domingo, 18 de maio de 2014

Insaneana Brasileira Número 29 - Lábios Mortos

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Alterem-se as medidas de tempo e espaço. Até a exaustão. Bem. É só isso que tenho a declarar my dear. E como costumar inventar inventemos. Novas regras indecifráveis que devem ser obedecidas à risca. Mesmo com puro desconhecimento de causa. São todas as poesias do mundo ditas de uma vez com seus discretos versos de insônia e mais inocente malícia. Rios e rios de pedras preciosas e febres terçãs e quartãs e quintãs por assim dizer. Eu fui e fechei as janelas. Não entre mais incômoda luz. Eu não quero me ver mais no espelho e nem me conhecer. Basta eu ser o estranho de mim mesmo bandoleiro invasor soldado estrangeiro e mercenário. Basta um sorriso apenas do vulto estranho que me persegue na noite com sua lâmina refletindo os suspiros de noturnos postes. É complicado. E por isso o mais simples entre os possíveis. Durma bem o seu sono de injusto. E a consciência que tome a cicuta que restou no copo de Sócrates. Eu me orgulho de ser o que sou - nada. E também dos meus choros sejam justificados pela minha própria dor. Eu espetei meus dedos na roseira. E o sangue que molhou o chão era o meu mesmo. Nada devo. Minhas contas estão em dia. E sou um cidadão mais do que comum. E comuns são meus irados devaneios feitos de muita febre e estranheza. Três vezes realmente perdi os sentidos. Dois por causa de esquálidos leões e outros por um cobertor de água e um céu claro. Minha vida é um livro aberto mas o idioma que está escrito é deveras indecifrável. Gritem em praça pública. Tudo está certo e nada tem realmente razão. A felicidade é o travesti mais belo da pista. Estudos apropriados o dizem. Num novo código escrito em radiações interestelares. Bom dia sem café não é bom dia. Quem quiser que o entenda. Meus lábios estão mortos de tanto falar. Mesmo que ainda mais o digam...

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