Cegos sim, cegos de montão,
temos raciocínio, não temos razão...
Olhamos o que olhamos,
nada mais podemos ver,
em tudo nós acreditamos,
mas é impossível crer
Cegos sim, cegos de montão,
não temos espaço, mas sim a imensidão...
Ouvimos o que ouvimos,
mas nossa surdez é total,
para o fundo nós subimos,
é uma alegria geral
Cegos sim, cegos de montão,
tudo tem causa, não tem explicação...
Nosso olfato é deficiente,
a cada minuto ele nos trai,
nada nos é mais diferente
toda e qualquer casa cai
Cegos sim, cegos de montão,
não há como escapar do pelotão...
Tateamos sem perceber nada,
nada nos detém, nada importa,
no mês que vem vem a jornada,
a alma viva também é morta
Cegos sim, cegos de montão,
não há como escapar da putrefação...
A paixão vai longe demais,
o amor morre mesmo por aqui,
toda a hora se procura a paz,
mas se tem medo de cair
Cegos sim, cegos de montão,
temos raciocínio, não temos razão...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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