Sol maneiro este
em franjas de sacrifício
por onde vai e vem
minhas costas sangram
talvez mais que os pés
na velocidade algo irritante
de todas essas nuvens...
É o cálido pálido
de coisas que nunca terei
eu procuro a felicidade
igual uma formiga
mas a solidão acaba
me impedindo de vez
as mais básicas coisas...
Não sei onde permaneço
nem a festa me agrada
talvez seja o vento malfadado
que corre feito um rio
eu acabo esquecendo nomes
e algumas feições também
e acho isso tão normal...
Eu sou o que não sou
a dificuldade óbvia do caminho
não sei mais apontar o dedo
Deus e o diabo na expectativa
quem deu o lance mais alto
perdoe meu março querido
os leões ainda estão soltos...
Crio fantasias como quem morre
de sede de alegria de um treco aí
mas fechar os olhos é alternativa
quando o desespero toma conta
e mesmo todo amor pelo sagrado
palpita e não palpita ao mesmo tempo
uma canção triste toca na praça...
É um quase medo frágil e bobo
exausto até não querer mais
a sinceridade e a traição de mãos dadas
a maldade se escondeu nos anjos
e eu ainda respiro uns enigmas
era muito e não era mais nada
eu também estou em velhas fotografias...
(Extraído o livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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