quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Teatro Sem Pablo

Um teatro com riso. Um teatro sem pudor. Consciente e sem siso. Pleno e prenhe de amor. Um teatro sem penas e cruzes. Um teatro de luzes. Um teatro sem dor. Um teatro só de teatro. De admirar e ficar de quatro. Um teatro de pavor. Um teatro demente. Um teatro de gente. Que ninguém maquiou. Um teatro bonito e feio. Um teatro de louco e meio. Que o tolo desprezou. O teatro da fera. O teatro da espera. Que por alguém chorou. Um teatro com e sem Deus. Um teatro dos meus. Um teatro que sou. Um teatro sem ideia. Que se foda a plateia. Ninguém te chamou. Um teatro sozinho. Que pode ter algum carinho. Aqui eu sou o ator. Um teatro de tintas. De terças e quintas. Só você não reparou. Que eu estava ao seu lado. Apesar de cansado. Nada me magoou. E eu te acompanhava. Eu quase te amava. Só você não notou. E era fantasia. Quando vi era folia. Feliz invasor. Viva o Zé Pereira! Viva nossa besteira! Até o Diabo gostou. É a nossa frege. Eu sou o herege. Alguém me criou. É uma campanha. Tão tamanha. Que nunca acabou. Viva o toque! Viva o choque! Viva o rock n'roll. Teatro do amigo. Teatro do abrigo. O abrigo que você me negou. A religião. A perseguição. Nada mudou. Passamos de dois mil. É a puta que pariu. O sonho não acabou. O rosto pintado. O medo encenado. Minha ideia mudou. Minha cabeça roda. Viver é foda. E viva vivou! Um teatro de corredores. Um teatro sem amores. Mas que sempre amou. Um teatro sem escola. Um teatro de esmola. De quem sempre implorou. Eu não tenho palavras. As palavras são as escravas. De quem as capturou. Palavras cínicas. Opiniões clínicas. Quem disfarçou? Aceito carinhos. Dispenso os espinhos. De quem dispensou. Eu corro de tudo. Eu faço um escudo. Cuidado com o andor. Um teatro com riso. Um teatro sem pudor. Consciente e sem siso. Pleno e prenhe de amor... 

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