Eu nunca fui em Beirute
Não gosto de iogurte
Nunca vi tonton macoute
Eu virei escravo da moda
Eu virei escravo da roda
Sei que viver é foda
Eu quero amor de verdade
Eu quero a feliz cidade
Mas inda sou um covarde
Não acampei no deserto
Fiquei sem ninguém por perto
Minha vida um livro aberto
Nem terminei a corrida
Não pedi viver essa vida
Tudo passa sem despedida
Não tenho modos na mesa
Nunca tive festa surpresa
Na caçada fui a presa
Não gosto de gelatina
Não fico parado na esquina
Não senti a dor da morfina
Entra ano e sai ano
Não queria ser humano
Mas não há outro plano
Minha carne está fria
Minha mente sempre vazia
E eu ainda amo esta vadia
Eu já tive alguns anéis
Já cumpri alguns papéis
E fugi dos coronéis
Não curti esse natal
Não ganhei menos mal
Seco que nem bacalhau
Eu espero nos jornais
As mesmas notícias iguais
Que acabou não tem mais
Tudo falta nesta obra
Há muita picada de cobra
Tudo falta e nada sobra
Eu não gosto de coxinha
Nem de andar na linha
Já morreu minha madrinha
A felicidade é uma lenda
A tristeza às vezes é prenda
É o imposto de venda
Dez entre nove pessoas
Se dizem muito boas
E na hora pulam nas canoas
E vão parar em águas turvas
E vão olhas as novas curvas
Nossas carpideiras são viúvas
Nossos eventos marcados
Moedas de tantos lados
Sensacionalmente vendados
A justiça está injustiçada
Do banquete não sobrou nada
Até a Serra é Pelada
Até o desastre tem nome
Minha amada é um homem
O artigo do dia é fome
Um terremoto no Japão
Faz um índio perder a razão
Subtraio e não sei adição
Linda a feiura da hora
O dique perdeu a escora
O perfume foi embora
Foi embora o bom-senso
Não falo o que penso
O meu sono é imenso
Nunca venci um combate
Nem passeei de iate
Acabou-se meu chocolate
É um tiro bem na testa
Nem tudo que é bom presta
Mas vem logo o fim da festa
Vem logo o fim do tesão
Já cansei de tanto sermão
Estou sozinho na multidão
Estou gritando com o abismo
Todo desastre serve pro turismo
Nem tudo que eu teimo cismo
Esperas e esperas em espera
Flores órfãs de primavera
É mais real toda quimera
Eu não vi o galo cantando
Estou apenas me programando
Para a morte que está aguardando...
Não gosto de iogurte
Nunca vi tonton macoute
Eu virei escravo da moda
Eu virei escravo da roda
Sei que viver é foda
Eu quero amor de verdade
Eu quero a feliz cidade
Mas inda sou um covarde
Não acampei no deserto
Fiquei sem ninguém por perto
Minha vida um livro aberto
Nem terminei a corrida
Não pedi viver essa vida
Tudo passa sem despedida
Não tenho modos na mesa
Nunca tive festa surpresa
Na caçada fui a presa
Não gosto de gelatina
Não fico parado na esquina
Não senti a dor da morfina
Entra ano e sai ano
Não queria ser humano
Mas não há outro plano
Minha carne está fria
Minha mente sempre vazia
E eu ainda amo esta vadia
Eu já tive alguns anéis
Já cumpri alguns papéis
E fugi dos coronéis
Não curti esse natal
Não ganhei menos mal
Seco que nem bacalhau
Eu espero nos jornais
As mesmas notícias iguais
Que acabou não tem mais
Tudo falta nesta obra
Há muita picada de cobra
Tudo falta e nada sobra
Eu não gosto de coxinha
Nem de andar na linha
Já morreu minha madrinha
A felicidade é uma lenda
A tristeza às vezes é prenda
É o imposto de venda
Dez entre nove pessoas
Se dizem muito boas
E na hora pulam nas canoas
E vão parar em águas turvas
E vão olhas as novas curvas
Nossas carpideiras são viúvas
Nossos eventos marcados
Moedas de tantos lados
Sensacionalmente vendados
A justiça está injustiçada
Do banquete não sobrou nada
Até a Serra é Pelada
Até o desastre tem nome
Minha amada é um homem
O artigo do dia é fome
Um terremoto no Japão
Faz um índio perder a razão
Subtraio e não sei adição
Linda a feiura da hora
O dique perdeu a escora
O perfume foi embora
Foi embora o bom-senso
Não falo o que penso
O meu sono é imenso
Nunca venci um combate
Nem passeei de iate
Acabou-se meu chocolate
É um tiro bem na testa
Nem tudo que é bom presta
Mas vem logo o fim da festa
Vem logo o fim do tesão
Já cansei de tanto sermão
Estou sozinho na multidão
Estou gritando com o abismo
Todo desastre serve pro turismo
Nem tudo que eu teimo cismo
Esperas e esperas em espera
Flores órfãs de primavera
É mais real toda quimera
Eu não vi o galo cantando
Estou apenas me programando
Para a morte que está aguardando...
Linda poesia...parabéns!!!
ResponderExcluir