domingo, 13 de novembro de 2016

Máscaras, Máscaras!

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Tá tudo bem? Mentira! Tá tudo mal!
Mesmo que amanhã fosse o carnaval!
E que fosse decretado alegria geral!

A nossa máscara já caiu...
Ainda bem que ninguém viu...
Não viu? A puta que pariu!

Tá tudo bem? Mentira! Tá tudo mal!
O corpo manda a alma fica em aval!
Mesmo tendo sol aí vem um temporal!

A nossa vergonha tá descoberta...
Faz frio não temos uma coberta...
Você mira no alvo e não acerta!

Tá tudo bem? Mentira! Tá tudo mal!
Mesmo tendo tudo não tem um bom final!
Atrás de cada parto vem vindo o funeral!

Não entendemos de mais nada...
Cada vida foi uma grande mancada...
Como se fosse uma canoa furada!

Tá tudo bem? Mentira! Tá tudo mal!
Da lama só pode haver um lamaçal!
Já morreram as alegrias do meu quintal!

Alguém já furou a greve...
Esqueça tudo que você deve...
Reclamar ninguém mais se atreve!

Tá tudo bem? Mentira! Tá tudo mal!
Vai tudo melhorar é o escambau!
Deixa pra lá etcetera e tal...

sábado, 12 de novembro de 2016

Insólito Insone

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eu me abriguei em céleres fileiras
e era já noite e nada mais doía
são meus becos e são meus abrigos
onde me refugio até da alegria

a fumaça sobe no meio da noite

aquele meu cigarro já está aceso
é apenas mais um dos pirilampos
que na minha boca ficou preso

é triste não poder pensar ou dormir

aonde foi parar aquele me sono?
só me resta o menor dos consolos
saber que a noite tem mais um dono...

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Teoria do Movimento

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não que esteja tudo parado tudo se move para o descanso e o sono mais que regular de tudo que já morreu... nada que nada que nada meus pensamentos são o cachorro querendo morder a cauda e a serpente já mordendo nada pára que será então? esgotei minhas reservas de sonho querendo ficar acordado mais nada...
não que esteja tudo parado tudo se faz presente até a hora que se ausenta e aí acabou... acabou o fôlego acabaram os passos e a teimosia cadê ela? não se teima mais não se queima mais e das amigas fogueiras só nos restam as cinzas...
não que esteja tudo parado tudo se incomoda com o comichão das poeiras que sobem das ruas e as luzes refletidas de metais e coisas são modernidades que caçamos por entre nossas selvas que se desmancham na próxima chuva que não avisou quando virá mas que virá com certeza...
não que esteja tudo parado tudo grita e no mesmo instante se cala como o menino que parou de correr a brincadeira acabou a bola furou a pipa caiu lá de um alto que não podemos medir e assim são todas as coisas que os velhos livros nos ensinaram antes que se cale cada verso porque os versos se calam mas poetas nunca...
não que esteja tudo parado tudo gira como gira e gira um enorme carrossel e aquela roda gigante que mostrava aquele mar bem escuro à noite em que a minha ânsia do tempo fazia correr os relógios sem correr e cada desejo morava na boca como quem quer mais e mais e mais e mais nunca se sabe ao certo aonde vamos parar....
não que esteja tudo parado os pares rodam numa valsa interminável e ainda há ternura por sob as pedras e delicadas mãos cheias de chãos acariciam os cabelos de antes num afago interminável e como não sorriam das pequenas flores sem nome que teimam de brotar em abandonados quintais que um dia já viram pés sejam eles poucos ou até muitos...
não que esteja tudo parado a minha mente gira e gira e gira caçando alguns versos...

Abápêbêápá

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Era um tempo muito bom
Nem por isso deixava de chorar
E é agora mais um tempo ido
Que não vai poder mais voltar
Bolas e bolas de mais puro vidro
As que eu queria muito ajuntar
É que ninguém me avisou
Que qualquer vidro pode quebrar
E agora estou tão cansado
Quase nem dá pra eu respirar
São histórias feias e bonitas
De tantas não dá pra contar
Roberto meu querido amigo
Deixe tudo por aí e venha cá
Preste atenção neste velho
Em tudo que tenho pra lhe falar
Guardo lembranças no bolso
Não tem mais onde guardar
As minhas gavetas tão cheias
Não sei nem no que vai dar
Era um tempo muito bom
Nem por isso deixava de chorar
E é agora só um tempo perdido
Que eu acho que não vou achar...

