quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Poesia Gráfica LXXXII

umMaracatuemMajestade

PalmasparaaTelaqueelaMerece

EuqueriaestarcomoumaStar

NoitescomfilmeseváriosCigarros


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C I N T U R A D E L A M E E N L O U Q U E C E

A L E G R I A M E E S Q U E C E

M E U T E S Ã O S E A R R E F E C E 

A L G U M S I L Ê N C I O F E I T O P R E C E

O M E U D I A É Q U E M E S C U R E C E

A C O R D O M E U T E M P O E S M A E C E 

C I N T U R A D E L E M E N L O U Q U E C E  


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C A D A C L I Q U E U M A E T E R N I D A D E

C A D A P O S E U M A E T E R N I D A D E 

C A D A R O S T O U M A E T E R N I D A D E 

C A D A M O M E N T O U M A E T E R N I D A D E . . . 


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...

...

e e l a n ã o m e f a l o u m a i s n a d a ...


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O C A V A L O A M A R E L O NÃO T I N H A

M A I S N E N H U M A C OR E A S M I N H A S 

L E M B R A N Ç A S N Ã O T I N H A M M A I S V A L O R E O Q U E S O B R O U N ÃO E R A M A I S A O R ...


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N Ã O N A D A 

C O I S A L G U M A 

O N D E S T A R Ã O A S M O E D A S

Q U E C A Í R A M D E M E U B O L S O ?

N Ã N A D A 

C O I S A L G U M

O N D E S T A R Á M E U A M O R I

Q U E S U M I U D E R E P E N T E ?


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d a m i n h a c a s a 

a m i n h a r e z a

d a m i n h a p e d r a

q u e n a d a p e s a

o p e s o d a s o l i d ã o

q u a s e a f i n a l


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Canção das Três Estrelas Putas

O que somos?

Quase nada...

Piedade impiedosa

De redes sociais...

Cadáveres expostos

Fora de geladeira...


O que somos?

Plano malfeito...

Mania delituosa

De apagar o mundo...

Tapa na cara

Da própria alegria...


O que somos?

Três patetas...

Roteiro desviado

Para um poço...

Asas com defeito

Vindo de fábrica...

O preço do programa

Sempre é o mesmo...

sábado, 27 de janeiro de 2024

O Risco

O risco é o preço. Todo fim é o começo. Não pise na grama. Não mije na cama. Não dê endereço. Seja simpático. Seja apático. Não empreste. Não proteste. Fuja da peste. Venda sua alma. Para o desastre tenha calma. O artista é um filho-da-puta. É a luta. É a disputa. Toda tragédia faz rir. Não tou nem aí. Cobra no sertão do Cariri. Mocó no sertão de Caicó. Pau-de-arara. Pedra cara. Macumba na encruza. Tire logo a blusa. Não há recusa. Não há aperreio. O toró já veio. Tem bonito feio. Caiu do andor. Não sei mais que sou. Nem sei quem eu era. Se besta ou se fera. Engulo a quimera. Engulo a tristeza. Não é sobremesa. É o prato do dia. Quem diria. É um nó. É um lá sem dó. Todo capricho. Todo carrapicho. Luxo e lixo. Misturo tudo. Espinho e veludo. Não me iludo. Nem me acudo. Fase feita. Dorme e deita. Não aceita. Vida estreita. É o haicai. Vai e não vai. Morre. Corre. Revive. Não tenho e nem tive. A pedra voou. O maço amassou. No meu imaginário. Eu sou um otário. Eu sou um clown. Eu sou um down. Passos no escuro. A cara contra o muro. Contracapa. Contramão. Ninguém escapa. Do coração. Contramestre. Contradito. O que não preste. Ao infinito. Salada mista. Meia lua. Meio nua. Meio rua. Eu me estranho. É o tamanho. É o fado. Tudo errado. Quase atrasado. Tudo avesso. Tem seu preço. Tem temporal. Vem carnaval. Falta um pouco. Estou quase louco. É quintal baldio. Já chegou frio. É o gato no mio. Numa trança nagô. Mentiu quem falou. Faça logo sua parte. A tolice virou arte. Tá quase na agulha. Da água a fagulha. Delirei. Sei e não sei. Não mais cantarei. É tocaia. Estou tocaiando. Até nunca. Até quando. Dancei para o nada. Que piada. É medo da escada. O risco é o preço. Todo fim é começo...   

