Borboletas em solene desvario
Suicidam-se bailando com gatos...
Um novelo de lã caiu do sofá
E foi esquecido no chão da sala...
Ah! Como gostaria de beber
Um delicioso copo de nuvens...
Sua bunda foi vista pelo mundo
Exibida no novo site pornô...
Correntes de prata bem nova
Para bem mais velhas ideias...
O vendedor de uvas estragadas
Vendeu a sua própria alma...
Quero contar as gotas de chuva
Até que não exista mais infinito...
Todo tesão de um anonimato
Com suas facas apontadas ao léu...
Um pescador de vãs ilusões
Que também sempre foi iludido...
Toda semana tem um martírio
Até que seu réquiem seja feito...
Acabei de vasculhar com ternura
Cada passo dado em desvario...
Toda festa é mais um antepasto
Para o luto que acabará vindo...
Vagas aranhas em azul-claro
Experimentam novos cosméticos...
Toda maldade sabe disfarçar
O seu mais real objetivo sorrindo...
O vestir é uma grande arte
Mas o despir é uma arte maior...
Eles beberam toda champanhe
Enquanto se roçavam febrilmente...
Poetas acabam caindo de abismos
Mesmo quando tais não estão lá...
Queremos sorrir mesmo sem a graça
De alguns clowns que andam por aí...
Borboletas em solene desvario
Suicidam-se mergulhando em águas...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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