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Teoria da Imbecilidade Humana Sob o Ponto de Vista de Outro Imbecil

Que se danem as chuvas! Apenas quero vê-las da janela fechada do meu quarto e olhe lá! Até as cinzas desapareceram... A culpa foi do vento! Deixa eu contar meus dinheirinhos aqui na minha mão ó! Ontem mesmo eu aindei por algumas ruas. Num tour maravilhoso! Sabe tipo aquilo que você sempre viu e nunca viu? Sim, sim e sim. Tava lá o tempo todinho e nunca teve. A velha ficou de cara trancada quando eu dei bom dia...
Que se amolestem os sóis! Cada um diferente na sua igualdeza... Não que eu queira só que acontece mesmo. A pedra vai ter filho. E a puta vai ter flor. A culpa foi do quentado! E do requentado também! Teve uns dias que ainda mui cego. E achava que do sopro saíam os gênios sem nem lâmpada... Nada de mais quando se morre... Mas quando se respira... Fudeu! Tudo murrinha é só contar no relógio...
Ah, tá, vai atrás dessa, meu bom moço! Engula aqui ó! É amarga mais que fel e se chama vida... É marombeira sim senhor! E está agora em todos os camelôs da cidade. Novidade novidadeira. Se não tem a gente inventa. Esquece o cara... Nem a graça da graça vem de graça. Tudo no seu preço tantinho e tanto mais. Eu quero e quero na malvadeza. Tudo queima! Até papel... Tudo ficou chinfrim meu bacano. E as vezes que contei perdi as contas... 
A maré tá alta! A maré já vazou! Tá quase queimando meu bigode! Ai tranqueira da porra... Quando se fala não se fala. E quando se quer já não se quer mais. Eu gostava tanto daquele riso sem às vezes motivo alguns. E aqueles rabiscos guardando tudinho. Era i que era. E meus planos sempre falham...Ah se eu pudesse!... Transformava todas letras e mudava os versos... Não me deixe sem motivo algum. Eu não fiz nada. Nem de bom nem de ruim. Mal acordei e já é tarde...
Não assobie aqui! E nem ali! E nem acolá! E lá sei mais aonde porra! Só sei que a felicidade faz as butucas caírem pelo chão. Tudo tem uma justificativa nessa merda até o injustificável. Porque os pecados são feitos todas as horas e olhas que as horas tentam fugir... Fracassos? O baú tá cheim. E cada momento da história além de errado também é mal contado. Mal amado. Mal cortado. Mal assombrado se quiser. Acredite or not. O dog é hot. E a nossa fama de besteiras é inigualável. Manda que o cara faz. Paga que tudo acontece...
O astrólogo mandou eu me fuder! Vai ele! São os mesmos sentidos azucrinando todo mundo... E no meio da noite todos se alevantam sem o quiser da cabeça. A mesma pontada. O mesmo susto. Só muda o papelzinho do embrulho. Cada cachorro que lamba seu pau. É nós! E não somos ninguém! Fale errado ou certo. Que tenham todos os dentes na boca ou faltem quantos faltar. É nada! Aconteceu virou chacrete! Rebola o rabo pra mim... Mostra que nunca valeu nada mesmo...
Pois é...

domingo, 6 de novembro de 2016

Ainda Ontem Mesmo

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Ainda ontem mesmo...
o menino que não sabia de nada
ria e ria mais e mais ainda
dos encantos que cada canto tinha
e a vida era uma sucessão de sustos
e de maravilhas sem fim...

Ainda ontem mesmo...
haviam histórias comuns mais bonitas
que a moça sonhadora me contava
e ríamos juntos na casa pequena
onde noites intermináveis eram feitas
quase sem luz só a do lampião...

Ainda ontem mesmo...
havia um quadriculado branco-e-azul
que excedia meu corpo e enchia a alma
sofrendo com as maldades mais inocentes
e os corredores outra tranquilos ora não
eram o próprio mundo com suas estradas...

Ainda ontem mesmo...
o seu amor me afogava minha mais bela
e eu não conhecia palavra alguma pra dizer
e eu não conhecia plano algum de poder voar
e aquele gosto bom nunca conheci
e Deus nem piedade teve de meus olhos...

Ainda ontem mesmo...
haviam tantos e mais rostos novos
e eles saíram andando sem rumo certo
e todas as coisas mudaram de tom
e o menos desejado foi que aconteceu
meu Deus! por que tudo é assim?...

