O poeta
que vos fala não é mais humano. Isso foi num tempo muito antigo. Em que chorar
parecia ser o mais certo. Mas nada adiantou. Em que viver parecia ser uma coisa
boa. E foi apenas um engano. Em que o menino existia atrás dos sonhos. Mas eles
correram bem mais rápidos.
Quem vos
fala não tem corpo. Quando muito pés cansados de uma jornada sem caminho. E
olhos atentos ao que não existe mais. Sumiu o dia. Sumiu a paisagem. Sumiram os
detalhes. Mas o resto ficou. Saudades são venenos que circulam pelas veias. E
não há antídoto que os cure.
Pare com a
música um momento. Um minuto de silêncio. Por favor. Pela morte de cada objetivo.
Pelo desvario de cada bom senso. Pelo fracasso de cada plano arquitetado. Mesmo
que pareça ter tido sucesso. Um minuto de silêncio. Por favor. Para nossas
desculpas esfarrapadas e egoístas. De que cada problema não é nosso. E que
seguimos por cima de outros cadáveres. Podem continuar agora. Música maestro.
Por favor.
O poeta
que vos fala. Nem disso merece ser chamado. Ele escreve coisas malfeitas em sua
ignorância. E não recebe visitas para seus versos rudes. A poesia é como ele.
Em preto e branco. Maciça. Sólida. Mesmo quando tenta ser terno e delicado. E
seu doce sempre amarga.
Um café. Por
favor. E mesmo que seja politicamente incorreto. Um cigarro também. Mesmo que
matem. Estão nos versos. Como tudo o mais. Que também mata. Algumas coisas mais
rápidas. E outras de formas mais lentas. Alguns parados na esquina. Outros sei
lá onde. Mas que estão. Isso estão.
Nunca mais
reclamarei. E os rostos que me olham. Não me amedrontarão. Nada falam. Nada
comentam. Não querem se comprometer. Mas está bom. Eu mesmo pergunto. E eu
mesmo respondo. Eu mesmo grito. Eu mesmo xingo. E bato palmas para meus próprios
absurdos.
O poeta que
vos fala. É o mesmo. Hoje e sempre. Um menino brincando com as nuvens...
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