domingo, 21 de janeiro de 2024

Nada (Tudo?)

Borboletas em solene desvario

Suicidam-se bailando com gatos...

Um novelo de lã caiu do sofá

E foi esquecido no chão da sala...

Ah! Como gostaria de beber

Um delicioso copo de nuvens...

Sua bunda foi vista pelo mundo

Exibida no novo site pornô...

Correntes de prata bem nova

Para bem mais velhas ideias...

O vendedor de uvas estragadas

Vendeu a sua própria alma...

Quero contar as gotas de chuva

Até que não exista mais infinito...

Todo tesão de um anonimato

Com suas facas apontadas ao léu...

Um pescador de vãs ilusões

Que também sempre foi iludido...

Toda semana tem um martírio

Até que seu réquiem seja feito...

Acabei de vasculhar com ternura

Cada passo dado em desvario...

Toda festa é mais um antepasto

Para o luto que acabará vindo...

Vagas aranhas em azul-claro

Experimentam novos cosméticos...

Toda maldade sabe disfarçar

O seu mais real objetivo sorrindo...

O vestir é uma grande arte

Mas o despir é uma arte maior...

Eles beberam toda champanhe

Enquanto se roçavam febrilmente...

Poetas acabam caindo de abismos

Mesmo quando tais não estão lá...

Queremos sorrir mesmo sem a graça

De alguns clowns que andam por aí...

Borboletas em solene desvario

Suicidam-se mergulhando em águas...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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