domingo, 25 de fevereiro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 251

Pular a cerca. Atravessar o cerco. Tentar estar em mais de um local ao mesmo tempo. Meu corpo aqui e minha alma lá. Nas nuvens, em algum lugar que não existe mais. Velhas paredes caídas. Velas que depois de acesas foram consumidas. Sem adiantar choro algum. Perguntas óbvias de um idiota. Nada mais a declarar. Tudo envelheceu com num pesadelo com efeito especial. Especialidade da casa. Alguns enigmas impossíveis. Por trás do filme, uma realidade. Por trás da novela, um drama possível...

...............................................................................................................

Galope de todas as letras. Toda forma de horror. O poeta é um idiota. Sua grana nada vale. Tudo morre. Até carpas longevas. Ao seu modo o ouro acaba enferrujando. Impossível? Nada é. Principalmente o que nos parece ilógico. Ali está a sombra do que fizemos. Farelo de pão. Resto e resto. Todo segundo passo é o que vai acabando. Todo olhar é cego. Palavra gaguejada antes do discurso. O mel acabou comendo o urso. Que seja bem explicado aquilo que não possui explicação. Pelo menos agora. Caso queira, dentro do armário está. E sob o tapete alguma sujeira inconfessável. Todo velho foi um dia. Vamos fazer da desesperança um sorvete?

...............................................................................................................

Eu estava calado - juro. Nunca estive tão calado como naquele dia. O meu paciente tem alguma chance de sobrevida. Ainda falarei alguma frase de fatal efeito - esta é minha meta. Espalharei a poeira do chão com meus pobres pés. Virarei as costas e sairei andando. Bobos. Perderam o doce que caiu do bolso. A moeda rolou na calçada e outrem achou. A fila nunca andou, permaneceu aonde estava. Eu ainda sinto um pouco, mas um pouco só. Pretendo me esconder em cavernas sombrias. Toda maldição tem um pouco de solene inocência. A farda do general está rasgada. Nem os ossos são brancos se não forem limpos...

...............................................................................................................

Todo fato atravessa o tempo. É uma flecha que parou depois de seu alvo atingido. Os átomos? Esses continuam em sua dança. Pelo tempo que não passou. Nossos olhos é que são cegos. Nossa mente acaba confusa. O pianista continua tocando. A bailarina continuará sua dança sem exaustão alguma. O gosto doce ainda ri do amargo que acabou chegando, Eu, você, nós, não temos mais noção alguma. Somos pássaros e não percebemos isso. Tudo é um tango. E um mambo também. Não esqueçamos do samba que estava no ar. Não é necessário carnaval, estrelas bastam. Um pouco de ar para cada um, eis a meta.

...............................................................................................................

Exclamo até não poder mais. É isso! As reticências guardo para momentos estratégicos... As interrogações para outras. Será? Ontem eu xingava o que louvo agora. É tão comum sermos apenas uns idiotas... O perdão é algo que aprendemos só para nós mesmos. Atrás de um erro, virão muitos outros. Mais uma dose e só. A ressaca é nosso arrependimento no dia seguinte. O bem comportado é que quebrou a louça. Eu vi mais um pouco. Por isso estou aqui sangrando. A letra da música pouco importa. Todo misticismo acaba sendo prático. Todo absurdo quase inatingível. A piedade está em falta no mercado. Os balões já estão caindo. Exclamo até não poder mais. É isso! As reticências guardo para momentos estratégicos... As interrogações para outras. Será?

...............................................................................................................

Desceu a ladeira e não subiu mais. A nova moda é conseguir os cobres em troca da paz. Não sabemos onde estamos? Ah, agora tanto faz. Alguns minutos ou alguns segundos, tanto faz. A cor vigente é o tom lilás. Estamos bebendo nosso aguarrás. Já diziam o profeta que enfartou, um tempo atrás. Eram tempos idos, tempos abissais. Em que eu fugia do capataz. Rimas bonitas, rimas feias, agora tanto faz...

...............................................................................................................

Ela subiu o morro com seu novo penteado fruto de um dia inteiro. Muitas vezes subiu, muitas vezes desceu, menos uma... Ele subiu também, desceu igualmente, menos uma. Onde estarão os dois? Onde estarão mais alguns? A minha curiosidade acaba estrangulando meu coração com suas perguntas, perguntas inocentes e malvadas. Estarei também morto e nem noção tenho disso?

...............................................................................................................

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...