Alguns Poemetos Sem Nome N° 248

O algoz 

perdeu a voz

O carrasco

fez um fiasco

O cruel

caiu o véu

O malvado

foi derrotado

Mas o óbvio

continua por aí...


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Mágica falida

Tesão cortado

Uns pés...

Coração hediondo

Amor às avessa

Porta fechada...

Momento perdido

Cor sem cor

Apenas momento...


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Escutei um som nesta madrugada, quase tomei um susto. Os sustos são surpresas malfeitas, pode anotar aí. Meus olhos ainda adormecidos, pobres coitados, estavam se acostumando com a escuridão. Será algum mal noturno? Ou o mal sou eu mesmo? Minhas mãos tão trêmulas, não queriam sair debaixo da velha coberta, nem eu mesmo quereria sair de relativo conforto. Era a única ação que poderia fazer. Eis um velho tropeçante, no meio da noite, indo ao banheiro. E o som? Ah, sei lá! Pode ter sido um pesadelo abortado...


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O tempo tem seus ardis... Engana aos jovens parecendo eterno. Mente descaradamente aos amantes. Dá uma rasteira bem dada nos que se acham corajosos. Derruba paredes como um passatempo. Tira as cores como se fosse seu trabalho de casa. Quebra todos os vidros como um menino malvado. Apaga a chama com o sopro mais forte. Rasga a roupa nova e faz dela velha fantasia. E ainda se repete desfazendo toda a lógica. Quantos ardis ele tem...


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Está aqui e está lá. A velha cena eternizada entre as nuvens da internet que mesmo impassível gargalha. Está aqui e está lá. A cena congelada ao bel-prazer de quem assiste indiferente. Está aqui e está lá. O choque da eternidade em cada segundo contado com relativa avareza. Está aqui e está lá. A magia da senha que pode ser vida, mas também pode ser morte. Está aqui e está lá. O beijo dado que será ou não como um lapso da memória que nunca falha. Está aqui e está lá. O recorte do jornal sem papel que mostra uma obviedade como não deveria ser. Está aqui e está lá. Até que tudo termine...


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Tudo em riba?

Um cão andaluz sem luz...

Uns poemas feito dilemas...

A ema parou de gemer...

E os trens já descansam...

Todo possível dorme...

A farda está desbotada...

Ameixas não tem queixas...

Tudo em riba?


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Cada nome uma fome

Cada um deus-dará

Quem quiser que tome

O remédio que matará...


Sinas são apenas o que são...


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Se misturar palavras aleatoriamente

Talvez disto surja uma poesia

Agora os absurdos estão na moda

O que é medíocre bem mais ainda

Enquanto isso borboletas e mariposas

Assinam um tratado de paz...


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Ela perdeu o pé

Ele perdeu a mão

Por que esconder o fatal?

Ela caiu na rua

Ele caiu no golpe

O destino nem sempre agrada...

Ela traiu rindo

Ele trai sem pena

Não somos assim mesmo?


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Adversidade


 

O poeta come mangas fora da estação

Sonha com sonhos de uma rude realidade

Sob um dia ensolarado haverá chuva?

O poeta cata as cinzas de um crematório

Para desenhar nas paredes do banheiro

Daqui mil anos vai ser talvez lembrado?

Todos os marginais vestiram seus ternos

E até a rebeldia pediu seu armistício 

Porque o tudo costuma resultar em nada...


