sábado, 11 de agosto de 2012

Tempo


Um tempo para todas as coisas. Ou tempo para coisa nenhuma. Em eternas contradições como cartas na mesa. Ou na manga. Se assim o quiserem. Tempo de ser. Ou de estar. De fazer qualquer coisa. Ou simplesmente parar. Tempo de ser são. Ou então desvairar. Alçar voo pro alto. Ou ainda desabar. Carpir ou dormir. E de novo acordar. É carnaval em Veneza. Ou na sala de estar. Enquanto se tem a certeza. Que nada vai nos mudar. Que somos o que somos. Que às três é hora do chá. E depois vem a novela. E logo após o jantar. E o sono não é dos justos. Sábios só vão cochilar. Porque à qualquer hora. O telefone está à tocar. Trazendo sérias notícias. Que a bomba vai estourar. E que se preparem os fogos. Nós vamos comemorar. O fim da picada. O fim da piada. A foda maldada. Que cismaram de dar. Vamos salvar o planeta. Vamos saudar o Orixá. Vamos surfar entre as nuvens. Vamos fingir respirar. Vamos achar que gostamos. A nova moda de lá. É hora de ser meu amigo. Também hora de me amar. Faz tanto tempo que eu digo. Você não quer escutar. Apesar de todo perigo. De me enciumar. E quebrar todos os pratos. Ficar de pernas pro ar. Ou escrever cartas de adeus. Mas nem por isso acenar. São lugares-comuns. Tudo que eu posso rimar. A rima perversa que falta. Nunca mais vai voltar. Rasgaram outros versos. Deixaram alguém levar. E se estão aqui dentro. Não tem como incomodar. Eu nunca fui ao teatro. Nem sei mais como é chorar. O álcool sobe à cabeça. Mas é preciso andar. Andar pesando tudo. Pesando tudo que há. Nada é diferente. Só basta olhar. Bondade ou maldade. Não ver ou amar. Um tempo para coisa nenhuma. Ou para todas as coisas. Em eternas contradições como sempre foi. O que sempre será...

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Poesia Gráfica LXXXVI

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