Olha que eu ando por todos os cantos
como um desesperado sem meta
Como saberei onde vou chegar
se não quero ir à lugar nenhum?
Por um instante esqueci as nuvens
e a poeira nos pés não me incomoda
Ainda me lembrarei qual meu nome
se ele está escondido entre muitos?
Estou surdo entre tantos carnavais
e mesmo assim danço feito um louco
As cortinas se fecharam e não notei
e ainda continuo assim representando?
Os espelhos estão todos em cacos
mas ainda assim continuam sendo
Faz tanto tempo e são tantas canções
e ainda teimo em não aprender?
Gostaria de viajar para as estrelas
mesmo sabendo que há total risco
Haverá alguma diferença básica
ou estamos todos apenas enganados?
A solidão é um carrasco pontual
que não deixa suas tarefas por fazer
Eu acabarei me acostumando ou não
de que todas as previsões falhem?
Nem que os leões fujam da jaula
eu acho graça em velhas piadas
Estarei sumindo bem aos poucos
e me tornando meras palavras?
Não há bares que eu não conheça
e as minhas alucinações são comuns
Os fantasmas me amedrontam
ou sou eu que os faço fugir de medo?
Um pequeno barco na tempestade
é talvez o que me restou da vida
Que importância tem isso agora
se tudo vai se consumindo aos poucos?...
(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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