Saltimbancos de um tempo já morto
esquecemos tudo aquilo que dissemos
talvez se lembrássemos de cada pormenor
o nosso riso cessasse imediatamente
Não foi por mal que éramos malvados
os cataclismos viviam acontecendo
mas mesmo assim talvez fosse bom
cada fantasma à sua maneira
Eu não enxergo mais nem o espelho
e a minha cegueira foi assim benevolente
porque as tempestades não cessaram
mas o que importa é que não me importo
Uma reza ou uma praga são indiferentes
porque o baú do segredo fechado está
e eu me esqueci onde coloquei a chave
ou talvez a tenha jogado fora para sempre
Não espero mais por nenhuma nova manhã
e (às vezes) conformar-se pode ser heroísmo
porque covarde fui centenas de vezes
mas algo diferente segurou firme minha mão
Escrevo agora as loucuras mais lúcidas
e nada mais espero no noticiário da manhã
sei que a muitas lacunas à serem preenchidas
a fogueira se apagou e a festa terminou...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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