Ainda ontem mesmo...
os meus índios faziam a dança da chuva
e os meus olhos tinham mais água que o rio
e no mar navegavam meus últimos sonhos
esqueci todas as minhas estatísticas vãs
e é o destino que agora dá as cartas...

Não Há Cor

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Não há mais cor nas calçadas
Nas paredes velhas e descascadas
Nem há cor num passado escondido
No pobre que não deveria ter nascido
Não há mais cor na desesperança
Na corrida inútil que só nos cansa
Nem nas piadas que se faz sem graça
Nem na tontura salvadora da cachaça
Não há mais cor na roupa que desbotou
Nos caminhos que nem sei por onde vou
Era apenas um carnaval que não ocorreu
Uma festa que ninguém foi e fui só eu
Não há mais cor na minha aquarela
Nas flechas de luz que vêm na janela
Nem em todo o esforço que ainda faço
E tudo se descolore em meio ao cansaço
Não há mais cor naqueles olhos bonitos
Nas esperanças que enganam os aflitos
Na canção de guerra que tentaram cantar
Nas nuvens serenas que enchiam o ar
Não há mais cor não há mais cor
Nem ainda é vermelho o meu amor...

domingo, 30 de outubro de 2016

Insaneana Brasileira Número 106 ou Ainda Gatos

Ratos e contos e paredes. Escolhi de todos nenhum jardim. E as forças coesas de toda coincidência universal acabou em conversa malfeita. Um adeus um tchau e um nada mais. Quem trouxe a bebida? Há menos risos do que se possa pensar. Eram fogueiras meu senhor apenas fogueiras com muitas folhas secas que vieram lá do quase alto. É cada uma! Cada fio branco daqui tem uma história e uma desculpa meio que esfarrapada. Contemos pelos dedos que restam e nada mais...
Nas varandas inúmeras telas quase que bem feitas. E uma profanação inocente de todos os dias. Eram apenas algumas faces e algumas palavras também. E eu quase não vi quase nada. E fui crucificado pelo menos três vezes ao dia em todos eles. Eu sou a lenda viva de que nada pode acontecer exatamente. Planos e cálculos foram para o lixo. E estatísticas foram profanadas como donzelas de gregas tragédias modernas. Batam palmas muitas delas e quebrem a ortografia feito espelho que não conseguiu fazer mágicas...
Anéis e sonhos e vamos adiante. Como sempre foi e nunca vai na verdade ser. Cada qual com seu cada qual. A verdade é apenas algumas moedas sobre o balcão. Paguem a felicidade de poder esquecer algo! Mostrem o divino malabarismo de iludir à si mesmo em toda a ocasião que aparecer. São os nós e somos nós ainda. Cada opinião feita sob areia e muita. Tudo cai. Tudo tem seu prazo de validade vencido. E o pior de tudo é que sabemos. Mas mentir para o espelho é o melhor esporte de todos. Pouco sei o que falar e minhas palavras tropeçam mais do que meus pobres pés. Quando penso são apenas algumas dores que não somem com remédios...
Tudo que vejo não deveria ver. Os homens são cruéis e a vida tão mesquinha! É melhor furar meus olhos e viver sem viver coisa alguma. E suprir as necessidades básicas do cumprir o tempo. Hoje se vive amanhã se morre. E mais um número será apagado e só haverá mais um quadro na parede. Mais um cigarro pra envenenar meus pulmões e mais um trago pra bater em meu fígado. É no escuro da noite em que ainda procuro abrigo. E no perigo certo que pode haver algum consolo. Os gatos andam e ainda escuto seus pequenos sons...

Ainda Domingos

Ainda domingos temos de ter
Mas num domingo nasceu a saudade
Num domingo chegou a maldade
Que nem quero ver...

Serão alguns frios sem nem evitar
Mas num domingo eu chorei
O meu destino eu nem sei
Mas só nem quero olhar...

Ainda domingos muitos virão
Mas isso não mais me importa
Num deles vi minha mãe morta
Naquele morreu meu coração...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Poema aos Temporais

Eu os amo... são sinceros...
Não são menos nem são mais...
E ao menino traziam alegrias
Muito mais que os carnavais...

Eram dias... todos passados...
Mas agora tanto fez tanto faz...
Estão guardados aqui mesmo
E agora se tornaram imortais...

