sábado, 4 de agosto de 2012

Não Sei Quantos Passos


Não sei quantos passos dei... Não sei quantos passos ainda irei dar... Os passos por si mesmo existem... Os passos por si mesmo se dão... Os passos sabem por si mesmo a direção... E sua natureza determina se param ou não...
Não sei quantos passos dei... Não sei como na verdade se apresentam... Uns trôpegos... Outros resolutos... Uns sujos... Outros impolutos... Uns fáceis... Outros quase não... Uns querendo... Outros de pura aflição...
Não sei quantos passos dei... Não sei quantos restam... Se neles encontrarei algo que valha a pena... Ou daqueles que existem sem ter porquê... Uns para que todos vejam... Uns para que se faça poeira... Serão uns de propósito... Ou sem querer serão... Uns vão ser a maneira... E os outros apenas a questão...
Não sei quantos passos dei... Em tristes começos de semana com chuva... Ou em finos domingos de alegres passeios... Eram férias... Ou o alegre pesadelo de todo dia... Era tudo bom... Era tudo tão... Verdade ou não... E eu não sabia se era doente ou são... Se eu era mau... Ou se eu tinha um coração... Se tudo era vida... Ou uma assombração... Se eu estava a salvo... Ou se começou a estação...
Não sei quantos passos dei... Se realmente foram passos... Ou se na verdade não saí do lugar... Se me valeram à pena... Ou se foram perda de tempo... Se os fiz como uma pintura inútil... Uma pichação num muro qualquer... Nada significando... Ou com alguma significação... De estar vivendo... De estar respirando... Ou ser apenas impressão... Eu mesmo nem estar notando... Que acabou... Que foi em vão...
Não sei quantos passos dei... Quem foi verdadeiramente o mestre de tal façanha... Se há um sentido nisto tudo... Ou se o verdadeiro objetivo são apenas os passos... Se os passos são ilusões perdidas... E verdadeira só mesmo a rua... As ruas são inúmeras... Ou apenas há uma... Que se disfarça bem aos nossos olhos... Não saímos do lugar... É que nem um filme... Pura encenação...  Acelere o carro... Estamos em contramão...
Não sei quantos passos dei... E os repeti em versos pobres... Sem propósito... Ou com todos eles de uma vez... Todos os sentimentos em um só... Inocente e bárbaro... Rude e terno... Ou cheio de tesão... Feito de olhos... Ou feito de mão... Como água parada... Ou bomba em explosão... Todo de sim... Ou todo de não...
Não sei quantos passos dei... A cabeça roda... A febre começa... Eu sou um cidadão do mundo... Ou abuso de reticências e lugares-comuns... Escrevo mal... Se é que escrevo... A culpa nunca foi minha... E quem teve culpa inocentado foi... Foi uma página virada faz muito tempo... Num grande livro nem sei quantas vezes relido... Mesmo que varie a forma... Eu sou um cidadão... Que não conta passos... Não conta não... E que caminha sem direção... Com pés em exaustão...

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Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...