O poeta acaba rindo perdendo a graça

A piada era de vidro e caiu e se quebrou

Por que todos os dramas acabam repetindo?

O poeta tentou voar e a aeronave caiu

Esqueceu de que tinha asas para fazer isso

Resta a dúvida: ele era anjo ou demônio?

Todos os heróis têm medo e saem correndo

Nem toda a amizade é feita para sempre

E todo amor tem seu prazo de validade...


O poeta teve que engolir algumas palavras

Já que a ditadura dela acaba nos atingindo

Que plano maligno existe para as ovelhas?

O poeta agora não pode falar de tristeza

Mesmo quando ela é tudo aquilo que temos

Por que a tristeza dá tão grandes passos?

Pois a raça humana é inimiga de si mesma

Não adianta encerrar a temporada de caça

Se as armas ainda estão nas mãos de todos...


O poeta ainda tem suas mãos tão trêmulas

Um verso novo acabou de surgir do nada

Será este o mais derradeiro de todos eles?...


(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Indagações I - Sobre Sapatos

Nem toda ideia corresponde com a verdade... Eis o sapato por exemplo. Falou nele, vem logo a ideia de pés, mas não é, nunca foi, nunca será. O desenho de um sapato, o representa, acaba sendo ele, mas não é. Quem poderá calçar um desenho de sapato e sair andando por aí? Salvo num desenho animado, no mundo das realidades, nunca acontecera. E se o sapato for real? Depende... Se o proprietário dele tiver dois pés (ou pelo menos um) e eles forem do tamanho exato destes ou maiores, poderão ser calçados sim, se não forem, continuarão sendo sapatos, mas sapatos sem uso. E se forem, de alguma forma, transferidos para outrem? Precisarão das mesmas condições para cumprirem seu papel. Prossigamos. Jogado no fogo, com alta temperatura, não serão apenas mais sapatos, serão sapatos aquecidos, depois de um certo tempo, sapatos queimados, não mais simplesmente sapatos. E se o fogo cumprir seu papel, serão inicialmente, sapatos queimados, após determinado tempo, cinzas de sapatos. As cinzas em si quase igualam tudo. Mudemos então, os sapatos não foram dados, nem incinerados, foram jogas na água. O que acontecerá? Não serão apenas simples sapatos, serão sapatos molhados (se água for em estado líquido ou sólido). Sapatos molhados são sapatos do mesmo jeito, porém com uma condição diferente - estão molhados. Agora vejamos algumas das outras possibilidades. Os sapatos não foram usados, nem queimados, nem jogados em água, foram arremessados. O que acontecerá com eles? Viraram sapatos voadores? Acreditamos que não, voar é se deslocar no espaço, mas não depende de um simples arremesso na maioria das vezes. Nosso idioma acaba prejudicando tal percepção em sua forma. O sapato (ou os sapatos) foi (ou foram) arremessado (s), o que aconteceu? Deslocaram-se pelo espaço na direção do arremesso, primeiramente numa trajetória reta ou ascendente e após o término da força utilizada junto a outras condições explicadas pela física, acabará acontecendo sua queda. Não são mais sapatos arremessados, são sapatos caídos. Da forma que isso acontecer e onde estarão será formada uma ou mais condições diferentes. A queda acontecerá no local mais longe