segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

AntiPoético


Eu não sou poeta...
Talvez nunca tenha sido...
Não enxergo o lirismo de lírios brancos
Nem de pombas da paz bailando faceiras
E muito menos nuvens gordas sorrindo...

Eu não sou poeta...

Talvez tenha enganado à eu mesmo...
Não possuo gestos heroicos como um salvador
Nem as minhas mãos acostumaram à fazer carinhos
E muito menos a minha boca declarações de amor...

Eu não sou poeta...

Talvez isso seja o pesadelo da noite passada...
Não possuo olhos de um visionário sonhador
E nem miraculosas pedras filosofais que façam
Desse lixo de mundo um lugar só de felicidade...

Eu sou não poeta...

Talvez seja apenas um velho bêbado à dormir...
E os meus sonhos me livram do labirinto de corredores
Onde eu procurava por você até desistir de uma vez
E casar com a prostituta que se chama vida...

Eu não sou poeta...

Talvez seja apenas mais um idiota alfabetizado...
Que muito mal faz algumas rimas sem propósito
E que anda desengonçadamente por aí sem rumo
Querendo se comparar aos que realmente sentem...

Eu não sou poeta...

Talvez haja verdadeira razão nos que escarnecem...
De minha boca só saem bobagens e palavras sujas
Tentando explicar aquilo que nunca enfim entendi
O bobo da corte desejando ser apenas o menestrel...

Eu não sou poeta...

Talvez seja hora de declarar toda a minha falsidade...
Parem de ler e esqueçam de vez esses versos sujos
Esqueçam também esse velho sujo e também insone
Já é tarde demais passaram-se anos inutilmente...

O vidro se quebrou... E o amor já se acabou...

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