sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 250

Pegou um pouco de óleo queimado no mecânico do bairro. Espalhou nas roupas velhas que separou para o grande dia. Deixou já guardado um saco que pegou no mercadinho. Aquele chinelo velho não poderia faltar. Vários jornais para colocar no saco. Tudo pronto. Passar parte do óleo no rosto e nos braços e nos pés. Colocar a roupa velha e suja. Saco cheio dos jornais em suas costas. Durante os dias dormiria na rua e comeria o que lhe dessem. Dormiria pela rua nas calçadas da cidade. Beberia muita cachaça e cerveja. Depois somente no próximo ano. O autêntico mendigo do carnaval. Imaginaria que existem outros que esta é a realidade?


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Todos juntos para ficarem sós. O pássaro caiu do alto do ninho. Todos unidos para morrerem sozinhos. A maré secou de repente e nada mais podemos fazer. Rir é uma estratégia, nada mais. A felicidade é um perigo como outro qualquer. Tudo é apenas uma merda questão de detalhes. Depois do tudo, o nada. E do nada acontece novamente. A ternura é tão necessária quanto respirar, só que dói menos, mesmo que doa também...


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Choro sem choro é o que agora temos. Valeu a pena não ter valido nada. Oremos pela volta do efêmero. Peçamos que os dias não se suicidem como antes. Que os passarinhos não caiam do galho. E que o tombo fatal das folhas seja menos rude. Choro sem choro é o que agora temos. Toneladas! Transformações milagrosas e patéticas. Mórbidas e estéticas. Nossos relógios enlouqueceram. A sitcom entrou em recesso. E os carrascos voltaram de férias. Choro sem choro é o que agora temos...


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Eu quase virei pião. Eu quase virei redemoinho. Eu quase virei estrela. Eu quase virei passarinho. Eu quase virei herói. Eu quase virei vilão. Eu quase virei verdade. Eu quase virei silêncio. Eu quase virei marca. Eu quase virei sono. Eu quase virei rua deserta. Eu quase virei choro sem vela. Eu quase virei possibilidade. Eu quase virei beco escuro. Eu quase virei prato vazio. Eu quase virei resposta sem pergunta. Eu quase virei oração sem fé. Eu quase virei um inseto na parede. Eu quase virei eu mesmo...


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Águas boas, águas más. Tudo aquilo quer podemos e não. Onde estarão nossos brinquedos? Muitos espelhos foram quebrados. E certas ilusões afastadas para longe. Não sabemos de forma exata o que existe e o que não. Derrotas e vitórias são tatuagens mais ou menos escondidas. Nossa pele tem boca. E nossa alma possui vários olhos. Nunca mais somos o que há um segundo. Escutamos nossos próprios passos. E não mais...


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Dentro de dentro de dentro

Exageros calculados

Para uma liberdade urgente

Mais de um par de asas

E muitos abismos fáceis

Que meu barco possa enfim

Evitar certas sereias...


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Na medida do possível

Engoli todos os amargos

Fui para todas as festas

Mesmo as sem convite

Contei as ondas do mar

Com incrível calma

Como condenado

Fumei mais um cigarro

Evitei de perguntar

Sobre ausentes amores

Na medida do possível...


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Um comentário:

Carliniana XLV (Indissolúvel)

  Plano A... Plano B... O amor é uma pedra Que teima se dissolver na água Quem poderá consegui-lo? Plano A... Plano B... O pássaro encontrou...