Estilhaços de vidro em meus olhos
Cidade canalha que só sabe mentir
A roupa suja mofa num canto qualquer
A gaze dos meus ferimentos apodrece
Eu vejo o mesmo filme tantas vezes
E engulo os restos que achei na rua
Meu sim é um não com todas as letras
E eu acabei me esquecendo o que era
Ela me mostra seu mais belo rabo
E todas as impossibilidades me atacam
Grânulos de veneno em minha boca
Pedaços de carne podre que me pertencem
Gasto muitos segundos para entender
A obviedade daquilo que não existe
Meu instinto da mais pura covardia ri
Não sei se acho graça ou me desespero
Ela ficou nua em plena praça pública
Não faz diferença alguma para o mundo
Já que este cai em inúmeros pedaços
Calem a boca donos da podridão real
As suas notas geniais agora desafinam
A minha loucura é bem vinda pelos cantos
E a sua raiz nunca há de secar jamais
O bem comportado rebelde falhou
E os cordéis dos marionetes chegaram
Os gladiadores tomam chá com torradas
Não tenhamos mais desespero algum
A nova remessa de leões há de chegar...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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