Nada importa... olho o vento...
Faz nos chãos suas espirais...
Sacodem as velhas bandeiras
Penduradas nos varais...

Eu os amo... são sinceros...
Não são menos nem são mais...
E o menino traziam alegrias
Quando haviam meus quintais...

domingo, 23 de outubro de 2016

São Sons

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A lixeira já está cheia
O coração está vazio
Corre o sangue na veia
Mas o sangue já frio

Tal o sangue do morto
Que pode mais respirar
O olho que está torto
Já foi das cores do ar

Um som paralisado
Foi o que me sobrou
O quarto desarrumado
O destino que montou

E a fumaça ao léu
Não sabe onde vai
O anjo foi pro céu
De lá onde ele cai

Me atraso em tudo
Tempo vem correndo
Meu discurso é mudo
Enquanto vou morrendo

Um gritou que escutei
Ainda quase agorinha
De onde veio não sei
Mas culpa não é minha

Vamos todos vagando
Cantando aquela canção
Não estamos chorando
Mas tudo um dia foi bom...

sábado, 22 de outubro de 2016

Nem O Mar Eu Tenho Mais

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Nem o mar eu tenho mais
Essa ferida ainda não cicatrizou
Claudicam meus velhos pés
Em caminhos que ainda desconheço
Está tudo mais escuro em minha volta
E minha dúvida chega com o medo
Para uma eterna e incômoda companhia
As regras que eu mesmo estabeleci
Castigam-me de segundo em segundo
E o grito preso em minha garganta
Não me vale em mais nada
O vidro já se quebrou há muito tempo
Como foi aquela brincadeira ontem?
As fogueiras já estão todas apagadas
E um repouso de morte cobre tudo
Há um menino solitário que ainda anda
Mas a solidão machuca mais que tudo
Antigos desenhos e novas folhas somem
E mesmo assim nada mais posso fazer
As paredes que eram sólidas já caíram
E eu nunca mais escutei nenhuma novidade
Nas janelas a luz não entra mais
Tornando meu coração mais malvado ainda...

Nenhum Problema É Tão Pequeno Que Não Possa Te Foder

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Nenhum problema é tão pequeno que não possa te foder
Dê para ele o tempo necessário e você irá então ver

Aquela conta atrasada
Aquela foda mal dada
Uma simples goteira da pia
O voto dado por simpatia

Nenhum problema é tão pequeno que não possa te foder
Esqueça dele que ele irá aos poucos crescer

Aquela bala perdida
Aquela pequena ferida
Uma pequena dor de cabeça
Uma tontura que apareça

Nenhum problema é tão pequeno que não possa te foder
A sombra é mais escura do que se possa parecer

Aquele chefe safado
Aquele número errado
O melhor amigo que traiu
Nossa puta que o pariu

Nenhuma problema é tão pequeno que não possa te foder
Qualquer palavra mal falada poderá enfim ofender

Aquela arma na cintura
Aquela mal sem cura
Um novo brinquedo
Tudo vindo mais cedo

Nenhum problema é tão pequeno que não possa te foder
Dê para ele o tempo necessário e você irá então ver...

Nem Triste Nem Contente

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Eu quero apenas o sono
Que não se mostra frequente
Dispenso todo o abandono
Nem triste nem contente

Chegar tranquilo num bar
E pedir a minha aguardente
Quem sabe poder reamar
Nem triste nem contente

Sonho com mares bravios
Medo a alma não sente
Somente os dias mais frios
Nem triste nem contente

Foi um tempo lá no passado
Mexendo a cabeça da gente
E eu me acabo desesperado
Nem triste nem contente

E aquela festa noturna
Acabou afetando a mente
E sou uma fera na furna
Nem triste nem contente

Ando por terras e terras
Não podia ser diferente
Lutando em várias guerras
Nem triste nem contente

E aqui acaba o poema
E os versos seguem em frente
E eu vou vivendo o dilema
Nem triste nem contente...

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Estado de Sítio

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Eu vi situações desesperadoras
Que até o meu pau encolheu
O menino virou adolescente
E o adolescente envelheceu
Foram feitos muitos versos
Mas até o poeta já morreu
E haviam muitos reis por aí
Mas nenhum o povo escolheu
Eu ando na rua com o medo
Do dia que já escureceu
Até o nosso fogo já se apagou
Não há mais quem Prometeu
E muita mentira disfarçada
Que até verdade pareceu
E o camelô que vendia ilusões
O guarda Belo já prendeu
E a menina que sonhava alto
O babaca do baile fodeu
Vamos trocando os valores
Eu não me chamo Cirineu
E um pai de família roubando
Meu filho ainda não comeu
É um novo milagre por dia
Que meu anjo desconheceu
Estamos num estado de sítio
E afinal que rei sou eu?...

