quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 46

Resultado de imagem para menino maltrapilho
a grande feira está preparada
para todos os dias
nela a mercadoria - somos nós...
não há como escapar desta sina
tudo vai ocorrer do jeito que é
não gritemos - não há piedade...
alguns abaixam a cabeça
outros se debatem forçosamente
mas sempre o resultado - é o mesmo...
o que nos faz escapar?
nossa sina já está marcada?
o perigo é que nos salva - são os sonhos...

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nem eu mesmo sei o que penso
há um carrossel em minha mente
nem eu mesmo sei onde vou
há um girassol em minha alma
tampouco sei o que eu quero
são tantos sonhos ao mesmo tempo
sou carnaval todos os dias
e sou uma tristeza que invade
o meu próprio país
nem eu mesmo sei o que penso
um eterno moinho faz as perguntas
nem eu mesmo sei onde vou
um catavento gira e gira sem parar...

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eu sou o mundo
não insista
sou todas as flechas
atiradas ou não
os desejos todos 
se reuniram
para me fazer
eu bem o sei

eu sou a esfinge
que não se responde
devorar é o de menos
pior é meu riso
as piadas que faço
não são engraçadas
elas apenas mostram
aquilo que não se quer

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silêncio 
nossos sonhos estão dormindo
silêncio 
acordarão mau-humorados
e aí
acabarão brigando conosco
e jurando que irão
embora
silêncio
há muito perigo lá fora
são as verdades 
que nos espreitam
cada rua nos atordoa
e não há mais
como nos socorrermos...

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eu rio de quase tudo
quase tudo me diverte
mesmo quando seja de mim...
depois de passados 
muitos e muitos anos
nos acostumamos com tudo
sobretudo o ridículo...
eu choro por quase tudo
quase tudo me entristece
eu sempre estive assim...
as velhas dores se tornam
velhas amigas até queridas
e as levamos conosco
como parte da bagagem...
nem rio e nem choro
nem choro e nem rio
mas ao mesmo tempo faço...
aqui e agora tudo acontece
mesmo o que não queremos
ou o que não sonhamos
ou o que não fazemos
mas é isso o que acontece...

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um cão sem dono
um vento sem rumo
dias e dias assim
um barco sem vela
uma onda sem mar
e a flor sem jardim
um mundo feroz
um destino triste
história com fim...

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mercadorias expostas em bizarras vitrines
mentiras espalhadas como folhas mortas
e todos andando sem rumo...
semblantes carregados de puro medo
apreensões mais do que rotineiras
com um prédio caindo aos poucos...
guerras dos mais variáveis níveis
esperanças levadas pelas correntezas
como velhos acordes desafinados...
velhos desesperançados nas praças
meninos dormindo pelas calçadas
e nem podemos esconder nossa vergonha...
versos só fazem sentido fazendo chorar
gritos só valem se nos acordar
mas nem tudo funciona desse jeito...

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