que a força empregada conseguiu e na pose que conseguiu. Mas continuemos nossas indagações. Sapatos possuem cheiro. Não são como a água que em seu estado puro é considerada inodora. Qual seu cheiro? Possuem cheiro de sapatos. Antes, até uma determinada época, a maioria dos sapatos tinha cheiro de couro. Isso sem contar com os sapatos conhecidos como "tamancos holandeses" que são de madeira e, portanto, possuíam originariamente cheiro deste material. Mas como dissemos, os sapatos, em sua maioria, tinham cheiro de couro. Note-se também que não estamos falando de chinelos ou sandálias, que são calçados, mas não são sapatos, já as botas ou as galochas (independente do gênero). Muito menos dos tênis ou dos sapatênis, invenções um pouco mais modernas. Pois bem, os sapatos tinham cheiro de couro. Pelo menos, inicialmente. O que podemos também dizer que possuíam cheiro de sapatos novos. Com o tempo, se não fossem usados (função para qual geralmente são criados), acabavam adquirindo uma mistura básica de cheiros - o cheiro do couro, ainda presente, o cheiro dos pés do seu usuário e mais uma gama de cheiros adicionados de acordo com as suas condições de uso. Poderiam ser sapatos bem cuidados e que possuiriam um cheiro não mais novo, mas, digamos, "normal e aceitável". Porém, se por uma série de condições que inumeráveis, adquiririam um cheiro não muito agradável  para a maioria das pessoas, isso seria um sapato provido de mau-cheiro, um sapato malcheiroso. Com o uso constante na função em que foi feito, de sapato novo passaria a sapato usado e de sapato usado a sapato velho. Nesse quesito também possuiriam suas variações. Alguns sapatos, por seu estado de uso e conservação, poderiam ser usados por um bom espaço de tempo ainda, outros não. Se o seu solado não estivesse gasto, seu couro ainda estivesse sob boas condições, seria normal seu uso, se assim seu proprietário desejasse. Se outras condições desfavoráveis se apresentassem poderiam sair de uso ou mesmo descartados sob várias formas. Abandonados, jogados fora ou destruídos. Sinceramente, não sabemos e nem fomos adquirir conhecimento se sapatos nessas condições poderão ser reaproveitados. Sabemos que alguns deles, antes de chegarem em condições extremas, poderiam ser após passarem por reformas nos sapateiros, que além de fabricarem sapatos, os reformavam. Entretanto, nesta nossa época em que o descartável (de forma normal ou forçada) acaba imperando, diminui-se o emprego deste profissional tanto para a função do fazer quanto do consertar para sua reutilização. Os sapatos possuem ainda várias classificações possíveis, serão caros ou baratos; serão únicos de um proprietário ou ainda serão parte de uma quantidade maior, se o proprietário gosta, quer e pode. Atualmente dependendo do lugar e o contexto socioeconômico, deve existir de forma lamentável um novo personagem - o sem-sapatos ou ainda o sem-calçados. Não o descalço, porque estar é uma coisa e ser é outra. Já cansou leitor de ler sobre sapatos? Já me cansei de versar sobre eles. Deixemos para outra ocasião falar sobre os tipos, as cores e os formatos deles.       

