terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Exatamente e Levemente Mórbidos

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não é que seja exatamente difícil ou fácil
mas é que o tempo se torna bem pequeno
as vistas se distraem em fotos coloridas
e acabamos não fazendo a lição de casa
eu mesmo já me esqueci de tanta coisa
as que eram mais importantes talvez
a gente vive decorando um longo texto
e na noite de estréia acaba se esquecendo
por isso se torna bem mais fácil dormirmos
andei pelo vale da sombra da morte
sem me preocupar se uma ou inúmeras vezes
os tombos fazem parte de um certo enredo
e o que se dizia há um minuto se contradiz agora
quero esquecer das feridas que me impuseram
mas a memória nessa caso me é infalível
me falta imaginação para discorrer o óbvio
e o vulgar de certa forma me causa frisson
agora mesmo em frente a essa triste tela
acabei de encontrar certas coisas que não queria
mas todo o dispensável é necessário
para que a nossa saúde fraqueje um pouco menos
não me convidem para discussões acadêmicas
dispenso saber se o azul é uma outra cor
só alguns passos da dança são o bastante
é que quase nunca eu estou aqui ou ali
as folhas caem dos altos em seus saltos
e os relógios mesmo que cansados andam
a cidade deve dormir ou morrer nesse exato instante
não fui convidado para outras alegres festas
mas estranhamente não estranho mais
talvez tenha morrido e não compareci ao funeral
é que a morte tem uma mania bem feia
de pregarmos certas peças como pregos na cruz
inda ontem tudo me aborrecia e hoje é o oposto
mudei algumas letras e surgiram novas palavras
tenho nojo de certas coisas tão inconfessáveis
o estilo não depende mais do estilista
não espere mais ninguém para cavar sua cova
mais uma dose com gelo por favor...

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