Nem toda ideia corresponde com a verdade... Eis o sapato por exemplo. Falou nele, vem logo a ideia de pés, mas não é, nunca foi, nunca será. O desenho de um sapato, o representa, acaba sendo ele, mas não é. Quem poderá calçar um desenho de sapato e sair andando por aí? Salvo num desenho animado, no mundo das realidades, nunca acontecera. E se o sapato for real? Depende... Se o proprietário dele tiver dois pés (ou pelo menos um) e eles forem do tamanho exato destes ou maiores, poderão ser calçados sim, se não forem, continuarão sendo sapatos, mas sapatos sem uso. E se forem, de alguma forma, transferidos para outrem? Precisarão das mesmas condições para cumprirem seu papel. Prossigamos. Jogado no fogo, com alta temperatura, não serão apenas mais sapatos, serão sapatos aquecidos, depois de um certo tempo, sapatos queimados, não mais simplesmente sapatos. E se o fogo cumprir seu papel, serão inicialmente, sapatos queimados, após determinado tempo, cinzas de sapatos. As cinzas em si quase igualam tudo. Mudemos então, os sapatos não foram dados, nem incinerados, foram jogas na água. O que acontecerá? Não serão apenas simples sapatos, serão sapatos molhados (se água for em estado líquido ou sólido). Sapatos molhados são sapatos do mesmo jeito, porém com uma condição diferente - estão molhados. Agora vejamos algumas das outras possibilidades. Os sapatos não foram usados, nem queimados, nem jogados em água, foram arremessados. O que acontecerá com eles? Viraram sapatos voadores? Acreditamos que não, voar é se deslocar no espaço, mas não depende de um simples arremesso na maioria das vezes. Nosso idioma acaba prejudicando tal percepção em sua forma. O sapato (ou os sapatos) foi (ou foram) arremessado (s), o que aconteceu? Deslocaram-se pelo espaço na direção do arremesso, primeiramente numa trajetória reta ou ascendente e após o término da força utilizada junto a outras condições explicadas pela física, acabará acontecendo sua queda. Não são mais sapatos arremessados, são sapatos caídos. Da forma que isso acontecer e onde estarão será formada uma ou mais condições diferentes. A queda acontecerá no local mais longe que a força empregada conseguiu e na pose que conseguiu. Mas continuemos nossas indagações. Sapatos possuem cheiro. Não são como a água que em seu estado puro é considerada inodora. Qual seu cheiro? Possuem cheiro de sapatos. Antes, até uma determinada época, a maioria dos sapatos tinha cheiro de couro. Isso sem contar com os sapatos conhecidos como "tamancos holandeses" que são de madeira e, portanto, possuíam originariamente cheiro deste material. Mas como dissemos, os sapatos, em sua maioria, tinham cheiro de couro. Note-se também que não estamos falando de chinelos ou sandálias, que são calçados, mas não são sapatos, já as botas ou as galochas (independente do gênero). Muito menos dos tênis ou dos sapatênis, invenções um pouco mais modernas. Pois bem, os sapatos tinham cheiro de couro. Pelo menos, inicialmente. O que podemos também dizer que possuíam cheiro de sapatos novos. Com o tempo, se não fossem usados (função para qual geralmente são criados), acabavam adquirindo uma mistura básica de cheiros - o cheiro do couro, ainda presente, o cheiro dos pés do seu usuário e mais uma gama de cheiros adicionados de acordo com as suas condições de uso. Poderiam ser sapatos bem cuidados e que possuiriam um cheiro não mais novo, mas, digamos, "normal e aceitável". Porém, se por uma série de condições que inumeráveis, adquiririam um cheiro não muito agradável para a maioria das pessoas, isso seria um sapato provido de mau-cheiro, um sapato malcheiroso. Com o uso constante na função em que foi feito, de sapato novo passaria a sapato usado e de sapato usado a sapato velho. Nesse quesito também possuiriam suas variações. Alguns sapatos, por seu estado de uso e conservação, poderiam ser usados por um bom espaço de tempo ainda, outros não. Se o seu solado não estivesse gasto, seu couro ainda estivesse sob boas condições, seria normal seu uso, se assim seu proprietário desejasse. Se outras condições desfavoráveis se apresentassem poderiam sair de uso ou mesmo descartados sob várias formas. Abandonados, jogados fora ou destruídos. Sinceramente, não sabemos e nem fomos adquirir conhecimento se sapatos nessas condições poderão ser reaproveitados. Sabemos que alguns deles, antes de chegarem em condições extremas, poderiam ser após passarem por reformas nos sapateiros, que além de fabricarem sapatos, os reformavam. Entretanto, nesta nossa época em que o descartável (de forma normal ou forçada) acaba imperando, diminui-se o emprego deste profissional tanto para a função do fazer quanto do consertar para sua reutilização. Os sapatos possuem ainda várias classificações possíveis, serão caros ou baratos; serão únicos de um proprietário ou ainda serão parte de uma quantidade maior, se o proprietário gosta, quer e pode. Atualmente dependendo do lugar e o contexto socioeconômico, deve existir de forma lamentável um novo personagem - o sem-sapatos ou ainda o sem-calçados. Não o descalço, porque estar é uma coisa e ser é outra. Já cansou leitor de ler sobre sapatos? Já me cansei de versar sobre eles. Deixemos para outra ocasião falar sobre os tipos, as cores e os formatos deles.
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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