Não existem caminhos...
Apenas um itinerário em que andamos
Uma hora tropeçando e outra não
Mas que vai dar no mesmo...
Não existem amores...
Apenas um que vai e que volta
Numa tortura que não mata
Como se fosse um exímio carrasco...
Não existem medos...
Apenas a impressão que ele existe
Porque além da escuridão só há mais
E no final apenas uma sólida parede...
Não existem sonhos...
Apenas um suspiro que dói no peito
E nos faz cair de um bem alto
De nuvens mais gordas de algodão...
Não existem tristezas...
Apenas um choro sem quase propósito
Que passa mais rápido do que se espera
E no dia seguinte nem lembramos mais...
Não existem lutos...
Apenas o primeiro baque da queda
E a primeira dor do tiro que acerta
Até que a vítima seja afinal salva...
Não existem ilusões...
Apenas uma forçação de barra
Como quem quer adivinhar um futuro
Que na verdade nunca existirá...
Não existem muitas e muitas coisas...
Só a fome machucando por dentro dos homens...
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