sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Não Há Segredos (Desesperadamente Sem Desespero)

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Não há mais segredos
e o tempo passa como números
numa caixa registradora...
Fingimos um certo encanto
poque a etiqueta manda
e estamos aqui à cumprir ordens...
Os pássaros estão cansados
e agora certos galhos
estão servindo como fast-foods...
As guerras continuam por aí
e estamos mais ou menos irritados
porque sabemos tudo de antemão...
Eu até gostaria de novas coisas
mas assim como todo mundo
a vida usa de velhas correntes...
Não que eu esteja desenganado
porque até o nosso desengano
acaba faltando na lista de compras...
Todo carrasco entrega seu pescoço
à um outro carrasco que o substituiu
pois hoje era o seu dia de folga...
Podem apagar essas luzes coloridas
os começos dependem dos finais
e nós nem reparamos nessa morbidez...
Um dia fui um menino tímido
hoje continuo sendo um velho tímido
mas acabei aprendendo à gritar...
O meu cinzeiro cumpre bem o seu papel
tenho mais marcas na alma do que na pele
e essa maldita teimosia de viver não me larga...
Em algumas vezes acabo pensando
que parece que não sou esquecido nem lembrado
será que me enganei e nunca existi?.,,

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