O algoz
perdeu a voz
O carrasco
fez um fiasco
O cruel
caiu o véu
O malvado
foi derrotado
Mas o óbvio
continua por aí...
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Mágica falida
Tesão cortado
Uns pés...
Coração hediondo
Amor às avessa
Porta fechada...
Momento perdido
Cor sem cor
Apenas momento...
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Escutei um som nesta madrugada, quase tomei um susto. Os sustos são surpresas malfeitas, pode anotar aí. Meus olhos ainda adormecidos, pobres coitados, estavam se acostumando com a escuridão. Será algum mal noturno? Ou o mal sou eu mesmo? Minhas mãos tão trêmulas, não queriam sair debaixo da velha coberta, nem eu mesmo quereria sair de relativo conforto. Era a única ação que poderia fazer. Eis um velho tropeçante, no meio da noite, indo ao banheiro. E o som? Ah, sei lá! Pode ter sido um pesadelo abortado...
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O tempo tem seus ardis... Engana aos jovens parecendo eterno. Mente descaradamente aos amantes. Dá uma rasteira bem dada nos que se acham corajosos. Derruba paredes como um passatempo. Tira as cores como se fosse seu trabalho de casa. Quebra todos os vidros como um menino malvado. Apaga a chama com o sopro mais forte. Rasga a roupa nova e faz dela velha fantasia. E ainda se repete desfazendo toda a lógica. Quantos ardis ele tem...
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Está aqui e está lá. A velha cena eternizada entre as nuvens da internet que mesmo impassível gargalha. Está aqui e está lá. A cena congelada ao bel-prazer de quem assiste indiferente. Está aqui e está lá. O choque da eternidade em cada segundo contado com relativa avareza. Está aqui e está lá. A magia da senha que pode ser vida, mas também pode ser morte. Está aqui e está lá. O beijo dado que será ou não como um lapso da memória que nunca falha. Está aqui e está lá. O recorte do jornal sem papel que mostra uma obviedade como não deveria ser. Está aqui e está lá. Até que tudo termine...
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Tudo em riba?
Um cão andaluz sem luz...
Uns poemas feito dilemas...
A ema parou de gemer...
E os trens já descansam...
Todo possível dorme...
A farda está desbotada...
Ameixas não tem queixas...
Tudo em riba?
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Cada nome uma fome
Cada um deus-dará
Quem quiser que tome
O remédio que matará...
Sinas são apenas o que são...
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Se misturar palavras aleatoriamente
Talvez disto surja uma poesia
Agora os absurdos estão na moda
O que é medíocre bem mais ainda
Enquanto isso borboletas e mariposas
Assinam um tratado de paz...
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Ela perdeu o pé
Ele perdeu a mão
Por que esconder o fatal?
Ela caiu na rua
Ele caiu no golpe
O destino nem sempre agrada...
Ela traiu rindo
Ele trai sem pena
Não somos assim mesmo?
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