecendo. A sorte está lançada. E nós que vamos viver te saudamos ò Cesar! Muitos pontos e poucas exclamações. Nada de vírgulas. Nesse meu idioma de muitas pátrias. Nessa minha explosão de muitos tiros. Minha ampulheta só conta trinta segundos. E o velho carro vai seguindo na contramão...

sábado, 9 de agosto de 2014

Pequeno Poema de Chuva


Chove...
Como outros dias choveram
Eram dias frios
Como rostos tristes
E lágrimas antigas...

Chove...

E as gotas são números
De uma grande conta
Que nunca acaba
Nosso coração batendo...

Chove...

É um grande colar de pérolas
Que escaparam do fio
E vão caindo numa dádiva
Sem ter pra quem...

Chove...

Chove e chove...
Como vai molhando meu rosto...

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Versos Gerais


Alegria geral
Moscas de quintal
Tudo sensacional
Deu no jornal

Eu repito as sete cores

E pinto meus amores
Já senti todas as dores
Somos todos atores

Nasceram as estrias

Correram os dias
Fecharam-se as alegrias
Somos estrelas vadias

Era quase ontem

Já desabou a ponte
Saudades tenho um monte
Andando para uma fonte

O que é a fé?

É tomar um café
Eu vou vindo à pé
O que era ainda é

Corre cada semana

O sangue em Copacabana
Ele é um cara bacana
O meu jantar é banana

Eu nunca fui tão feliz

Viver é somente um triz
A morte é uma atriz
É o silêncio que diz

Estrearam a peça

Foi bom à beça
É no fim que começa
É isso que interessa

Caíram todos os aviões

Correram todas razões
São invernos nossos verões
Maçãs uvas e melões

Desço a escada subindo

Todo meu choro vai rindo
Seja meu inimigo bem vindo
A saudade e a dor vão bulindo

Eu quero bem mais e bem mais

Muitos e mais novos carnavais
Já vêm chegando os vendavais
Há muitos dias de guerras e paz

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Manipulação Social, Estado das Coisas



Só coma aquilo que for indicado mesmo que faça mal.
Só pense e tenha idéias que foram mandadas por moda.
Só vista a camuflagem que cobre as nossas fraquezas.

É a contagem regressiva para o fim do ser.

É o dia à dia com preocupações mais vãs.
É a falta do tempo que vai indo aos poucos.

Só conte histórias que nunca foram acontecidas.

Só beba aquilo que faz mal para cada célula.
Só pense pequeno de acordo com a mesquinhez humana.

É hora de assistir a novela que traz valores estranhos.

É a chance de ser rico e morrer cercado de solidão.
É o estado que vai delicadamente matando o paciente.

Só toque os acordes que doem aos seus ouvidos.

Só faça versos medíocres que não falem mais nada.
Só seja cheio de um grande vazio que preenche o peito.

É hora de rir da desgraça alheia em belas manchetes.

É o momento de aqui estarmos sem saber quais os motivos.
É a nossa chance de discursarmos sem saber a razão.

Só estamos na beira do abismo do comum normal.

Só fazemos aquilo que nossos votos loucos mandam.
Só existe a alegria de vermos cada choro alheio.

É hora de abrirmos nossa boca cheia de dentes amarelos.

É a vez de um tango argentino mostrar nossa trajetória.
É o decreto do estado de calamidade que vai o mundo.

Só há beleza real naquilo que nunca podemos ver.

Só há ternura naquilo que nos passa desapercebido.
Só há verdadeira estrutura na leveza que há no ar.

É hora de jogarmos inúteis coisas para cima.

É a vez de esquecermos regras vencidas e tortas.
É chegada a hora de um novo e verdadeiro carnaval.

Só coma aquilo que for indicado mesmo que faça mal.

Só pense e tenha idéias que foram mandadas por moda.
Só vista a camuflagem que cobre as nossas fraquezas.

domingo, 3 de agosto de 2014

Problemas Problemáticos

O cara deu de cara no muro
Acabou perdendo todas expectativas
O passado persegue nosso futuro
Enquanto más lembranças estão vivas

O medo vem por todos os lados
Todos os dias há mais novas invenções
É quando cometemos velhos pecados
E vão repetindo em todas as estações

Estranhos medos estranhos costumes
À toda hora a casa treme está pra cair
Várias luzes noturnas que nem vaga-lumes
É a nossa hora de dar tchau e sair

O cara caiu no fundo de um poço
Não existe corda pra poder puxar
É o silêncio é o fim do alvoroço
Não há mais hora pra poder se amar

O cedo vem por todos os lados
Todos os dias há mais novas contradições
É quando reconhecemos que fomos errados
E vão se extinguindo nossas razões

Estranhos medos conhecidos fantasmas
Está tudo bem escondido lá no porão
E pelos caminhos surgem diversos miasmas
Que já tiram toda a nossa razão

O cara deu de cara no muro
Acabou perdendo todas expectativas
O passado persegue nosso futuro
Enquanto más lembranças estão vivas...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...