O poeta come mangas fora da estação
Sonha com sonhos de uma rude realidade
Sob um dia ensolarado haverá chuva?
O poeta cata as cinzas de um crematório
Para desenhar nas paredes do banheiro
Daqui mil anos vai ser talvez lembrado?
Todos os marginais vestiram seus ternos
E até a rebeldia pediu seu armistício
Porque o tudo costuma resultar em nada...
O poeta acaba rindo perdendo a graça
A piada era de vidro e caiu e se quebrou
Por que todos os dramas acabam repetindo?
O poeta tentou voar e a aeronave caiu
Esqueceu de que tinha asas para fazer isso
Resta a dúvida: ele era anjo ou demônio?
Todos os heróis têm medo e saem correndo
Nem toda a amizade é feita para sempre
E todo amor tem seu prazo de validade...
O poeta teve que engolir algumas palavras
Já que a ditadura dela acaba nos atingindo
Que plano maligno existe para as ovelhas?
O poeta agora não pode falar de tristeza
Mesmo quando ela é tudo aquilo que temos
Por que a tristeza dá tão grandes passos?
Pois a raça humana é inimiga de si mesma
Não adianta encerrar a temporada de caça
Se as armas ainda estão nas mãos de todos...
O poeta ainda tem suas mãos tão trêmulas
Um verso novo acabou de surgir do nada
Será este o mais derradeiro de todos eles?...
(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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