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Una Poética

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Eu não conheço todas as palavras
Nem tampouco todas as línguas do planeta
Talvez uma grande quantidade do meu idioma
E algumas esparsas de uns outros por aí
Mas o sentimento... muito e coloque muito nisso
Porque identifico dias tristes e dias felizes
Os tristes possuem a mesma cor de amarelo palha
São dias de chuvas bem frias e desencontros vazios
Os alegres algum menino encheu de cores fortes
E brincam na calçada rindo de qualquer coisa

Eu não possuo nenhum requinte necessário
Nem sequer sem me defender sem um outro ataque
Xingo nos momentos mais solenes possíveis
E não sei ficar quieto quando a noite está vindo
Desconheço os lutos por grandiosas tempestades
Porque os temporais são meus brinquedos favoritos
E aquele desejo do gosto de tua boca sobrevive
E viver é a mais preciosa e arriscada das tentativas
Mesmo quando sabemos que os homens são maus
E todas as causas possuem seu fundo de injustiça

Eu não sei fazer malabarismo com contagem de versos
Nem sei fazer milagres com preciosas figuras de linguagem
Uma grande e amável preguiça vem trazendo meu sono
Enquanto olho para cima desejando colchões de nuvens
E os lugares-comuns mais agradáveis e singelos possíveis
Mesmo quando errar pode ser o maior dos acertos
Eu apenas queria viver novamente nas antigas fotos
E ressuscitar meus mortos que foram mais queridos
Porque segui meu ciclo natural de todas as coisas
Apenas velho e desconhecido de muitos desconhecidos

Eu não conheço todas as palavras...

domingo, 9 de outubro de 2016

Meus Poemas

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Meus poemas são trapos rasgados
Que alguém jogou no lixo
Mas ainda assim mesmo são amados
Com um amor quase de bicho

Meus poemas são beijos não dados
Que ficaram sós na minha boca
São apenas alguns gritos calados
Numa força que foi pouca

Meus poemas são nuvens distantes
Caindo pesadas do meu céu
E os momentos mais angustiantes
Que ficaram por aí ao léu

Meus poemas são o vidro que quebrou
Não há mais o que se consertar
E por esse longo caminho então eu vou
Sem nunca mais poder parar...

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Não Há Tempo

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Não há tempo...
Quando o gás acaba
Quando a casa desaba
Quando a fome aperta
E a morte é quase certa...

Não há mais tempo pra ficarmos brincando
Sem saber da hora do até e a hora do quando!

Não há tempo...
Quando a chuva começa
Quando a perna tropeça
Quando se está duro
E não há mais futuro...

Não há mais tempo pra saber o que é
Se não temos moedas nem pro café!

Não há tempo...
Quando falta a resposta
Quando ninguém gosta
Quando se foi ultrapassado
E não há jeito de ter lado...

Não há mais tempo pra viver...

Todos Os Domingos São Tristes

Todos os meus domingos são tristes
Foi num deles que minha mãe foi embora...
Os domingos são o fim do fim de semana
E na segunda todas as guerras recomeçarão
Cada lobo querendo devorar seu outro lobo
Para poder participar da nova liquidação...

Todos os meus domingos são tristes
Foi num deles que eu andei na roda-gigante...
E ali acabei sabendo que nada eu sabia
E que todo o encanto das luzes da noite
Tanto podiam ser alegria como tristeza...

Todos os meus domingos são tristes
Foi num deles que eu me perdi no caminho
Onde as pedras eram somente as pedras
E elas nem falavam e muito menos ouviam
E como doíam as feridas dos meus pés...

Todos os meus domingos são tristes
Foi num deles que descobri o gosto de sal
Que existia em todas aquelas nuvens
Era mais uma vez o choro por não atingi-las
Porque as quedas trazem muito medo...

Todos os meus domingos são tristes
Foi num deles que minha mãe foi embora...

