Quem matou dia?
Faça-me o favor de levantar a mão...
Quem soprou as nuvens para longe?
Agora me falta caderno para desenhar...
O encanto se dissipou
e os meus olhos pararam de sorrir...
Não posso nem gritar,
estou vivo por qualquer milagre desses...
Sei que pareço ser um ingrato,
mas essa ferida me dói e tanto...
Quem matou o dia?
Vá andando, nem ligue para isso,
meu desespero vem dobrando a esquina...
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Faça-me o favor de levantar a mão...
Quem soprou as nuvens para longe?
Agora me falta caderno para desenhar...
O encanto se dissipou
e os meus olhos pararam de sorrir...
Não posso nem gritar,
estou vivo por qualquer milagre desses...
Sei que pareço ser um ingrato,
mas essa ferida me dói e tanto...
Quem matou o dia?
Vá andando, nem ligue para isso,
meu desespero vem dobrando a esquina...
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Já cheguei no ponto extremo da linha
em que cego-me e surdo-me
para as coisas que não importam
Esqueço compromissos propositalmente
para aproveitar o tempo
em algo que tenha mais ternura
Não sei o que o destino me reserva
mas acabei aprendendo
que as alegrias e as tristezas são minhas
O medo é agora um bom companheiro
como qualquer um outro
que conheci pelo meu caminho
Admito todos os meus defeitos presentes
e tento dentro do possível
fazer algum bom uso dos mesmos
Meu grande vício é a vida
e hei de aproveita-lá
como um viciado até o último trago...
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a boca fechada
os olhos também
e a fácil solução
de nada ser
mesmo que seja
um esforço
mais que inútil
eu faço versos
num canto
e morro sem
ninguém ver...
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a vida é um poema
mal feito
e com erros gramaticais
onde mostramos
nossa mais completa
ignorância
à respeito
de qualquer coisa
a concordância falhou
e só queremos
o indesejável
declaramos
o inconfessável
pelas praças do mundo
e nem sabemos
o nosso rumo
nada vale a pena
ou quase nada
por falar nisso
a vida é um poema
mal feito
e a morte
um derradeiro
conserto
nos versos...
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De onde saíram estas palavras
há sonhos quietos em seus sepulcros...
De onde originou este sonho
jaz o meu amor mais que impossível...
Eu olho um céu sem nuvens
em que a luz me queima...
Não há mais flores para arrancar
e contar suas pétalas...
Mal-me-quer, mal-me-quer...
mal-me-quer, mal-me-quer...
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olhos gastos é o que temos
para enxergarmos mais um dia...
ouvidos cansados é o que temos
para as evidências sem sabor...
daqui dessa praça vejo o mundo
e mesmo assim meu coração
vai andando em outras terras...
tudo foi e é e será dessa forma...
azuis acabaram perdendo seu tom...
e mesmo que o sol insista em não vir
continuarei cantarolando
aquela mesma canção de sempre...
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matei a minha esperança
em versos tímidos
catei todos os pedaços
do meu espelho
não era assim que eu queria
mas alguém o quis
o destino brinca conosco
mesmo cansados
se pudesse retroceder no tempo
teria mais cuidado
para poder chorar bem menos
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