Feche a janela depressa!
Lá fora está ventando muito...
Você não pode imaginar
quanto medo isso me dá...
Além de papéis rasgados,
de folhas mais que mortas,
de poeira malvada,
me traz tantas recordações...
Recordações que eu não quero,
desastres que aconteceram,
sonhos abortados,
amores mais que ingratos...
Eu sei que o vento está fraco,
mas mais fraco do que ele
assim estou eu aqui sofrendo,
as dores que o frio me traz,
tem marcas que o tempo não leva
por serem pesadas demais...
Talvez a chuva venha junto
pra acabar de vez
com o meu pouco de alegria,
eu tão-pouco gosto delas,
o céu se encobrirá novamente,
é como um enterro antigo
de um tempo que tudo morreu...
Não posso sair com chuva,
aquele passeio não aconteceu,
o parque não funcionou hoje
e as ruas que gosto tanto
parecem que estão a chorar...
Estou triste, feche logo isso,
a tristeza é rápida feito a luz,
para mim basta o meu fim
que nunca acaba chegando...
O boêmio já está aposentado,
não tem mais forças
para poder se embebedar
e não se importar com mais nada...
Eu agora me importo com tudo,
o meu medo nunca esteve tão grande...
Eu ouço passos no corredor,
cismo que tudo muda de lugar
que nem num filme americano
e isso é muito e muito ruim...
Feche a janela rápido!
A casa pode não cair
mas é quase assim que parece,
talvez ele passe logo,
mas para mim tudo é tarde demais...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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