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Explicações Inexplicáveis


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a guerra
o  sacrifício da terra
a fome
o homem matando o homem
as crianças
lá se foram as esperanças
a moda
é tudo que incomoda
a sociedade
nunca teve piedade
e o capital
é o nosso maior mal
sem choro
não há mais decoro
há feiras
pra nossas boas maneiras
há velas 
pra todas as sequelas
o sniper atirou
e o alvo errado acertou
nós falamos
de coisas que só erramos
tiros dados
pra todos os lados
é a maneira
pra tanta besteira
o leão
já está na mão...

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

O Medo do Medo

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Tenha calma, 
Só existe o medo do medo,
Na nossa alma
Não há nenhum segredo...

O medo da solidão
É tão normal...
Além da extinção
Tem um Carnaval...

Se controle,
Só existe o medo do medo,
Que tudo engole
Como se fosse brinquedo...

O medo da exaustão
É tão igual...
Não havia escuridão
Nem bacurau...

Não corra,
Só existe o medo do medo,
Por mais que se morra
Nada é tão cedo...

O medo da assombração
É tão temporal...
Não há motivação
Pra se passar mal...

Tenha calma, 
Só existe o medo do medo,
Na nossa alma
Não há nenhum segredo...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Não Existem

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Não existem caminhos...
Apenas um itinerário em que andamos
Uma hora tropeçando e outra não
Mas que vai dar no mesmo...

Não existem amores...
Apenas um que vai e que volta
Numa tortura que não mata
Como se fosse um exímio carrasco...

Não existem medos...
Apenas a impressão que ele existe
Porque além da escuridão só há mais
E no final apenas uma sólida parede...

Não existem sonhos...
Apenas um suspiro que dói no peito
E nos faz cair de um bem alto
De nuvens mais gordas de algodão...

Não existem tristezas...
Apenas um choro sem quase propósito
Que passa mais rápido do que se espera
E no dia seguinte nem lembramos mais...

Não existem lutos...
Apenas o primeiro baque da queda
E a primeira dor do tiro que acerta
Até que a vítima seja afinal salva...

Não existem ilusões...
Apenas uma forçação de barra
Como quem quer adivinhar um futuro
Que na verdade nunca existirá...

Não existem muitas e muitas coisas...
Só a fome machucando por dentro dos homens...

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Exaustão

É escrita uma história mais triste
Enigma sem qualquer uma solução
Tudo que existe e o que não existe
Caminhando pra uma só direção

Estamos cansados somos cansados
Andamos com o carro na contramão
Existem muitos tiros pra todos lados
Mas não existe pra nós uma salvação

A treva vem e vem e é tão lentamente
Que não há mais nenhuma percepção
O sonho foi apenas sonho tão somente
E não podemos dele fazer realização

Estamos cansados somos cansados
Nada mais existe além duma decepção
E mesmo assim não ficamos parados
Até que venha a morte por exaustão...

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Enigma 6 Ou Em Outras Guerras

Em outros dias em que o sol era cinza
E o céu fechado por falta de uso
Os pássaros andavam à pé por opção
Águas em rostos que se diziam felizes
E um auto bem antigo em ruas de chuva
Com todos os tons possíveis de amarelo
Fatos são fatos queira ou não queira
Inevitáveis noites com canto de bacurau
E eu corria e era rindo com medo
Agora os espelhos estão estilhaçados
Mas insistimos em recolher caco por caco
Insistimos em gritar no coração das praças
Mesmo que os ouvintes sejam todos moucos
Mesmo que os versos não sejam entendidos
E a musa esteja com sono e esteja entediada
Nada é tão fácil - os sábios bem o sabem
E a felicidade é uma bomba quase explodindo
Eu abri meu peito aos quatro cantos do mundo
E não me arrependi de tal louco feito
Eu ri nos funerais e choquei as carpideiras
Eu repeti todas as palavras que achei bonitas
E acabei inventando o mais novo idioma
Um idioma sem palavras e com simples olhares
A ternura encheu minha alma e nada mais há
Todos morreremos um dia menos hoje
Ainda bem que nós somos de circo
Os soldados baixarão todas as suas armas
E terão medos bem outros medos
Porque lutam em outras guerras...