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

E Assim Falou Super Dínamo

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É assim...


Tatu bola

Tatu cola

Tatu sola

Tatu mola

É assim...


Comida de sal

Comida de mal

Comida de pal

Comida de val

É assim...


Cabeça de prego

Cabeça de négo

Cabeça de cego

Cabeça de ego

É assim...


Dedo no cu

Dedo no su

Dedo no bu

Dedo no lu

É assim...


Farinha no prato

Farinha no mato

Farinha no gato

Farinha no pato

É assim...


Dançando na lama

Dançando na fama

Dançando na cama

Dançando na trama

É assim...


Goiabada com queijo

Porrada com queijo

Cravada com queijo

Lambada com queijo

É assim...


Peru assado

Peru dobrado

Peru armado

Peru esfolado

É assim...


Mão única

Mão túnica

Mão rúnica

Mão súnica

É assim...


Sonho pouco

Sonho pouco

Sonho rouco

Sonho mouco

É assim...


É assim... É assim...


(Extraído do livro "Maluqueci de Vez" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Carliniana XXXIII (Cultura Prapular)

Ministério do mistério...

Não toque mais no assunto

Tudo está sozinho mesmo junto

Espalhado mesmo juntado

Sem comer mas bebendo

Dormindo e assim percebendo

A vaca vestiu a veste do ventilador

Eu tenho tanto ódio no meu amor

Em nosso catálogo de egos

Temos os mais variados cegos

Pois tendo moléstia à parte

Desconhecemos o que é arte

Bolas de gude, balas de grude

Misturam a doença e a saúde

Só mesmo a loucura que nos cura

Só a cachaça que pode ser pura

A dúvida não tem dúvida alguma

Para a pedra a pedra é pluma

A insanidade esqueceu a idade

No cemitério vai ter pagode

Quem não pode às vezes pode

Ministério do mistério...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Carliniana XXXII (A Tua Parte)

Qual é a tua parte

na arte?

Beber? Comer?

Cantar? Gritar? Foder?...


Qual é a tua parte

na arte?

Fazer? Quebrar?

Partir? Sorrir? Chorar?...


Qual é a tua parte

na arte?

Voar? Cair?

Matar? Roubar? Trair?...


Qual é a tua parte

na arte?

Jurar? Mentir?

Carpir? Ninar? Cuspir?...


Qual é a tua parte

na arte? 

Lutar? Correr?

Estar? Viver? Morrer?


Qual é a tua parte

na arte?

Sambar? Gingar? 

Trazer? Manter? Buscar?


Qual é a tua parte

na arte?

Qual é? Qual é?...

Carliniana XXXI (O Que Foi Disneyland?)

Lábios de chiclete

de um rosa-chá pálido...

Falsos milagres

com carneiros furiosos...

A profundidade rasa

de gírias escolhidas...

O serial-killer dançou

em cima das vítimas...

O leão fez discursos

enquanto comia bolinhos...

Pelos excessos fazemos

nossa extrema carência...

Agora todo acaso

é muito bem planejado...

Eu quero mocotó

em cápsulas bem feitas...

A nova bomba atômica

fez sua lição de casa...

Toda e qualquer monstro

possui medo extremo...

Os orbs agora passeiam

por todo orbe terrestre...

Acabei pisando em ovos

e nenhum deles quebrou...

Margaridas tem cheiro

de um bom sabão em pó...

Quase nunca discos voadores

estacionam nesta rua...

Todo ilusório misticismo

tem um quê de realismo...

Coleciono selos e labirintos

com a mesma maestria...

Os três patos patetas 

agora só andam na moda...

Tenho quase um centavo

para gastá-lo sabiamente...

Sou de um tempo antigo

que as linguiças tremiam...

Só tenho febre medicado

com uma nova receita...

Vamos cair na roseira

antes de findar os espinhos...

Toda moral cabendo

num pequeno copo sujo...

Os seus cabelos ficarão

tão lindos e sebosos...

Lábios de uma outra boca

quase que inconfessável...

domingo, 21 de janeiro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 247


Escutando Chico...

Onde estão as palavras

Que me foram roubadas...

Falta zelo e falta jeito

Eu não sei andar

Nem de bicicleta

E tenho medo de cair de moto...

Acabo bebendo demais

Mesmo quando não bebo...

Escutando Chico...


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O trovão me acordou...

Estariam caindo os céus

Ou foi apenas mais um susto...

O medo também tem medo

E hora dessas sai correndo..


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Todo prazer é complicado

É esperado, mas acaba partindo

Todo prazer é inacabado

Uma piada sem graça, estamos rindo

É um verso mal estruturado

Uma ferida que estamos bulindo


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Todas as anomalias

O que é diferente

Tão igual

Meus olhos me traem

Minha mente me confunde

Somos uma fragilidade

Que um menino malvado

Quer quebrar...


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É amargo

é um encargo

carregar palavras

tão escravas

grandes lavras

de um demente

tão-somente

meio diferente...


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Um sol invadiu-me os olhos

Como quem fica cego

E não enxerga seu tombo...

A janela foi esquecida aberta

E o invasor fez sua tarefa

Obrigando-me ao dia...

Quantas vezes sentirei medo

Antes que venha a grande noite

E possa eu dormir em paz?...


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Um ator é um arqueiro

Seus gestos são como flechas

E a plateia não pode escapar...

