Ainda ontem mesmo...
o menino que não sabia de nada
ria e ria mais e mais ainda
dos encantos que cada canto tinha
e a vida era uma sucessão de sustos
e de maravilhas sem fim...
Ainda ontem mesmo...
haviam histórias comuns mais bonitas
que a moça sonhadora me contava
e ríamos juntos na casa pequena
onde noites intermináveis eram feitas
quase sem luz só a do lampião...
Ainda ontem mesmo...
havia um quadriculado branco-e-azul
que excedia meu corpo e enchia a alma
sofrendo com as maldades mais inocentes
e os corredores outra tranquilos ora não
eram o próprio mundo com suas estradas...
Ainda ontem mesmo...
o seu amor me afogava minha mais bela
e eu não conhecia palavra alguma pra dizer
e eu não conhecia plano algum de poder voar
e aquele gosto bom nunca conheci
e Deus nem piedade teve de meus olhos...
Ainda ontem mesmo...
haviam tantos e mais rostos novos
e eles saíram andando sem rumo certo
e todas as coisas mudaram de tom
e o menos desejado foi que aconteceu
meu Deus! por que tudo é assim?...
Ainda ontem mesmo...
os meus índios faziam a dança da chuva
e os meus olhos tinham mais água que o rio
e no mar navegavam meus últimos sonhos
esqueci todas as minhas estatísticas vãs
e é o destino que agora dá as cartas...
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