quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Vento Sagrado

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Vento que entra pelas narinas. São sinas. Esquinas. Em meus passos mais desencontrados. São certos. Errados. Eu não sei mais quem mesmo sou. Sou pai. Sou filho. Avô. Acerto. Errou. Onde ando tem perigo. Nem ligo. O abrigo. É o céu. Um véu. Um léu. Olha que eu faço escarcéu. Dedéu. Uma guerra de travesseiros. São bons. Maneiros. Não faço até muita questão. Tenha dó e tenha compaixão. Que nada. Que não. Sou apenas mais um safado. Um tonto. Embriagado. Quem me dera ter acertado. Nessa tal loteria. É noite. É dia. Por favor. Me volta Maria. Não tenho. Engenho. Mais nenhuma alegria.
Vento que escorre no rosto. Que gosto. Desgosto. Acabei arranjando um sanhaço. Bufão. Palhaço. Pode sobrar até algum traço. Ferido. Perdido no espaço. Estela. Estrela. Tão bela. É triste não tê-la. Perdê-la. Novela. Não vê-la. Não me dê mais um tiro. Me firo. Socorro! Chama logo essa enfermeira. Madeira. Maneira. Eu não passo de uma caveira. Cadeira. Esteira. Eu não passo de página virada. Sem sorte. Nem morte. Nem nada. Escorre água pela parede. É um verde. É a sede. Não veja. Vede. Nu pela cidade. Não venha. Falta tudo. Falta até a idade. Sou mais velho que as montanhas. Deixe em paz. Bem mais. As minhas próprias entranhas.
Vento que fala aos ouvidos. Abelhas. Centelhas. Zumbido em meus ouvidos. Parentes. Serpentes. Fica o sorriso e vão-se os dentes. Acho que estamos dementes. Tão iguais e tão diferentes. Não ouse e nem tente. Coloque nos teus cabelos um permanente. Nem sou. Nem gente. Mas o problema é que sou imortal. Geral. Onde é que está meu mingau? É fita. Bonita. Maldita. Atrás de conversa vem o engano. Um dia ainda viro ser humano. Sem pano. Sem dano. Meu mano. Vê se adivinha o que eu trago. Um trago. Um rasgo. Sou novo gangster lá de Chicago. Feliz. Tempo vago. 
Vento que traz cisco nos olhos. Que faz a lágrima rolar. Tenho não tenho. No cenho. Mais o que chorar. Morreu. O meu. O seu. O nosso verbo amar. E a musa. Escusa. Com seios fora da blusa. Me tenta. Aguenta. O rio que vai pro mar. Estamos. Gritamos. Escutem o meu cantar. Não importa. Se é morta. Que pode até ressuscitar. É fêmea. A blasfêmia. A pele é de jaguar. Em rima. Em cima. Se formou um bafafá. Laranja. Estranja. É o que agora há. Mendigo. Perigo. Um pingo. A goteira há de pingar.
Vento que arrepia a alma. Sem calma. Eu quero agora correr. O tempo. Contratempo. Ainda quero viver. Não é mole. Mais um gole. Toque o fole. Me escapole Tudo que já vivi. Aqui. E Dali. Segura na minha mão. É queixume. É ciúme. Mas faço até questão. Largue a arma. Segue o Karma. Uma vida. Outra vida. Fala vida. Tão querida. Me jogo no precipício. Foi assim. Ai de mim. Teimar virou um vício. As madeixas. Várias queixas. Várias deixa. Não me deixa. Falo nada. Vou na estrada. Subo a escada. Minha fada. Mais danada. Sabe nada. Que eu sempre quis. Um tango lá em Paris. 
Vento sagrado. Tudo acabou. Está parado...

(Para o jovem poeta Júlio Morikawa Filho, mais um poema).

Um comentário:

  1. kkk, coitada da fada está danada procurando entender o que o poeta quer dela ou socorrê-lo para impedir que caia no precipício e vá dançar um tango na Argentina, porque a apresentação de Paris já era.

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Carliniana XLIV (Tranças Imperceptíveis)

Quero deixar de trair a mim mesmo dentro desse calabouço de falsas ilusões Nada é mais absurdo do que se enganar com falsas e amenas soluçõe...