O palhaço é um cantor

Cujo canto manipula emoções

Até que o riso quase nos mate...

O poeta... o poeta...

O poeta há de se tornar um deus

Que devora as palavras...


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Nada (Tudo?)

Borboletas em solene desvario

Suicidam-se bailando com gatos...

Um novelo de lã caiu do sofá

E foi esquecido no chão da sala...

Ah! Como gostaria de beber

Um delicioso copo de nuvens...

Sua bunda foi vista pelo mundo

Exibida no novo site pornô...

Correntes de prata bem nova

Para bem mais velhas ideias...

O vendedor de uvas estragadas

Vendeu a sua própria alma...

Quero contar as gotas de chuva

Até que não exista mais infinito...

Todo tesão de um anonimato

Com suas facas apontadas ao léu...

Um pescador de vãs ilusões

Que também sempre foi iludido...

Toda semana tem um martírio

Até que seu réquiem seja feito...

Acabei de vasculhar com ternura

Cada passo dado em desvario...

Toda festa é mais um antepasto

Para o luto que acabará vindo...

Vagas aranhas em azul-claro

Experimentam novos cosméticos...

Toda maldade sabe disfarçar

O seu mais real objetivo sorrindo...

O vestir é uma grande arte

Mas o despir é uma arte maior...

Eles beberam toda champanhe

Enquanto se roçavam febrilmente...

Poetas acabam caindo de abismos

Mesmo quando tais não estão lá...

Queremos sorrir mesmo sem a graça

De alguns clowns que andam por aí...

Borboletas em solene desvario

Suicidam-se mergulhando em águas...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

Teoria para Nudes e Narcisos

Tudo é o que é

E não seria se não fosse...

Impossível não ter tesão

Com tantas curvas...

A água da chuva invade

Aquilo que não pediu...

O cartão de descrédito

Acabou se quebrando...

Eles imploram sempre

Pixs e créditos no celular...

Eu não sei o que é mais

Acho que é uma forma de menos...

Temos agora leões 

Veganos e borboletas canibais...

O pau quebrou agora

Conforme o que foi planejado...

Mais um copo de tinta

Faça-me o favor, garçom...

Debaixo da capa

Uma obscenidade mais nova...

Temos bolas de boliche

Para o jantar novamente...

Sob o teu novo jeans

O meu abismo está formado...

Cantemos um fado

De uma só nota somente...

Ele mijou nas calças

Como manda o célebre ritual...

Temos todo lixo

Para todos gostos e tamanhos...

É uma disputa acirrada

Entre os idiotas e os imbecis...

O camaleão adora 

Churrasco grego com suco...

Pelas suas iniciais

Eu consigo contar uma story...

O cheiro de peixe

Acaba fazendo os milagres...

Todo nosso engano

Acabou sendo bem planejado...

Temos boas cordas

Para excelentes libertações...

Agora a nova moda

É a escória da sociedade...

É apenas uma novela

Que foi perdido o script...

Queremos o nada

E é isso que vamos ganhar...

Narciso mostrou a bunda

E isso que chamamos nude...

Tudo é o que é

E não seria se não fosse...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 246

Palavra engolida

Absurdos via de regra

Sóis pálidos

Terra do Nunca logo ali

Passos medidos

Nunca fomos o que somos


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Beira de cama, beira de linha,

Até a beira de uma calçada,

Escrever algumas palavras vãs,

Só isso, mais nada...

A boca do poeta e seus olhos,

Presos numa eternidade passageira...


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O tempo brincou comigo

Brincadeira de muito mau-gosto

Colocou-me lá atrás na fila

E agora me fez motivo de piada...

O amor machucou-me

E depois foi embora

Sem despedida alguma 

Batendo o pé com raiva...