Enigma 7 ou Táticas de Guerra

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Muitas e muitas e muitas mais.
Estádio de sítio e leis marciais.
Revistas dos cidadães pelas ruas.
Apenas normas nuas e cruas.
Caras fechadas dos generais.
Existem anúncios de temporais.
Muitas armas são invisíveis.
Muitas dores são insensíveis.
Oi pra guerra e tchau pra paz.
Não dá pra fazer nem haicais.
Super Homem está aposentado.
É proibido olhar pra qualquer lado.
Agora os crimes são oficiais.
Agora os crimes são ondas no cais.
Vamos comemorar a nossa derrota.
O alheio sofrimento ninguém nota.
Acabaram-se as corridas espaciais.
Agora só queremos os especiais.
Tapem os olhos e fechem os ouvidos.
Muitos são os valores e são esquecidos.
Não temos mais problemas existenciais.
Esquecemos quem foram nossos pais.
É bom ser nada e também nada ser.
O que há de mais fácil na vida é morrer.
Muitas e muitas e muitas mais.
Oi pra guerra e tchau pra paz.
Apenas paisagens mais nuas e cruas.
E os meninos brincando pelas ruas...

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Enigma 5 ou Onde Está Mary?

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Onde está Mary?
Deve estar por aí andando galopando nuvens
Num encontro multicolorido de gravuras antigas
Lembrando sempre que só as fotografias são eternas

Onde está Mary?
Deve estar andando no meio da noite mais escura
Dando aquele riso gostoso que só ela sabe dar
Bailando com seus pés nus no meio dos pirilampos

Onde está Mary?
Está na cozinha fazendo suas poções mágicas
Porque encantos nascem pelas pontas dos dedos
Assim como brilham tantas pedras de tantos anéis

Onde está Mary?
Sangrando como em todos os outros meses idos
Exceto naqueles meses em que a graça estava vindo
Na forma de mais um triste pra esse pequeno mundo

Onde está Mary?
Dentro das claras águas ou contando histórias
Ou fazendo parte de muitas outras delas
Como as que se contam em volta de amigas fogueiras

Onde está Mary?
Talvez tenha saído sem querer avisar pra ninguém
Porque tinha mais outros planos em sua mente
E ser feliz é como caçar sem ter qualquer uma presa

Onde está Mary?
Está brincando com as palavras mais bonitas que achou
E fazendo mais de mil caras e mais de mil bocas
Num desfile interminável que nunca que sai da moda

Onde está Mary?
Está cantando pra que todos os tristes se alegrem
Está rezando pra que todos os deuses a escutem
Está mandando que todos soldados voltem pra suas casas

Onde está Mary?
Mary anda por aí como sempre andou...

Enigma 4 ou Macacos Coloridos É O Que Somos (Quase plágio)

Macacos coloridos é o que somos
Repetindo os mesmos rituais nos espelhos
Sexo e comida enchem as nossas agendas
E aquele velho medo de sermos diferentes...

Macacos coloridos é o que somos
Enchendo nossos pescoços de balangandãs
Pesando nossos peitos de injustas medalhas
Numa velha guerra sem heróis nem vilões...

Macacos coloridos é o que somos
Dançando em círculos como em filmes antigos
As fogueiras são politicamente corretas
E o velho fogo na verdade nunca existiu...

Macacos coloridos é o que somos
Olhando os projéteis que zunem pelos ares
As mesmas manchetes da alheia desgraça
E as velhas novas novidades que nos mentem...

Macacos coloridos é o que somos
Numa fuga interminável contra os dias
Olhando pro outro lado sem poder evitar
Rindo sem motivo e chorando sem doer...

Macacos coloridos é o que somos
Nossos dentes vão caindo aos poucos
As pernas fraquejam até não poder mais
E os espelhos vão sem espatifando sem motivos...

Macacos coloridos é o que somos
Um plano celeste que acabou dando errado
Uma maneira torta de ver o que é certo
Um mistério que todos sabem sem saber...

Macacos coloridos é o que somos...

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Enigma 3 ou Ecce Homo

Não sinto mais frio sob meus pés
Pior que o frio é a minha solidão
Foram-se os dedos ficaram os anéis
A felicidade é uma outra estação

Condenado por crime que não cometi
Agora estão vazias e frias minhas veias
E essa luz que afinal eu nunca vi
Iluminaram minhas flores mais feias

Vamos lutar numa luta mais inglória
Onde há de tudo, menos a nossa paz
No meio de toda essa chamada história
Não sou Cristo nem também Barrabás...

