domingo, 5 de agosto de 2012

Erótica N° 1

São só perfumes. Com pequenas fadas voando em transe. E eu e você. E sei mais quem. Não bebemos chá algum. Nem qualquer outra dose. Mas estamos tontos. Meu amor. O que aconteceu?
São apenas toques. Mas parecia que a eletricidade nos atacou. E o que doeu foi o que tivemos de melhor. Pontos e pontos acesos. Como florestas numa escura noite. Tem medo?
São apenas palavras. Tiradas de um velho almanaque. Ou escritas num banheiro velho. Célebres frases celebradas.  Ou xingamentos perdoáveis e sem malícia. Posso falar?
São só vertigens. Tonturas que passam. Rodamos que nem pião. É sol na cabeça. Ou a quentura da coberta. Um adeus definitivo com cara de até logo. E mãos que nem pelúcia. Cadê meu afago?
São apenas uns doces. Meio amargos às vezes. Mas que fazem minha boca salivar. Eu quero. Quero sim. Mas agonizo ao esperar meio segundo. Me exaspero por qualquer tempo. E sinto febre. Fechem as cortinas. A luz me cega. Quero escutar a música do silêncio em minhas narinas. Poderia me beijar?
São olhares inocentes. Como para velhas revistas. Onde velhas imagens são velhos sons. De um rádio antigo. Ou de uma radiola encostada num canto qualquer. Discretamente disfarçada. Orgasmo de velhos corpos sem se mexer. O gozo congelado. E bom. Quem quer ser meu?
São apenas rostos. Como belas máscaras de um carnaval sem Veneza. Não há barcos. Mas há ondas. Muitas delas. Sem mar. Mas ondas. Como chás e outros tabus. Nem me chamem. Mesmo estando lá. Lá e aqui. Em desesperado estado de tranquilidade. Leões domados que se recusam a sair de suas jaulas. Ali ficarão esperando a morte. Escutou meus gemidos?
São apenas partes do teu corpo. E minha boca invade com o mesmo ânimo de sempre. Conhecendo ou não. Querendo mesmo quando cansado. Repetitivamente. Como quaisquer reuniões entre amigos. E besteiras ineditamente envelhecidas. Superlativos adjetivados num idioma que sempre falei. Mas que na verdade não quis conhecer. Não entendo nada. Mas conheço o velho caminho. Posso entrar?
São apenas sons. De coisas engraçadas. Ou gemidos ensaiados. Num falso prazer convincente. Que engana a si próprio. Mitômano. De seis em seis versos enigmáticos. Sextetos. Jogos infantis. Bicos de seios. E outras façanhas. É minha vez?
São apenas alguns goles. De um grande copo sem sossego. E cheio até a borda. Servido?...

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