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Gosto de espelhos, mas tenho medo

Sempre falam a verdade, o que é cruel

Ando nas sombras, mas tenho medo

Vá que eu encontre meu próprio fantasma

Me perco na noite, mas tenho medo

O sol pode acabar comigo pela manhã

Rio quase sempre, mas tenho medo

Vá que eu esteja rindo de mim mesmo...


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Foi apenas um assovio 

Saindo da boca de um menino

Despreocupadamente...

O pequeno barulho dos lábios

Buscando algum céu

Que ainda não conheceu...

O menino se tornará anjo

Isso foi obra de seu sorriso

E daquele assovio pelo tempo...


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Cada pedra é uma pedra

Seu tamanho não importa

Testemunhará a destruição

De todas as vãs ilusões

Irá no funeral dos sonhos

Ou será sua lápide

Contando silenciosos gritos

Cada pedra é uma pedra

Seu tamanho não importa...


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Bato na sua porta para perguntar:

Você ainda lembra de mim?

Choramos juntos tantas vezes...

Em tardes frias de segredo

Em que confundia sem saber

Felicidade com tristeza...

Desculpe a minha ignorância...

Bato na sua porta para perguntar:

Você ainda lembra de mim?


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sábado, 13 de janeiro de 2024

Irreconhecível Face

Irreconhecível face,

Disfarce,

Do que chora ao invés de rir,

No espelho confesso,

Em manhãs sim

E em outras também

A desdita de todos os poetas,

Juntos em mim...


Impraticável trama,

Drama,

A sonora gargalhada do clown,

A rua está vazia,

A alma a segue

Como cachorro sem dono

Vamos fuçar o lixo?

Aí vem o funeral...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

No Meio

Ser o dono da cena

Ser o mestre do espaço

Gritando nessa arena

Até que chegue o cansaço


Quero estragar a surpresa

Eu sei! Pois a vida é assim

Sou caçador e sou presa

Todo começo também é fim


Vou estragar toda a conta

Sentir saudade da saudade

Dançar no abismo na ponta

Fugindo de toda a maldade


Ser o meio desse todo meio

Tristeza que é alegria triste

Um vim de onde tudo veio

Um não existir que até existe... 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Alguns Poemetos Sem Nome N° 245

Um brinde para a alma,

Um brinde para o corpo,

Não sabemos para onde ir,

Mas assim mesmo vamos...

Eis então nossa meta -

Simplesmente viver...


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A beleza dela tem o tamanho de tudo

Não há como saber o que é bom ou mau

A beleza dela tem todos os gostos que há

Vamos comemorar porque isso acontece

Eu vejo seu rosto nas ilusões das redes

É a maior de todas as distâncias possíveis

Mas mesmo assim sou o que mais teima...


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Porque é borboleta duas vezes

Dia e noite - os dois lhe pertencem

O que eu realmente quero?

Um barco, qualquer barco

Não preciso de cais para partir

Perdi o medo de todas as ondas

Assim como a borboleta não tempo

Nenhuma tempestade de flores


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Esqueço do que não me lembro

(É um óbvio gritando em meus ouvidos)

Mesmo que os sentidos me falhem

A alma sentirá aquilo que preciso

Quem sou eu? Aquele que dançava

Sem medo algum dessa chuva forte

E que hoje se esconde sob o velho teto...


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Eu quero palavras! Bebo todas elas...

Bebo e bebo até ficar tonto.

Como é ruim essa cabeça girar!

Falo e falo com as letras.

Desculpe! A culpa foi da timidez...

Essa timidez que acabou evitando

Muitos nãos e até alguns sins...


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Toda cor e cor nenhuma

A surpresa do banal nos dias de hoje

As correntes que forjamos

Acaba ferindo nossas carnes

Nossos lares são calabouços

Antigas fotografias perderam

Aquela validade de inocência

Que sempre existiu antes...


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Que a fama não lhe cegue os olhos

Que o sucesso não lhe quebre as mãos

Que o poder não lhe engula o caminho

Eu sei que a impossibilidade vem junto

Mas a ternura consegue curar muitos males...


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...