Enigma 2 ou O Dilema de Marc


Só mais alguns segundos pra bomba explodir
Por ali há caminhos que são os mais perigosos
Eu vou fazer de tudo pra que o teto não vá cair
Mas alguns frutos são bons e outros venenosos

Isto é conto da Carochinha! Bem que eu falei...
Eu sou o Cão e nunca que eu escondi isto...
Há muito tempo foi que eu até me comportei
Mas nunca que eu quis ser o mais novo Cristo

Histórias! São os mais disperdiçados diamantes
Por favor, vamos, parem com isso,me deixe delas
Vamos viver os mais límpidos dos instantes
Me abram logo todas as portas e todas janelas...

Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?
Eis uma história que nunca tem explicação
Até nosso canto está agora sem ter alguma voz
Morreu e morreu o que era nosso coração

Está a hora! Sirvam logo este nosso banquete
Nós marchamos e marchamos sempre avante
E as andorinhas vão cantando num falsete
Enquanto vai balando o nosso branco elefante

O cavalo de Troia precisa de muitos cuidados
Preciso de abrigo e preciso do seu carinho
Até meus fantasma novamente são assassinados
E eu vou andando por essa vereda de espinho

Só mais alguns segundos pra bomba festejar
Por ali há caminhos que são os apenas perigos
Eu vou fazer de tudo pra poder enfim me matar
Mas ainda existem mais de mil e um abrigos...

domingo, 21 de agosto de 2016

Enigma 1 ou A Guerra de Duk

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Use seda com ousadia
Qualquer noite é dia
Me desafia

Rosa é qualquer cor
Desliguem o motor
Não há mais amor

Salve salve simpatia
Mas quem diria
Tudo é monotonia

Seja onde for
Um delicioso torpor
À todo pleno vapor

Onde está Maria?
Choro de encher a pia
Minh'alma está vazia

Alô marciano alô
A sessão de cinema terminou
A história é que falhou

É qualquer uma boemia
A faca não mais afia
Na guerra não há parceria

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Caminhos Escuros

Caminhos escuros sem nem se encontrar. 
Eu perco os meus passos. Só posso chorar. 
E nisso tudo é que temos pra hoje. - viver. 
Viver como loucos. Viver como poucos. 
Sem versos e sem estrutura. 
É dia. Mas a vida está dura. 
Às vezes nem dói. E é uma doença sem cura. 
Queria me lembrar de esquecer. 
Dói ainda. Mas faz menos doer. 
Tudo passa. Tudo cessa.
Tudo é fumaça. Descumpriu-se a promessa.
E nisso versos voam sem sabermos da poesia.
Nossa! Quem diria...
Que até o medo pode se tornar alegria. 
Até o bem pode se tornar o mal. 
E o enterro um carnaval. 
Alegria geral! Alegria geral! 
Viva os fundos do meu quintal. 
Esqueçamos que existe um temporal.
Os gritos dela.
Acabam voando pela janela.
E sobem como torpedos.
Mas ainda continua o nosso medo.
Eu tenho medo. Medo você tem.
O medo não esquece ninguém.
Nada exato. Nada certo.
O nosso socorro. Não está tão perto.
Os termos exatos vão fugindo.
O meu amor era tão lindo...
Acabei me perdendo no nada.
Ainda bem que o nada é uma estrada.
Ainda bem que o vento está ventando.
E eu aqui vou delirando.
E eu até vou me conformando.
Não escute atrás das portas.
Podem haver conversas mortas.
Entre em fileira bem certinho.
Você é apenas mais um soldadinho.
Estas moscas acabam incomodando.
Quase tanto como o talvez e o até quando.
Estou cansado. Eu tenho fome.
E até já esqueci meu nome.
Isso tudo foi num tempo atrás.
Quando eu pensava que sabia mais...
Caminhos escuros sem nem se encontrar. 
Eu perco os meus passos. Só posso chorar...

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Um Poema

Eu tenho a chave do tamanho
Mas não tenho o que abrir
Eu sempre me sinto um estranho
Tanto daqui como Dali
Eu sou um estrangeiro visitando
A terra onde ele nasceu
Vou vivendo e vou respirando
É o meu coração que já morreu
Sou o pássaro que não viu o céu
Guerreiro que não sabe lutar
No meu silêncio fiz um escarcéu
Minha razão nada tem à declarar
Meus castelos caíram do nada
Não tem como salvar as paredes
E continuo por essa estradas
E os vermelhos ainda são verdes
O meu espírito foi vendido
Custou quase que um milhão
Dentro do quarto fiquei perdido
Lá fora agora é outra estação

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...