segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Pílula

 

Estado de alívio quase imediato

Ascensão da queda da maldade

Ave, César! Ave, César!

Vida e morte igualmente parecidas...

Urnas luxuosas e esteiras de taboa 

Cumprem o mesmo rotineiro papel...


Febre de delírio que nos cerca

Epidemia de apatia mundial

Ave, César! Ave, César!

Ovelhas e lobos para o mesmo abate...

O corpo e a alma tão unidos

Em suas necessidades mais urgentes...


Zona de conforto que embosca

Sentados até o final dos tempos

Ave, César! Ave, César!

Tubarões e sardinhas na mesma água...

O sonho e o pesadelo chegaram

Para cumprirem seu mesmo papel...


Mentira piedosa que nos preserva

Agora temos todos os motivos para rir

Ave, César! Ave, César!

Moços e velhos na mesma fila do SUS...

O espelho e a máscara proclamam

A mesma sentença para execução...


Contém apenas uma grama e basta

Toda novidade jogada num canto

Ave, César! Ave, César!

O loucos e os sãos para o mesmo destino...

As sobras e o prato principal esfriam

Porque o tempo não aceita desculpas...


Estado de declívio mais imediato

Ascensão da queda da obviedade

Ave, César! Ave, César!

Vamos sobreviver e te saudamos...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...