quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dizia o Mestre


Todo possível é pouco!
Todo plausível é louco!
Dizia o mestre sem escola
Sentado numa sarjeta
Enquanto pedia esmola...
Esmola não! Gorjeta!
Velho de barbas brancas
Contava as suas pratas
E parava para ver as ancas
Das pedestres mulatas!

Um pão vale tanto!
Nada vale o pranto!
Dizia o mestre esfarrapado
Sentado numa calçada
Vendo este mundo errado
Que nunca vale nada!
Velho de trapos puídos
Bebendo sua cachaça
Ouvindo apenas ruídos
De carros e sua fumaça!

Nos apetece a quimera!
Nos arrefece a espera!
Dizia o mestre banguela
Com sua bunda no chão
Esperando o fim da novela
Que será num caixão!
Cada um e seu destino
O destino eterna procura
O velho atrás do menino
E a doença aguardando cura!

Todo desastre é iminente!
Todo contraste é indiferente!
Dizia o mestre esquisito
Sentado no meio do lixo
Achando tudo bonito
Menos o humano bicho!
Velho sem ter parentes
Velho sem ter amigos
Com seus olhos inocentes
Apesar de tantos castigos!

Todo possível é pouco!
Todo plausível é louco!
Dizia o mestre sem escola
Sentado numa sarjeta
Enquanto pedia esmola...
Esmola não! Gorjeta...

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